Maximiliano

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O livro Originais estava em suas mãos enquanto caminhava pelo corredor dos quartos infantis, procurando Dante. O namorado havia falado que passaria a manhã com Tiana, entretanto Max não podia esperar, queria comunicá-lo sobre a sua nova descoberta.

Max tocou na porta do quarto de Tiana, esperando ouvir alguma coisa para entrar. Max levantou uma das sobrancelhas ao ouvir sussurros desesperados, e então a porta se abrindo.

— Oi, tio Max — ela riu nervosa — Como o senhor está? Quer entrar?

— Eu quero e estou bem. O Dante está aí?

— O tio Dante? Bem, ele... Ele... Aí, tio Dante, eu não sei mentir — Tiana reclamou e saiu da porta deixando Max entrar.

Max entrou no quarto olhando para tudo com enorme desconfiança. Dante se sentou no chão, parando de se esconder ao lado da cama. A expressão humilhada dele era demais.

Foi impossível não rir.

Ele usava várias presilhas rosas nos cachos, uma sombra preta nos olhos, completamente borrado, os lábios vermelhos em um uso excessivo de batom, além de bochechas rosas como se tivesse levado vários tapas, algumas pintas negras claramente feitas com delineador. Max chorava de rir.

— O que é isso? — Max ria enquanto falava, lagrimejando levemente com isso.

Dante se levantou, mostrando uma blusa branca extremamente apertada e uma saia rosa de tule, acompanhada por uma meia preta que subia até a sua canela malhada. Aquilo era memorável.

— Não repara muito — Dante falou com um sorriso envergonhado no rosto — Tiana estava entediada.

— Essa é a coisa mais linda que eu já vi — Max falou com sinceridade.

Eles selaram os lábios como cumprimento, e logo voltaram para a mesinha baixa onde Tiana brincava com as maquiagens.

Quando Max falava que aquela era a coisa mais linda já vista por seus olhos, ele não estava brincando em nenhum segundo. Dante oferecendo seu tempo e imagem para agradar a sobrinha e diverti-la lhe deixava emocionado. Quando era criança, Max não teve todas essas regalias, não tinha com quem jogar bola, nem quem lia para ele na hora de dormir, muito menos quem pudesse lhe comprar brinquedos.

Ele não tinha nada disso, e muito admirava quem fornecia tais emoções dessa forma para suas crianças, as divertindo sem se importar como.

Dante era um homem nobre por isso.

— Descobriu mais alguma coisa? — Dante indagou, voltando a se sentar ao lado de Tiana.

Max se sentou também, arrumando melhor as mãos sobre a mesinha lotada de produtos leves de maquiagem e tinta, além de alguns esmaltes que Tiana mal abriu. Ela tinha algumas bonecas riscadas e decoradas com detalhes exagerados, algumas bolas de futebol espalhadas e vestidos de bonecas também.

— Descobri — Max viu Tiana fingir servir chá para a boneca negra que havia sentada em uma cadeira em miniatura — Existe uma igreja, parecida com aquela onde fazemos nossa... talvez terceira, segunda missão juntos? Então... será que é lá que essa mulher está escondida?

Dante não disse nada de primeira, ficou parado pensando, permitindo que Max apreciasse seu rosto todo pintado e exageradamente brilhante por alguma sombra que Max desconhecia. Sem conter, Max acabou rindo de novo.

— Ah, para, nem é para tanto — Dante resmungou — Você lembra o que os demônios estavam fazendo?

— Eles tinham uma criança, mas era um menino.

— Uma criança menino que você matou sem nenhum problema — Dante relembrou — Então... Pode ter alguma coisa a ver com a criança ou aquela junção de demônios.

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