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Marianne.

Não tive coragem nem pra visitar minha filha no hospital, me sinto culpada de tudo.

Algumas horas atrás o Matador me disse que ela já estava a salva dentro do morro mas eu não vou conseguir olhar pra cara dela.

Nem sei se fizeram alguma coisa com a minha filha, o meu xodó, a minha única bebezinha de mamãe.

Eu botei ela nisso tudo, não deveria nunca mais ter colocado o pé nesse morro, eu me sinto um lixo por dentro.

Olhei pra porta e vi que o Matador estava entrando com o fuzil atravessado nas costas. Eu sabia que ele iria falar um monte no meu ouvido.

Matador: Tem como você parar de ser egoísta pelo menos um pouco e ir visitar a sua filha que está no hospital? - disse enquanto pegava uma maçã na fruteira.

Eu o encarei e não disse nada, continuei de costas lavando a louça fingindo que não ouvi nada daquilo.

Matador: Marianne caralho, tô falando contigo porra. É a sua filha que está deitada naquele cacete de cama do hospital com dores no corpo e só Deus sabe oque fizeram com ela - gritou fazendo eu me virar pra trás.

Marianne: Vai tomar na porra do seu cu! Eu sei muito bem que ela é a minha filha, eu meti ela nessa confusão. Eu não deveria nunca mais ter pisado nesse morro de novo, eu botei a vida dela em risco. No asfalto ninguém nem sabia quem era Emanueli, era apenas uma desconhecida. Eu não tenho coragem de olhar pra minha filha, eu não tenho coragem de imaginar oque fizeram com ela, eu tô perdida, não seja egoísta ao ponto de só olhar o teu lado e ignorar totalmente os meus sentimentos e as minhas dores.
Eu sou mãe, tá doendo tanto em mim quanto em você - gritei em meio aos meus soluços.

Ele apenas me encarou e me abraçou, um abraço apertado que eu precisava no momento.

Matador: Olha pra mim - me soltou do abraço, levantou minha cabeça  limpando as minhas lágrimas - Você não tem um pingo de culpa nisso. Eu sou o traficante, eu sou o dono do morro, eu sou a porra do bandido. Vieram atrás de vingança por causa de mim, não tem nada haver com você amor. Não se culpa por favor, ela precisa de você nesse momento.

Apenas concordei com a cabeça e voltei a abraça-lo enquanto chorava.

Aquele baile funk Onde histórias criam vida. Descubra agora