Maximiliano

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Se duvidar a casa nem foi fechada corretamente quando os dois saíram de lá em direção ao carro, dirigindo o mais velozmente o possível. Max estava agitado e muitíssimo preocupado, tão apreensivo que sua mente fazia parecer que o carro estava andando em sua pior velocidade, aumentando sua agonia.

Max se culpava a todo o momento, já tendo noção que isso poderia ter acontecido por sua causa e a teimosia de não ter ido com Asmodeus, mas não queria acreditar que um acidente tão grave havia acontecido com a Tiana.

O carro quase não havia parado quando Max desceu dele, queria controlar seu desespero, mas a ideia de que Tiana estava sentindo dor lhe deixava agitado demais para não demonstrar. Dante estava da mesma forma, por isso não foi uma coincidência quando ambos começaram a correr pelos corredores do Instituto, procurando desesperadamente encontrar Tiana e a multidão que estava envolta dela.

E ao encontrar, Max simplesmente estagnou no lugar e observou. Se havia um coração em seu corpo, Max não sabia, pois não conseguia sentir mais do que a pressão do momento contra a sua mente. Poderia jurar que sua pele estava fria e que esqueceu como se manter em pé. De todas as imagens que Max já viu, de todas as mortes, de todas as facetas demoníacas, aquela era a pior.

— Tiana... — Dante sussurrou o nome da sobrinha, se ajoelhando ao lado dela.

Max pronunciou o nome dela também, só que apenas movendo os lábios, além de toda a sua paz de espírito, o corpo pequeno estirado sobre o chão lhe havia arrancado toda a voz. Sua vontade era de chorar, mas não podia, pois matar um grupo maior de pessoas não era o seu plano.

Não adiantava medir a pulsação da Tiana, ela não tinha mais um coração, o peito estava aberto e o sangue se espalhava pelo chão, mostrando de forma lenta a forma como ela rapidamente perdeu a vida. A menina que vivia sorrindo e saltitando, dava conselhos inocentes, sorria para todos, pedia para que Max namorasse com seu tio. Aquela pequena estrelinha estava apagada.

Morta.

Max respirou fundo quando percebeu que havia mesmo acontecido aquilo, que Tiana realmente havia sido morta. Assassinada. Quem seria o covarde que faria isso com uma criança? Ela, tão pequenina e frágil, não tinha como se defender.

Tropeçando, Max se apoia em um menino próximo e pergunta com a voz baixa:

— Quem fez isso? 

Max nem percebeu quem era o menino, apenas reconheceu quando olhou para o rosto preocupado dele, vendo que era o menino admirador do General Raider. O menino sorriu compadecido e explicou em meio aos sussurros. 

— Um demônio invadiu a Central, não sabemos como, mas ele foi atrás especificamente dela. Depois ele foi embora.

O coração de Max pulsou tão forte que ele simplesmente tremeu, sentindo que uma peça havia se encaixado. Max não queria olhar para Dante, o peso da culpa era tão grande que Max ao menos tinha coragem de observar o corpo de Tiana caído no chão frio. Sua mão tremia, tudo tremia, aquela sensação era a mais próxima do pânico que Max conhecia.

A Tiana estava morta, morta e a culpa era dele.

Max, sentindo-se horrivel e com muita raiva de tudo que estava acontecendo, deu dois passos para trás e saiu caminhando lentamente até o carro. Por culpa sua o Dante perdeu a última parte da família, uma menina pequena com um futuro brilhante, morta por culpa de sua teimosia de não ir embora. Nem Tiana, nem Dante mereciam o que estava acontecendo com eles.

Covarde, era assim que Max se sentia quando entrou dentro do carro, ficando em silêncio e olhando fixamente para o painel do carro. Parecia que tudo estava desmoronando novamente.

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