Dante

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¤ Anjo do hospital.

Dante saiu do seu quarto ajeitando sua pulseira de couro preta que havia comprado em uma missão em Ibiza. Achava incrivelmente estiloso os dois pingentes prateados, um de âncora e outro de leme, combinava muito com sua camisa preta e sua calça também, a moda do rasgo no joelho estando apenas na perna direita.

Por incrível que pareça, aquela era uma das suas peças mais simples.

Dante sentiu o seu próprio perfume com cheiro atrativo e fechou a porta do quarto, decidindo ali que estava pronto para começar mais um dia. Pelo horário que acordou, sabia que não tinha como esperar por David pois ele já estaria no refeitório. O floricultor tinha o ótimo hábito de ser extremamente pontual.

Dante desceu as escadas em direção ao seu café da manhã e chegou ao fim das escadas passando a mão em sua barba que havia sido aparada por uma pequena tesoura. Os fios grossos e sedosos não passavam de um centímetro pelo simples fato de o soldado ter agonia de muitos pelos em seu rosto.

Chegou no final da escada e se surpreendeu quando olhou para a mesa.

David dava um beijo lento e incrivelmente sensual em Jonny, o que fez com que Dante imediatamente sentisse um calor forte em sua bochecha, eles estavam sentados na típica mesa em que usavam, não tinha como não ver ou fingir que não viu. Dante não estava acostumado com demonstração de afeto, definitivamente.

Era um beijo onde as línguas podiam ser vistas entrando uma na boca do outro como serpentes em busca de uma presa, onde precisavam ser sorrateiras e silenciosas. Não duvidava muito que estalos estivessem soando ali naquela confusão toda. Sentiu uma leve esperança de que o beijo se findasse quando David puxou o lábio inferior de Jonny entre os dentes, mas murchou assim que viu que eles continuariam com a troca de afeto.

Dante fez uma leve careta de nojo, apesar de saber que era bom todo aquele contato íntimo, achava levemente repugnante quando via outras pessoas fazendo.

— Tio Dante! — Tiana correu em sua direção com os braços estendidos, deixando claro que queria ser abraçada. Dante se distraiu em segundos.

Dante sorriu e se abaixou levemente para pegá-la no colo. A menina sorriu com sua janelinha que quase estava por fechar e se deixou ser levantada com facilidade por seu tio. Suas pernas eram tão curtas que ao menos conseguiam prendê-la contra o tronco do soldado, garantindo que não cairia, no entanto confiava no potencial dos músculos de seu tio para ficar segura.

— Como estão as aulas com Bryan? — Dante perguntou.

— O tio Bryan é legal, e ele disse que a minha marca já-já vai aparecer — ela sorriu animada, era com certeza uma marca da sua família ficar sorrindo.

— Isso significa que você é uma menininha muito esperta — Dante apertou o nariz dela com os dedos.

— Cadê o tio Max? — ela perguntou olhando para os lados, procurando o ruivo.

— Ei! Eu estou começando a achar que você gosta mais do Max do que de mim! — Dante fingiu indignação.

Tiana sorriu como um consolo e abraçou o seu pescoço, apertando a própria bochecha contra a sua. Dante se impulsionou para cima, ajeitando Tiana em seu colo. Era bom ter em seus braços um pedaço de sua família, segura e intacta. Um lar em formato de criança com seis anos e meio.

— Eu gosto de você, tio Dante, não se preocupa, mas vale lembrar que eu também gosto do tio Max — Tiana disse baixo, como um segredo protegido pelo FBI — Sabe como o senhor poderia facilitar para mim? — Dante negou com a cabeça, relaxado por não esperar uma resposta complexa vindo da menina — Você poderia namorar com o tio Max, aí eu juntaria a duas formas de gostar de vocês e ficaria um gostar grandão.

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