Maximiliano

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O mundo pareceu parar naquele momento, Max tinha os lábios entreabertos sem saber o que necessariamente deveria fazer. Dante continuava encarando o Maurício, como se ele esperasse que o homem fosse lhe dizer que aquilo era uma brincadeira.

Aquilo não era uma brincadeira.

Discretamente, Max abaixou e olhou para a Tiana, vendo a menina confusa e um pouco desesperada. Tiana fungou pronta para chorar e Max apenas a pegou no colo, tendo seu pescoço abraçado no mesmo segundo.

Max olhou para Dante e levantou uma sobrancelha, inclinando a cabeça para a porta do Instituto, dizendo que levaria a Tiana lá para dentro. Dante apenas acenou, sério.

O caminho até o quarto de Tiana foi regado de olhares confusos. Max abraçava a menina conforme ela chorava cada vez mais, era cortante e desesperador ouvir as pequenas lamentações em seu ombro. Nunca tinha sido consolador para ninguém, como faria isso com um criança?

— Por que isso acontece, tio Max? — Tiana perguntou após muito tempo, deitada debaixo dos cobertores com Max.

— Porque não somos imortais, uma hora vai acontecer, mas não sabemos quando, nem onde e muito menos como — Max disse enquanto acariciava a cabeça da menina — É um mistério. A morte, a vida, tudo é.

— Por que tem que ser um mistério? — Tiana indagou.

— A vida seria chata se soubéssemos de tudo — Max proferiu com calma — Que graça tem viver sabendo que em algumas horas irá morrer? É melhor assim, não acha?

Tiana concordou após muito pensar, abraçando o Max e fechando os olhos redondos e brilhantes pelas lágrimas. Max ficou ali a todo momento, penteando o cabelo da menina com os dedos. Nem queria imaginar a dor que ela sentia, ainda mais Dante, que claramente era apegado a um pai.

Um suspiro e Max percebeu que Tiana estava dormindo, agarrada a ele e com a carinha tranquila, fazendo bico. Max apenas sorriu e deixou um beijo na testa dela, cobrindo-a melhor com o cobertor cinza.

Depois disso saiu do quarto com discrição.

O tempo havia se passado muito rápido, era meia-noite, o que indicava que ficou meia-hora ali com Tiana, a fazendo dormir.

Pelo menos cumpriu a tarefa.

A ida até o quarto de Dante foi regado de suposições sobre como ele se sentia e como abordar o assunto sem ser evasivo, ou até mesmo o que dizer em um momento como esse.

"Meus pêsames" parecia muito automático e sem sentimentos, e "não posso imaginar como está se sentindo" é algo óbvio, a empatia dá a disponibilidade de você se colocar no lugar do outro, mas isso não quer dizer que você encare a situação da mesma forma.

E era isso que preocupava o líder.

Dois toques na porta para avisar sua presença, e depois simplesmente abrindo, colocando a cabeça para dentro. Dante estava sentado na beira da cama, com os cotovelos no joelho e o rosto segurado pelas mãos. Ele encarava Max com atenção, não esboçando nada.

— Hum... Bem, eu ainda não conheço você em um momento como esse, então não sei se você prefere ficar sozinho, conversar, sair quebrando tudo... — Max falou ainda fora do quarto.

Dante esboçou um sorriso e então respondeu baixinho:

— Eu não gosto de conversar, mas não gosto de ficar sozinho.

Com o ultimato, Max entrou no quarto e ficou em frente ao Dante, sem saber exatamente o que fazer. Max apenas sentiu o soldado levantar a sua camisa e esconder o rosto abaixo dela, cobrindo a cabeça com o tecido de seda.

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