Extra: Jovid.

89 16 86
                                    

David abriu os olhos com a expressão fechada, no relógio sobre a mesinha-de-cabeceira marcava três da manhã. Quem poderia estar batendo na sua porta aquele momento? Ele não fazia ideia. Seu corpo reagiu mal com a necessidade de sair da comodidade da cama, como alguém tinha a astúcia de incomodar outra pessoa em seu apartamento em uma hora dessas? Fala sério. 

David se espreguiçou mais uma vez e levantou ouvindo sua campainha tocar pela terceira vez, aquilo já estava lhe tirando a paciência. Seus pés calçaram a pantufa que lhe esperava na beirada da cama e suas mãos foram logo coçar os olhos para afastar o sono. David bocejou e saiu do quarto, seus pés arrastavam no chão pela falta de vontade de caminhar normalmente, quem quer que seja, teria que esperar para ser atendido. 

A arma em cima da mesa de centro foi pega por David, nunca deixava de ser suspeito alguém aparecer assim na sua porta àquela hora, então era melhor prevenir do que remediar. David chegou perto da porta e ficou na ponta do pé para olhar no olho mágico. A única coisa que conseguiu ver foi uma rosa junto a uma margarida. Estranhou no mesmo segundo.

David apertou mais a arma e abriu a porta com a chave que estava presa na parede, no porta-chaves com formato de um salto-alto rosa. David escancarou a porta e analisou a pessoa parada na entrada, o buquê estendido em sua direção estava bastante perfumado e tinha uma bela aparência. David riu levemente quando o homem abaixou o buquê e revelou-se sendo o Jonny.

É muita cara de pau mesmo; David pensou revirando os olhos.

— Três da manhã, Makintosh — David disse ainda segurando a porta e a arma atrás do corpo.

— Eu ainda não vou desistir do nosso namoro, David — Jonny entregou as flores para o floricultor, vendo-o pegar com uma mão só.

— Deveria, eu já disse — David insistiu. 

— Você entendeu tudo errado.

— Onde ver você enfiando a língua na garganta daquela mundana é entender tudo errado? — David fechou a expressão.

— Você não deveria ter chegado naquele momento.

David fez um som com a garganta, ofendido.

— Deveria ter chegado mais tarde? Quando você estivesse enfiando seu pau nela? — David perguntou revoltado.

— Não... Olha... — Jonny respirou fundo, havia esquecido que estava lidando com a pessoa mais complicada do mundo — Vamos conversar com calma? Por favor. Algum vizinho seu pode acordar a qualquer momento. 

— Conversar... — David pensou — Tudo bem, vamos conversar como duas pessoas civilizadas. Entra.

David deu espaço para Jonny entrar no apartamento que havia acabado de comprar, não fazia nem cinco meses. Jonny entrou e viu a pistola na mão de David, assustando-o levemente. 

O floricultor foi até a cozinha e começou a procurar uma jarra para pôr as flores, não era porque estava com raiva do Jonny que deixaria as rosas morrerem, ele as amava demais para fazer algo desse tipo. 

David encheu uma jarra que água e colocou as flores nela, bem em cima do balcão da cozinha americana. Jonny tinha os olhos em seu corpo, seguindo cada um de seus passos como se precisasse saber que ele não fugiria de seu encalço. David tentava não se estressar com isso.

— Sobre o que quer conversar? — David perguntou tirando a embalagem de plástico que envolvia as flores.

— Eu quero te explicar o que aconteceu naquele dia — Jonny falou e David fez um som com a garganta, como se mostrasse que aquele assunto lhe interessava, mas de modo que o deixava com raiva — As coisas não deveriam ter acabado assim. 

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora