Maximiliano

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Max conversava normalmente com David, ambos sentados sozinhos na mesa do refeitório. Max tomava seu café como de praxe, entretanto resolveu pegar torradas e geleia de framboesa. Experimentar coisas diferentes nessa sua "nova fase" de vida não incluía apenas se aproximar de Dante, mas também novas roupas e comidas.

Estava usando uma camisa vermelha escura, para começar. Social e com pequenos pontinhos pretos quase imperceptível. A parte da frente estava dentro da calça, frouxo para não marcar sua barriga, e a parte de trás solta para tampar seu traseiro, já que não gostava de jeito algum deixar essa área a mostra.

David elogiava o grande pedaço de bolo de chocolate que comia, dizia que estava na temperatura ideal — no caso, gelado por ter saído há pouco da geladeira —, gostava da consistência da calda, a maciez do bolo e tudo que ele podia elogiar. Parecia uma criança se lambuzando, desesperado por deixar um vestígio da comida no prato.

Ele tomava tudo com leite e achocolatado. Realmente, uma pequena e feliz criança.

Max sorriu e tomou um pequeno gole do seu café amargo.

— Então... — David sorriu maliciosamente para Max, os lábios sujos de chocolate — Como anda o plano "entrega ao Dante"?

— Esse nome... me parece muito estranho e pejorativo — Max disse e então suspirou, mordendo um pedaço da torrada logo depois — Ele beijou um anjo ontem.

Como o esperado, David praticamente gritou, alarmado e adorando a nova informação.

— Ele tipo... foi beijão-beijão ou só beijo? — David perguntou.

— Não sei, eu não vi, mas pelo estado que ele ficou, com certeza foi beijão — Max falou, fechando a expressão inconscientemente.

David arrumou a coluna, olhando para Max de uma forma diferente. Um sorriso de abriu lento em seu rosto, chamando a atenção de Max.

Quando David sorria assim, não vinha coisa boa, Max sabia disso muito bem.

— Que expressão é essa? Você não gostou do Dante beijando outra pessoa? — David perguntou segurando o sorriso.

— Como anda o namoro com o Jonny?

— Não muda de assunto — David apontou o dedo para Max — Nós fodemos no banheiro do shopping, certo?

— Não precisava da última afirmação, mas tudo bem — Max suspirou — O anjo me lembrava você, apesar dos pesares, eu quero que ele fique bem depois de enfrentar o Gladio.

— Isso não responde a minha pergunta.

— Eu não tenho motivos para me sentir mal, ele pode fazer o que quiser, não me deve nada — Max falou.

— Olha só! Temos alguém que repetiu uma mantra durante a noite toda — David foi irônico — Corta essa, Max, é lógico que você está com ciúmes, está quase palpável pela sua expressão.

Max revirou os olhos e bebeu mais um gole do café, usando dos poucos segundos para pensar em uma resposta coerente.

— Eu não estou com ciúmes, okay? — Max falou sério — Eu não tenho motivos para ter ciúmes.

Foi a única coisa que conseguiu pensar, já que qualquer outra coisa que dissesse soaria como um claro "é lógico que eu estou com ciúmes". Apesar de tudo, Max ainda acreditava que não havia motivos, já que em sua cabeça era óbvio que não tinha nada para lhe incomodar em toda aquela situação.

Ele não tinha nada com Dante mesmo.

— Por que você acha que tem que ter uma explicação? — David revirou os olhos — A coisa mais lógica é porque você simplesmente gosta do Dante. Veja como é simples.

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