Maximiliano

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Uma semana depois e realmente havia algo errado. Começando com o livro misterioso. Além do cálice, havia uma pena, Max não sabia ao certo a origem dela, mas sabia que representava a leveza e tranquilidade, que de acordo com o livro, são um dos principais adjetivos do sexo. Depois se deparou com o fogo, ardente e intenso, Max não precisou de uma leitura rebuscada para perceber o que aquilo indicava.

Algo parecido com uma sombra também foi reconhecido por Max, o breu total, de acordo com o livro, representava o mistério, onde no escuro nada pode ser definido, um mistério. O sexo também é assim. E por último, uma caixa igual a um baú, adornada por ouro e desenhos como trepadeiras, cerejas e louros, o material de porcelana, um dos objetos mais lindos visto por Max. A caixa se assemelhava à Caixa de Pandora, um dos artefatos da mitologia grega, representava o clímax.

Depois disso não havia mais citações de objetos, apenas alguns desenhos sexuais bem explícito, que fez Max fechar o livro e esquecê-lo por alguns momentos.

Jonny e David estavam no auge do relacionamento, principalmente depois do grande susto em quase se separarem. Às vezes Max passava distraído pelo corredor e se deparava com os dois beijando-se como se fosse essencial para a vida, mãos de passeavam por várias áreas, suspiros altos e risadas baixas. Max já tinha se acostumado com este novo estado de ânimo.

Tiana começou com as aulas de controle, ela tinha que saber dominar o poder, Dante ajudava como podia, e a cada dia ele mostrava mais e mais orgulho da sobrinha. Max não estava diferente. Ele se sentia como um pai a cada conquista da menininha, era como se ele mesmo estivesse realizando todos esses feitos.

E tinha mais um problema. Richard.

Max acordou na noite anterior e quando abriu a porta, se deparou com um caixa de bombons bem embrulhada e de ótima marca, perfumada e mais romântica do que deveria. Max tinha ficado com o queixo caído. Primeiramente havia acreditado que era um presente de Dante, mas não, a carta de dedicação indicava alguém totalmente diferente.

"Você foi uma das pessoas mais belas que já vi, além de ter um olhar doce, por isso dedico esse delicado presente a você."

— Assinado: Richard — Max terminou em voz alta.

Max não comeu os doces, pois não se dava bem com eles, coisa relacionado ao seu passado. Lhe fazia passar mal. Os homens do William adoravam lhe dar doces, imaginando que assim poderiam ter uma criança mais receptiva e simpática para realizar o que quiser com ele.

Esse pensamento lhe enjoou assim que abriu a caixa, jogando-a no lixo assim que entrou dentro do quarto novamente. Ele está realmente tentando me conquistar à distância?

— Eu tenho o olhar doce? — Max perguntou assim que se sentou no banco.

Nem um pouco, amado; foi o que David respondeu. Minha primeira impressão foi de que você era muito antipático, isso só pelo olhar; Jonny foi o próximo a ser sincero. Verdade, você olha para todo mundo como se tivesse ódio; dessa vez foi Dante quem respondeu. Olhos tem gosto?; Tiana encerrou. Todos gritaram "não" quando ela levantou um dedo para pegar no olho e fazer o teste sozinha.

Então para construir aquela mensagem, Richard usou de metáfora e sinestesia, além de escrever uma grande mentira. Isso não agradou a Max, porém ele não falou nada, manteve seus dias como se não estivesse visto nenhum vestígio de açúcar. Há seis anos, Max havia deixado claro que não queria nada com Richard, se ele se esqueceu disso, vai lembrar-se quando perceber que Max não pretende dar-lhe uma chance.

Mas o cortejo distante não parou, e Max comprovou isso naquela manhã.

Ao chegar no refeitório, a primeira coisa que Max ouviu foram as conversas constantes dos aprendizes, as risadas, panelas batendo, algumas palmas. Tudo normal. O lugar estava lotado e não tinha sinal de desentendimentos, por isso Max chegou tranquilo na mesa que sempre usava ao lado dos amigos.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora