Eram exatamente uma da manhã e Dante não havia conseguido dormir. Era o seu aniversário também, mas depois de tudo o que aconteceu, tinha até esquecido da importância dele. Max não havia voltado, e Dante resolveu dar-lhe um espaço para pensar e se acalmar. Ficou no quarto ouvindo música até que algo lhe viesse à mente para fazer.
Deitado na cama, Dante escuta toques leves na porta.
Do outro lado da porta, Dante encontra Max completamente perfeito, como se nunca houvesse enfrentado nenhum problema. Despreocupado.
— Que música é essa? — Max fez uma expressão confusa.
— Ah — Dante sorriu, se inclinando para o lado, desligando a caixa de som, a letra deve ter assustado Max — "Amiga da minha mulher", do Seu Jorge, um clássico lá no Brasil. Eu... estava ouvindo músicas antigas para passar o tempo.
Max sorriu e segurou a camisa do Dante, pedindo sem usar palavras para que ele se abaixasse e lhe desse um beijo. Apenas um selinho de cumprimento.
— Você pode vir comigo? É o seu aniversário.
— Claro que posso.
Havia uma certa expectativa alta levada ao caminho que seguiam, uma mera lembrança da primeira noite em que passaram juntos. No meio da madrugada, Max surgindo em seu quarto, uma beleza misteriosa, uma proposta. Coincidências primordiais que levavam Dante a imaginar o que estava para vir.
Eles chegaram à praia, entretanto.
Dante conseguiu visualizar um pano sobre o chão e os amigos sentados ali, acenando para ele de longe, Tiana corria animada pela praia, mas parou e passou a correr em direção ao tio, estendendo os braços para um abraço. Sorrindo por pura felicidade, Dante pegou-a no colo facilmente.
Aquele momento estava tão bonito.
— Nossa — Dante sussurrou assim que chegou até os amigos — Isso tudo é para mim?
— Claro, é o seu aniversário — David sorriu e se levantou, pulando em Dante para dar-lhe um abraço — Parabéns!
Jonny também veio lhe parabenizar, batendo um nas costas do outro de forma muito máscula para aquele momento. Dante tinha um sorriso tão longínquo que poderia doer suas bochechas. Seu primeiro aniversário em Los Angeles, seu primeiro aniversário namorando com Max, seu primeiro aniversário sem Nicolás. Havia muitos primeiros naquele dia, mas nada que lhe tirasse a animação.
— Ah, mentira — Dante sibilou assim que observou melhor a toalha sobre a areia — Onde conseguiram tudo isso?
Dante se referia aos deliciosos doces e salgados que havia sobre a toalha, a maioria com descendência brasileira. Dante conseguiu identificar a coxinha, o brigadeiro, o guaraná, a chipa e o pão de queijo, além da sopa-paraguaia e acarajé. Aquilo era uma obra-prima para Dante e seus olhos.
— Um pouquinho de pesquisa e conseguimos encontrar uma loja muito boa — David falou com um pouco de mistério na voz — E a Tiana ajudou muito, ela sabe mais da cultura brasileira do que o Google.
E para mostrar uma imagem inteligente, Tiana balançou seus lindos cachos, jogando-os para trás. Dante amassou a bochecha dela com os lábios, orgulhoso e fascinado com toda a sabedoria da pequenina criança que tinha como sobrinha.
— Isso é pudim? — Dante perguntou com um potinho na mão, recheado com o doce que se assemelhava muito a um pudim.
— A moça disse que sim, mas eu não sei. Não se parece com o da foto — Jonny respondeu.
— Mas o gosto é de pudim — Tiana acrescentou.
Depois disso a experimentação realmente começou. Eles riam muito de piadas, conversas jogadas fora, vinho rolando em taças que Dante ao menos havia reparado, as feições curiosas dos amigos quando comiam algo que não conheciam — a maioria —, histórias sendo contadas, relatos assustadores, perguntas interessantes vindo de Tiana.
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ØRIGINAIS
FantasySubmundanos criados para matar anjos, seres que não são o que todos pensam. Cada um tem seu poder, cada um tem sua missão, cada um por si. Onde não há espaço para paz, pode haver um espaço para o amor. Amor de um líder para um soldado. Aparência de...