Maximiliano

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Tourcoing, Norte da França - 09:34 PM

Novamente estava ali, diante daquela porta branca. Havia um segurança atrás de seu corpo, guardando todos os seus passos, seu corpo estava coberto com seda e seu cabelo penteado.

Tinha que estar apresentável para o "Rei".

Uma vez por mês, durante a noite, Max se encontrava com o Rei, um homem misterioso que falava estranho, que gostava de sua humilhação, que beije seus pés e o trate como um ser estupendo e celestial.

Max tinha nojo dele.

Os beijos que deixava sobre o anel dele eram todos regados de desgosto e asco, uma vontade ensurdecedora de enfiar aquela pedra de rubi garganta adentro daquele homem, fazendo-o morrer com a sua própria ostentação.

— Meu príncipe — ele tocava seu queixo — Me chame de Rei.

Me chame de Rei.

Chame de Rei.

Rei.

~~~

— Max? — David o chamou para o mundo real.

O café estava próximo aos seus lábios, soltando o vapor quente contra seus olhos. Max não fazia ideia do porquê lembrar disso naquele momento, justo naquele momento.

— Oi? Desculpa, eu me distraí — Max respondeu — O que estavam falando mesmo?

— Fiz um pedido de entrada mundana no Instituto — Jonny falou — Meus pais estão vindo para cá.

— Isso não era como eu imaginava conhecer os meus sogros — David comentou com o rosto super preocupado.

Max suspirou e repousou a xícara sobre a mesa. O Instituto estava calmo, o novo capitão tinha feito algumas sutis mudanças, principalmente no uso da floresta ao redor da mansão onde ficavam. As pessoas pareciam sonolentas por causa do frio leve e menos comunicativas que nos últimos dias.

Parecia um lugar triste.

— E o que vai acontecer depois? — Dante perguntou — Eles irão voltar para a Índia? Vão querer permanecer aqui?

— Estamos de acordo com a volta deles para a Índia, então isso não é uma preocupação — Jonny incrementou — E... eles querem que eu vá com eles, chamam isso de "acordo de paz".

— Você vai voltar? — Max fez a pergunta que David não tinha a coragem de fazer.

Um silêncio. Max imediatamente olhou para o aprendiz e viu-o com o semblante desapontado, como se esperasse uma resposta positiva a qualquer momento.

Os guardiões que tinham vínculos com outros guardiões tinham o seguinte medo: a volta da vida normativa humana. E era claro, pela expressão de David, que era disso que ele tinha medo.

Qualquer oportunidade que poderia surgir para uma vida humana, era motivo de temor. Ninguém quer que o companheiro se torne um humano novamente, que esqueçam o que viveu ali dentro, dos poderes, das regras, da vida de guardião.

Se Jonny for embora para a Índia, terá que deixar a marca, as lembranças como guardião, se esquecerá de que um dia conheceu David, que o amou, que teve aprendizes e que foi amigo do futuro Capitão, esquecerá quem foi seu mestre e de toda a sua trajetória.

Ele esquecerá metade da vida que teve.

— Eu, sinceramente, não sei — Jonny respondeu e David suspirou, pronto para mostrar toda a sua tristeza.

~~~

Mais tarde, no quarto do Jonny, uma pequena discussão de casal começou.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora