ØRIGINAIS

Dante

¤ Droga do Demônio.

Não havia completado nem sete da manhã e Dante já segurava seu sorriso. David, sentado estava emburrado, seus braços cruzados e sua expressão fechada mostrava claramente que alguma coisa não havia saído como havia planejado. Ele parecia até mesmo o Max, porém uma forma mais infantil e relaxada.

— O que aconteceu dessa vez, David? — Dante perguntou em meio aos sorrisos.

— O Jonny... — resmungou cabisbaixo.

— O que esse homem fez? — Max perguntou com a voz mais grossa, possivelmente já se preparando para brigar com mais um líder.

David cruzou os braços sobre a mesa e deixou seu queixo sobre o antebraço, seus lábios formaram uma pequena saliência para enfatizar ainda mais seu desgosto com a sua situação atual. Dante estava começando a se preocupar.

— Ele... — desviou o olhar — Ele não me deixa passar rímel nele, aí ontem ele me expulsou do quarto porque eu tentar passar enquanto ele estava dormindo.

Dante relaxou os ombros, mais tranquilo. O soldado virou a cabeça para o flamejante ao seu lado e ambos se olharam com a expressão neutra deixando claro que suas preocupações haviam sido atoa. Max suspirou, já imaginava que David armaria algo do tipo.

— Eu já estava preparado para socar alguém — Max disse como um resmungo — Não julgo o Jonny, você é assustador quando quer testar alguma coisa. Isso me lembra bem quando você queria fazer cachos no meu cabelo com aquele treco estranho.

— Aquilo era um babyliss, e não minta, como eu posso ser assustador com essa cara de anjo? — ele piscou os olhos várias vezes para reforçar sua imagem celestial — É a sua beleza que ofusca a dos outros — acusou.

— Não exagera, David — disse Max.

Dante apenas ouvia a discussão e tirava suas próprias conclusões. A primeira era óbvia, David era o tipo de namorado carinhoso, mas que ficava de mal com o companheiro se ele fosse grosso ou lhe negasse algo. A segunda é que ele com certeza nutre uma amizade belíssima com Max, e isso era claro pela vontade de David ao modelar o cabelo de Max, ou pela forma que o ex-líder se preocupou imediatamente quando o David pareceu abalado por causa do namoro.

Irmãos de sangue diferente.

— Dante — David cantarolou o seu nome — Deixa eu passar rímel em você? Seus cílios são tão grandes...

David expressou seu semblante pedinte e então sorriu com os olhos fechados. Ele estava mesmo fazendo uma chantagem emocional daquela forma? Não era possível que ele saiba ser tão convencional assim.

— Se meus cílios já são grandes, por que que eu tenho que passar rímel? — Dante questionou como um grande sábio. David resmungou logo em seguida.

— Para ficar maior ainda — David disse como se fosse óbvio — Você sabe, não é? Quanto maior, melhor — por fim, sorriu maliciosamente.

— Céus, David — Max resmungou enquanto revirava os olhos — Cria logo um livro sobre todo o seu conhecimento sexual, é estranho quando você desconta isso na gente.

Dante acabou soltando uma risada leve enquanto via Max escondendo seu constrangimento. Ele ainda não estava apto para lidar com o assunto sexo em uma relação interpessoal, dava claros sinais disso, e Dante compreendia-o bem.

— Dante não liga — David respondeu como uma criança birrenta.

— Eu não disse isso — Dante se defendeu, Max e David olhando para ele como se competissem por sua resposta — Eu só acho um pouco engraçado e me dá vergonha às vezes.