Dante

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Todas as entradas e saídas foram fechadas. A imagem de um homem alto e copulento apareceu sobre o altar. O cabelo era liso e chegava até os ombros largos, a pele era mais branca que o normal, e por alguns segundos Dante jurou ter o visto com olhos vermelhos.

A roupa que usava era completamente preta, e por cima, para salientar a imagem maléfica, vinha um sobretudo preto de couro. Aquele homem tinha um olhar tão sensual que até mesmo Dante ficou perplexo com tamanha beleza.

— Asmodeus — Max sussurrou e o homem desceu do altar aos passos leves e desleixados, como se fosse o dono de tudo é todos — Você é Asmodeus?

— Claro, meu querido — a voz era grossa e arrastada, ele era muito alto — Você veio aqui atrás de mim? Como poderia não ser eu?

— Na verdade, eu vim atrás da sua criação — Max falou baixo e o homem sorriu de lado, movimentos muito sensuais em cada parte do corpo — Ela realmente existe?

— Que tal nos sentarmos antes de começarmos essa conversa?

E assim que a frase acabou, a sala tornou-se mais escura e o altar se expandiu em uma mesa longa e muito bem feita, além de cadeiras grandes como vistas em mesas de castelos. Asmodeus, o demônio na luxúria, caminhou até a ponta da mesa e se sentou, equilibrando os pulsos no braço da cadeira e relaxando o corpo de modo que o deixasse mais atraente ainda.

Um rei em seu castelo de puro sexo.

Dante ficou mais tenso.

Max se sentou sem esperar muito, Dante fez o mesmo apenas porque estava chocado demais para poder ficar de pé.

— A minha criação realmente existe — ele praticamente sussurrava — O ser mais perfeito que eu poderia criar. Pena que é muito bom para ser um demônio como eu.

— Onde ela está? — Max perguntou, a postura dele estava quase igual a de Asmodeus.

— Ela? Ela foi um erro. Eu a criei, mas quando dei vida, se transformou no contrário do que eu queria — ele sorriu levemente e levou os dedos torrados de anéis até os lábios — Não que isso seja ruim, por um erro eu criei alguém magnífico. Ele se manteve escondido durante todo esse tempo, camuflado, eu diria.

Max estalou a unha uma na outra, pensando no que falar. Dante observava tudo de um lado a outro, procurando entender algo que parecia escondido entrelinhas, como se uma bomba relógio estivesse vencendo seus últimos segundos.

— Por que o manual da sua criação parou em minhas mãos? — Max perguntou — Suponho que eu tenho alguma coisa a ver com isso. Eu tenho que encontrar a sua criação e dá-la a você?

— Não, não precisa de tudo isso, eu sei onde ele está, sempre soube — Asmodeus fez uma pausa — Uma criança linda, cresceu maravilhosamente bem, da mesma forma que eu sempre desejei.

— Então porque eu tenho o livro? É algum tipo herança que o Gladio irá caçar?

Asmodeus negou com a cabeça. Os dedos cheios de anéis passaram pelo cabelo preto como carvão, mostrando melhor o rosto másculo e cheio de traços marcados. Sensual a cada movimento, Dante tinha certeza.

— Vou te contar uma história, a história da minha criação — ele balbuciou — Eu sempre soube que seria substituído, que uma hora iria ter que largar o controle dos meus lindos demônios, então eu me reuni com os outros seis demônios e decidi que iria criar alguém forte, sensual como eu e inteligente, capaz de governar uma parte do inferno.

— Suponho que tenha demorado para ser aceito essa proposta.

Ele concordou com a cabeça.

— Houve alguns protestos, diziam que era perigoso, que poderia colocar em risco a vida dos demônios e mais um monte de exageros. Leviatã, claro, ficou com inveja e quis fazer algo para se colocar na minha criação, e eu deixei, reuni o útil ao agradável, mas isso eu deixo para depois.

ØRIGINAISOnde histórias criam vida. Descubra agora