Dante

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¤ Demônio Divertido.

Dante respirou fundo e bateu na porta do quarto de Max. Ele havia esperado a noite inteira, aguardou pela manhã e resolveu ir falar com ele apenas naquele momento, não queria correr o risco de ser enforcado novamente pelas mãos pequenas de Max.

Alguns segundos para receber a confirmação de Max, rodou a maçaneta e entrou.

Sua cama estava vazia, o lençol bagunçado e a coberta caída no chão. Ele teve uma noite agitada, com certeza. Dante fechou a porta e caminhou para perto do banheiro de Max. A porta estava aberta.

Dante viu Max ali, a pior cena que já havia presenciado, agonizante e torturosa. Dante abriu a boca, mas já era tarde demais. Max havia arrancado uma grande mexa do seu cabelo com a tesoura grande de ferro que carregava em sua mão. Trinta e cinco centímetros de cabelo arrancado. Dante suspirou, surpreso demais.

O cabelo na mão de Max foi do cobre para cinza rapidamente, despedaçando-se imediatamente. Aquilo foi cruel. Dante fechou e abriu a boca várias vezes seguidas, não tinha palavras, não podia impedir Max de fazer aquilo, mas era quase triste ver ele cortar tão friamente seu cabelo.

Max cruzou os braços e esperou por alguns segundos, encarando o espelho. Se Max estivesse arrependido, Dante iria rir muito dele. O flamejante cerrou os olhos, desafiando a própria imagem. Passou alguns segundos, Dante arregalou os olhos. Sua mecha começou a esticar, crescendo e se ondulando como a anteriormente arrancada. Max fechou a expressão, quase frustrado por isso.

Atônito, totalmente atônito, era assim que Dante estava naquele momento.

— É, mais uma tentativa frustrada de cortar isso — disse Max jogando a tesoura dentro da pia.

— O que foi isso? — indagou Dante enquanto Max passava ao seu lado.

O flamejante caminhou desleixadamente até a cama e se jogou sobre ela, bagunçando-a mais. O ex-líder olhou para Dante e se levantou lentamente, sentando-se na cama com o seu pijama de seda preto. Dante sorriu, pois ele ficava menor ainda usando roupas mais largas.

— Por algum motivo eu não consigo cortar o meu cabelo — Max resmungou.

— Ainda acha que não devíamos pesquisar sobre isso? — Dante se encostou no batente da porta do banheiro — Meio que não é normal o cabelo fazer uma coisa dessas.

— Eu acho que é porque eu uso ele para queimar as coisas, então ele cresce rápido, tipo um abastecimento — Max se jogou para trás, caindo entre os travesseiros — Não quero ir atrás disso, vai que não é nada normal e eu acabo descobrindo uma doença?

— Guardiões não ficam doentes.

— E se for uma doença celestial? — Max ergueu apenas a cabeça, preocupado com isso.

— Acho que uma doença celestial seria mais bruta do que um crescimento precoce de cabelo — Dante sorriu. Max jogou a cabeça para trás novamente.

— Mas e se tiver mais coisas?

— Você já percebeu mais coisas? — Dante tinha o semblante divertido, suas mãos no bolso da calça preta.

— Hum... Non — Max negou baixo, sua língua materna se fazendo presente em alguns segundos — Nunca percebi nada, mas vai que é algo corrosivo, vai progredindo aos poucos?

Dante começou a rir, divertindo-se com a preocupação de Max. Ele era não quieto sobre seus pensamentos, agora compartilhava suas preocupações com Dante, de forma até cômica, não podia negar, mas isso era importante. Estava trabalhando a sua confiança, algo que para Max havia parado de funcionar há muitos anos.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora