Dante

186 34 30
                                    

— Nós vamos entrar e conversar como as pessoas civilizadas que nós somos, entendido? — Dante falou para Max ao seu lado.

O ex-líder olhou para ele com a sobrancelha levantada, como se dissesse que ele não iria fazer algo parecido com ter paciência, Max bateu mais uma vez na porta, estavam sendo ignorados a mais de vinte minutos, porém Max não desistia e tentava a todo custo não se irritar com a pessoa escondida dentro da casa. Max cruzou os braços e olhou para a porta com uma expressão fechada, parecia uma criança após ter o doce favorito roubado, entretanto era uma criança que carregava um arsenal de armas contra o corpo.

— Eu consigo sentir a vitalidade dela dentro do quarto, que estúpida! Por que não vem logo aqui? — Max perguntou, o rosto ainda descontente com o que acontecia.

— Talvez ela saiba quem somos e está nos ignorando completamente? Eu não julgo, faria a mesma coisa — disse Dante.

Max resmungou e se afastou apenas dois passos. Ele pegou força com o pé e simplesmente chutou a porta, arrombando-a facilmente. Dante suspirou, sabia que mais cedo ou mais tarde Max perderia a paciência e faria algo do tipo, não devia nem ter pensado em algo dessemelhante a isso. Max entrou no apartamento, Dante foi logo atrás fechando a porta quebrada, mesmo que ela não fosse fechar por esse justo motivo. Sentiu um pouco de dó, não iria negar.

— Que merda de cafofo é esse? — Max perguntou olhando ao redor.

O lugar estava podre, fedia a mofo e a cigarro de maconha, as janelas estavam fechadas e o ambiente estava fervendo pelo calor. Dante olhou envolta fazendo careta, nunca gostou de ambientes sujos, e aquele lugar só lhe despertava a agonia. Havia caixas de pizza sobre a mesa, uma para segunda, outra para a terça, depois outra para a quarta e assim por diante.

Várias marcas de bebidas estavam espalhadas, muitas eram de Coca-Cola, outras eram de Sprite. A louça na pia formava torres de pratos, a geladeira parecia enferrujada. Havia um gato deitado em cima da mesa, pelagem cinza que deixava seus resíduos em todos os cantos da casa.

O branco tapete da sala estava encardido com molhos e sapato sujo, alguns CDs estavam espalhados pelo chão, o sofá também estava sujo, o cinza claro dele estava escuro por tanta sujeira.

Dante já estava com nervoso de ficar ali. Ele deu um passo adiante, mas levou um pequeno escorregão quando pisou em uma camisinha usada. Quis vomitar quando algumas gotas de sêmen sujaram a sua bota.

— Pelo Criador, que nojo — disse Dante.

— Quando voltarmos para o Instituto, deveríamos tomar um banho — disse Max, ele tinha uma expressão mais desgostosa do que a do Dante.

— Isso me pareceu um convite — Dante afirmou enquanto olhava para um pão podre em cima da mesa.

Max não respondeu, apenas seguiu até o meio da sala e olhou para a pessoa caída atrás do sofá. Era uma mulher totalmente bagunçada com uma garrafa de Whisky presa entre os braços. Max revirou os olhos e foi até a pia da cozinha, Dante o viu derrapar em uma poça de café, mas não caiu, apenas xingou levemente o universo pelo ocorrido.

Ele pegou uma bacia grande dentro do armário de alumínio enferrujado que havia na parede, Dante sorriu quando ele teve que dar dois pequenos pulos para alcançar uma tupperwere azul. Ele encheu de água da pia que com certeza carregava radiação ou algum tipo de leptospirose com morte instantânea, sem sombra de dúvidas, depois pegou a bacia e foi até a mulher, por conseguinte simplesmente virou os dois litros de água coletada sobre ela.

Max mostrava sua crueldade sempre que pode. Era cruel acordar uma mulher bêbada daquela forma.

— Mas que porra é essa?! — a mulher exclamou enquanto tentava se habituar com a luz do dia.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora