Maximiliano

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Max resmungou e se mexeu, parando ao sentir uma pequena dor no quadril. Algo deslizava de cima a baixo por seu ombro. Um carinho, Max reconheceu depois de alguns segundos. Havia carinhos também em seu cabelo, às vezes no seu rosto e pescoço. Era Dante, Max sorriu ao notar isso.

Uma coxa voou para cima de Dante, laceando melhor aquele abraço. Ele estava nu, Max percebeu após tocar sem querer o pênis do namorado com a coxa. Ele teve que acordar após isso. Dante estava lhe encarando com preguiça, respirando tranquilamente. 

— Está pensando no que?

— No Nicolás — Dante soltou o ar lentamente enquanto ajeitava a cabeça de Max contra o seu ombro forte — Ele aparecia meia-noite em ponto toda a vez, tudo para ser o primeiro a me dar feliz aniversário. Foi estranho quanto ele não apareceu.

Max brincou com o queixo de Dante, pensando no que iria falar.

— Você sente falta dele, não é?

A conexão de olhares durou longos segundos, e então Dante negou com a cabeça, balançando levemente os cachos bagunçados. Max deixou um beijo sobre o ombro dele, passando a mensagem de que queria sinceridade, que estaria ali para ouvi-lo.

— Eu não sinto. Na marinha, nós trabalhamos uma técnica de desapego, queremos que a alma dos nossos amigos passem tranquilas no Éden. Há muitas mortes na marinha guardiã, não queremos que o luto leve mais vidas pela distração e tristeza.

— Você não está mais na marinha, Dante. Não acha que essa forma de tentar esquecer poder estar relacionada a sua falta de coragem para enfrentar a tristeza?

— Minha falta de coragem de enfrentar a tristeza? 

Max olhou bem para os olhos castanhos antes de responder:

— Você vive sempre sorrindo, parece até que com o tempo seu rosto se acostumou a estar assim, alegre, passando essa sensação, pelo menos. Seu sorriso é a sua principal arma, não é?

— Consideravelmente. As emoções podem ser mais forte que o sorriso.

Max suspirou e então se apoiou com o cotovelo, levantando o corpo até que estivesse com o rosto na altura do rosto de Dante. A troca de olhares durou um bom tempo.

— Você está se sentindo mal?

— Não, claro que não. Estou apenas com saudades. Há momentos que eu não posso negar o que eu sinto depois da morte dele, tipo quando eu estava no escritório e achei o vínculo dos computadores de Nicolás e Richard. Eu fui lá para matar a saudade e descobri que aquele maníaco implantou uma câmera no seu quarto.

— Nossa, ainda tem isso. Você acabou tanto comigo que eu acabei esquecendo os problemas — Max jogou a franja para trás — Espero que essa saudade não lhe deixe mal, não quero que o seu escudo de sorriso acabe tão cedo. Ele é bonito, apesar de perigoso.

Max olhou para o rosto de Dante e viu um sorriso malicioso adornando sua face. Ele parecia feliz por alguma coisa, satisfeito. Max achou imediatamente estranho o fato de ele ter ignorado tudo o que disse e estivesse lhe encarando daquela maneira. O que deu nele?

— O que foi?

— Você disse que eu acabei com você?

— Eu disse? Não lembro o momento.

— "Você me destruiu tanto e maravilhosamente bem que eu acabei esquecendo os problemas". Algo assim.

Max riu com deboche.

— Não foi assim que eu disse.

Depois de milésimos, Max notou a besteira que falou. Dante abriu um largo sorriso, começando a tripudiar em cima daquela afirmação, pedindo para que confessasse suas palavras, admitisse que teve a melhor noite da sua vida e que ela seria insubstituível.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora