Dante

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As vezes as pessoas podem te surpreender, Dante sabia muito bem disso. Max o surpreendia sempre, isso até já havia se tornado um costume para Dante, mas não era apenas ele que arrancava as reações de Dante e o encurralava contra a parede. Não mesmo.

Havia feito três meses que Dante estava trabalhando no Instituto de Los Angeles, três meses para ter se tornado muito amigo de David, Maximiliano e, consequentemente, Jonny. Amigos legais e misteriosos em muitos casos, como um grande exemplo: Max.

As pessoas demoram bastante para pegar confiança em alguém, Dante sabia muito bem disso, e se orgulhava secretamente por ter sido a primeira pessoa que Max confiava realmente. Um marco para sua vida.

Dante via também que a confiança chegava ao pico quando Max falava mais abertamente e o deixava chegar mais perto do que antes, mesmo que Dante ainda carregue um certo receio. Talvez Dante estivesse mais contente ao descobrir, por fim, que Max não era tão difícil como sua primeira impressão indicava. Ele era apenas um pássaro corrompido pelo tempo, impedido de voar pelas lembranças que o aprisiona.

Dante conhecia cada lugar daquela enorme mansão, mas sempre gostava de ficar perto do seu corredor onde ele poderia se encontrar com o David e irem para o refeitório conversar antes de alguma missão ser anunciada. Dante fazia isso no momento enquanto mexia no seu celular quase inativo. Guardiões não tem muito tempo para gastar com um objeto como esse.

— Bom dia, Dante — uma voz feminina falou perto do soldado, chamando sua atenção.

Dante abriu seu sorriso brilhante e simpático para a mulher.

— Bom dia, Yumi, como vai? — sua voz branda como sempre, soou educada.

— Vou muito bem — ela se aproximou com passos longos e calmos — Suas missões têm tirado muito de seu tempo?

Dante guardou o celular para dar total atenção a mulher japonesa. A moça tinha sua elegância e alguns traços que a deixavam com o aspecto mais sério, seu cabelo e maxilar era as principais característica disso.

Ela sorriu tímida e deixou uma mexa de cabelo atrás de sua orelha, movimentos leves como plumas voando alto pelo céu. A mulher cruzou os braços salientando seus seios e se aproximou mais do homem encostado na parede escura daquele corredor frio.

— Tem um pouco, aqui em Los Angeles os crimes celestiais parecem um pouco mais constantes — Dante escondeu sua mão no bolso da jaqueta e sorriu timidamente — Como tem ido o trabalho com os aprendizes?

— Tem ido perfeitamente bem, mesmo não indo muito com a cara do Max, devo admitir que ele fez um ótimo trabalho com aquelas crianças — Yumi retorceu levemente a expressão ao falar tal coisa.

Dante sem perceber sorriu mais um pouco e então molhos os lábios com a língua ao sentir a agitação que o beijo trocado com Max causou em si. Estava preso àquele passado pouco distante e não conseguia parar de pensar nisso, era como uma praga se espalhando por todo o seu ser, tomando a sua mente e modificando as sensações de seu corpo. Dante sentia que Max havia posto uma coleira invisível nele através de seus lábios.

— Eu tive uma pequena demonstração de como eles treinavam, não me admira que eles tenham evoluído com você, são adolescentes talentosos e sei que serão bons soldados futuramente — Dante disse com total gentileza.

— Tenho certeza de que não chegará aos seus pés — ela disse com a voz mais baixa e o olhar mais ferino do que antes. Dante tinha certeza de que aquilo não era apenas seus traços asiáticos.

— Obrigado — agradeceu a Dante.

— De nada... — ela se aproximou mais, sorrindo como uma amante se encontrando às escuras com seu parceiro — Eu não conheço muito bem a grande Los Angeles, a gente poderia... sei lá, sair juntos para você me mostrar os pontos principais daqui.

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