Dante acordou naquela manhã com um pouco mais de desânimo ao pensar em Max. Tinha dormido muito pouco por ter se deitado às seis da manhã, não tinha conseguido dormir ao repassar sua trajetória de guardião soldado até ali: planejando ajudar um guardião líder.
Muita coisa para muito pouco tempo.
Quando acordou era sete e dez da manhã, provavelmente já estavam servindo o café para todos. Dante se vestiu sem pressa e foi para o refeitório com seus telum já prontos preso ao corpo. Ele desceu as escadas e sentiu o cheiro da comida, mas não tinha nenhuma vontade de comer, tinha bebido quatro latinhas de cerveja grandes o suficiente para tirar seu apetite de comida.
Era realmente fraco quando se tratava delas.
Dante atravessou o refeitório indo em direção ao corredor onde fica os líderes maiores, queria ter uma conversa séria com Nicolás. Antes de tomar a decisão de tirar o cargo de Max, o Capitão deveria ao menos fazer exames para comprovar o uso indevido de drogas. Um erro que Nicolás nunca o ensinou a cometer, agora ele fazia o mesmo.
- Dante - alguém chamou.
O guardião soldado se virou e olhou ao redor tentando encontrar quem chamava ele. Estava todo mundo comendo enquanto conversavam baixo e às vezes riam, não parecia ter nenhum sinal de quem o chamou. Seu olhar acabou indo a mesa onde Max sempre ficava, ao canto da parede. Max estranhamente estava o encarando de volta. O flamejante fez um sinal com a mão o chamando deixando Dante confuso com a situação.
Dante foi até ele carregando sua expressão meândrica. Dante cumprimentou Max e David.
- Oi, sente aí - David disse.
Dante, estranhando muito a situação, fez o que lhe foi pedido e esperou o que eles tinham que fazer ou dizer. Ao seu lado Max estava com a expressão super fechada enquanto bebia aos poucos seu café, ele apertava os olhos e resmungava vez ou outra passando a mão na cabeça. Estava enfrentando a punição de suas escolhas.
- Max me contou o que aconteceu - disse David - Eu pretendo encontrar quem fez isso também, mas não posso sair daqui, então eu vou tentar me aproximar das pessoas para tirar informações.
David dizia com uma voz baixa e muito melancólica, parecia até que algum parente seu havia morrido de um jeito lastimável, pegando-o de surpresa. Dante suspirou e mediu as palavras para que elas sejam reconfortantes, no entanto não conseguiu dizer por ser interrompido pelas caixas espalhadas pelo Instituto.
"- Informamos que na noite anterior um dos líderes perdeu seu cargo, por motivos de respeito não falaremos o porquê, mas Maximiliano deixa seu posto de guardião líder e volta a ser um guardião soldado."
- Eu vou matar Nicolás - foi a primeira coisa que Max disse ao ver as pessoas olharem para ele.
Dante mirou sua atenção nele e viu a bebida em sua xícara começar a borbulhar até aos poucos começar a gaseificar. Dante queria naquela hora apenas poder colocar a mão sobre a cabeça de Max e acariciar até ele se sentir bem, mas não podia e tentava se contentar com isso. David tinha os lábios afastados em receio ao ver a reação de Max, a mesa deles estava silenciosa por pura tensão.
Max estava quieto e seus lábios se moviam prensados um no outro como se ele estivesse mastigando, naquele momento no caso, mastigando sua raiva. Dante acompanhou com os olhos o momento em que Max deixou sua xícara sobre a mesa com tanta delicadeza que parecia repousar um recém-nascido em um berço. Em seguida ele apoiou os cotovelos sobre a madeira e deixou seu queixo sobre as mãos unidas; ele sorriu, sorriu como um diabo avisando que quem chegasse perto de seu trono, morreria.
- Isso foi... - David começou a dizer, porém foi interrompido por uma nova chegada.
- Líder exemplar, não? - o homem disse sorrindo.
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ØRIGINAIS
FantasySubmundanos criados para matar anjos, seres que não são o que todos pensam. Cada um tem seu poder, cada um tem sua missão, cada um por si. Onde não há espaço para paz, pode haver um espaço para o amor. Amor de um líder para um soldado. Aparência de...