¤ Demônios Engravatados.
Com as mãos para trás Dante caminhava pelo corredor e tentava não levantar suspeitas para a câmera. Bateu o osso do seu dedo contra a madeira escura da porta; sem resposta, Dante comemorou. O soldado entrou na sala sem demora alguma, fechou a porta e correu para a gaveta da mesa do escritório. Na primeira não havia nada, na segunda muito menos, na terceira Dante teve mais sorte. Ali estava o que precisavam.
Dante solenizou e pegou um pequeno contra gotas de seu bolso. O soldado pegou uma pequena quantidade do veneno e devolveu o pequeno objeto para a gaveta. Dante deixou tudo como estava e foi até a porta, faltava centímetros para sua mão tocar a maçaneta quando ela foi aberta sozinha. Nicolás estava em sua frente o olhando sem entender.
— Dante? – Nicolás perguntou.
— Capitão – Dante o cumprimentou o homem.
— O que faz aqui?
Dante passou por ele saindo da sala.
— Nada demais, apenas vim vê-lo, mas como não estava aqui eu desisti – disse não demonstrando nada do seu nervosismo.
— Desculpe por isso, estava resolvendo alguns assuntos particulares – o homem já velho disse indo até a sua mesa.
Dante mostrou seu melhor sorriso.
— Imagino que ser capitão traz muitos compromissos, eu tenho que ir agora, não dá mais tempo para conversarmos. Volto aqui outro dia, tudo bem? – Dante falou querendo se livrar logo da situação.
— Tudo bem, bom trabalho Dante – Nicolás acenou para ele.
Dante saiu rapidamente sentindo seu coração a mil e a adrenalina tomar seu corpo por inteiro. Dante desceu as escadas tão rápido que parecia flutuar pelos degraus. David e Max esperavam por ele com a ansiedade presa aos rostos. Dante apenas sorriu indicando que estava tudo bem e que havia conseguido o que queriam.
David pegou o contra-gotas e saiu para o laboratório do Instituto, David sendo um aprendiz trazia muitos benefícios para os amigos, entre eles o acesso rápido na sala de pesquisa. Max se aproximou de Dante quando David já havia ido embora, seu cabelo estava em um coque na parte de cima e o resto caia solto até sua cintura; típico penteado de samurai. Não precisaram dizer nada para que ambos saíssem no rumo das escadas e fossem para um lugar mais afastado para não levantarem suspeitas óbvias.
— Foi tranquilo? — Max perguntou enquanto eles atravessavam o refeitório.
— Foi, mas o Nicolás quase entrou na sala.
Max riu um pouco colocando as mãos no bolso de sua jaqueta. Um aprendiz acenou para ele de longe e Max devolveu com um pequeno sorriso. Dante observou a saudade nos olhos de Max ao encarar a mesa onde todos os adolescentes estavam sentados conversando, ele podia ir até lá, mas não teria paciência para discutir com a nova líder deles. Parecia que a relação de Max com os alunos ia para algo a mais do que profissionalismo.
— Por que não vai até lá? — Dante perguntou.
— Não estou a fim de ver a cara da líder deles — ele revirou seus olhos verdes — Também não quero esquentar a cabeça por agora.
— Você pretende se reaproximar deles apenas quando conseguir seu posto de volta? — Dante perguntou como se aquilo fosse uma decisão estúpida. E era.
Max riu como se ele tivesse falado uma idiotice.
— Mas é claro que não, eu ainda converso com eles e dou conselhos, eu não vou deixar de ser líder deles mesmo que minha ficha fale o contrário.
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ØRIGINAIS
FantasySubmundanos criados para matar anjos, seres que não são o que todos pensam. Cada um tem seu poder, cada um tem sua missão, cada um por si. Onde não há espaço para paz, pode haver um espaço para o amor. Amor de um líder para um soldado. Aparência de...