Max tinhas as costas escorada na grade de proteção da varanda, silencioso e pensativo, como se ainda estivesse digerindo a última informação. O sentimento que mais dominava o corpo de Max, com toda a certeza, era a frustração, ele estava a um passo de falar para Dante que eles deveriam tentar ter alguma coisa, já que aparentemente sentiam atração e não era algo unilateral. Pararem de negar que realmente era aquilo queriam.
Apenas alguns segundos.
O líder percebeu que já haviam perdido muito tempo, havia perdido oportunidades — muitas mesmo. Eles poderiam ter se beijado quando foram no rio que Dante encontrou, poderiam ter se beijado quando Dante revelou que ficou desestabilizado com a roupa que Max usava, quando Max revelou que sentia atração pelo soldado, quanto lutaram sobre o tatame. Eles poderiam ter feito tantas coisas, mas ficaram presos em algum receio que o líder sabia ter sido ele mesmo a criar.
Péssimo, aquilo tudo era péssimo.
— Quando você vai? — Max perguntou, mirando apenas o chão de pedra.
— Talvez daqui há três dias, se acontecer alguma coisa, eu posso ter que ir antes — Dante falou com a voz baixa.
— Três dias? — Max sussurrou indignado para ele mesmo.
O som do refeitório era a única coisa que causava barulho em meio a eles dois, caso o contrário estaria tudo em silêncio, com um vento frio tentando alegrá-los. Aquela situação não poderia ficar pior do que já estava.
— Você pretendia me contar no dia em que fosse embora? — Max perguntou.
— Eu pretendia te contar antes, mas não tinha coragem.
Max respirou fundo e caminhou até a porta do refeitório, fechando-a para ter mais privacidade. Dante ficou parado no mesmo lugar, tentando encontrar em Max algum sinal de irritação, mas não havia nada. O flamejante parecia extremamente calmo.
— Eu iria te falar que estava tudo bem — Max começou.
— Tudo bem?
— É, que talvez pudéssemos tentar algo a mais do que apenas amizade e companheirismo — Max voltou a ficar ao lado de Dante — Mas agora você vai embora, e isso parece uma ironia do destino.
Dante olhava atentamente para o líder, pasmo com o que ele acabou de dizer. Esperaram realmente cinco meses para acabar assim? Que ridículo. Max passou a mão na franja, jogando a para o lado contrário à ventania, depois disso olhou para o Dante.
— Nós perdemos tempo — Dante falou com a voz baixa.
— É, nós perdemos — Max confirmou — Devemos fazer uma despedida, talvez duas, uma com o David e o Jonny e outra apenas nós dois.
— Certo.
Max umedeceu os lábios e virou o rosto novamente, estava extremamente frustrado e quase não conseguia disfarçar. Agora Dante iria embora, o Instituto provavelmente iria empurrar outro parceiro para Max, um parceiro que não chegaria aos pés do Dante e toda a sua personalidade calma e alegre, e com toda a certeza não iria confiar em mais ninguém como confia em Dante. Estava perdendo alguém mais especial do que imaginava.
— Agora eu terei que convencer o Instituto para que eles não me obriguem a ter outro parceiro — Max comentou, soltando um discreto sorriso.
— É tão ruim ter um parceiro? — Dante sorriu ao perguntar.
— Até que não — Max falou — Mas terá que ser idêntico a você.
— Idêntico a mim? Por quê?
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ØRIGINAIS
FantasySubmundanos criados para matar anjos, seres que não são o que todos pensam. Cada um tem seu poder, cada um tem sua missão, cada um por si. Onde não há espaço para paz, pode haver um espaço para o amor. Amor de um líder para um soldado. Aparência de...