Aquele baile funk

78.

JH.

Não sei por quanto tempo eu tô aqui preso sem comida, sem água e sendo tratado igual um lixo.

Tô fraco pra porra, até meus pensamentos me deixam cansado.

Eu sabia que a Manu não viria me buscar, mas eu tinha um pingo de esperança.

Ela tem um coração bom, então eu achei que viria me resgatar, eu tava enganado.

Eu tô cansado de apanhar, mas isso é castigo de tudo oque eu fiz no passado.

Não digo só pelo oque eu fiz com a Manu, isso também, mas pelo fato de eu ser um traficante a anos, pelo fato de eu já ter matado muita gente inocente no começo que entrei pro crime.

Pelo fato de eu ter torturado muita gente, pelo fato de eu ter abandonado minha filha logo quando a mãe dela foi presa.

Já fiz tanta coisa de errado e todos os dias eu penso que eu mereço estar aqui pagando pelos meu erros.

Eu não queria aceitar que a Manu tava bem, se envolvendo com outra pessoa. Eu acreditava que eu e ela poderia dar certo ainda. Mas perdi as esperanças quando vim parar nesse lugar.

Eu amo ela, e sei o quanto eu a fiz sofrer.

Eu sei também que a Luz chama o PH de pai, pois aquele papel eu não consegui cumprir.

Eu deixei meu bem mais valioso como segunda opção e quando eu quis voltar a trás, era tarde demais.

Meu fim tá chegando e eu sinto isso, eles deram até hoje pra eu abrir o bico sobre tudo do morro.

Não vou falar nada, e sei que ali será o meu fim...

A única coisa boa que eu vou ter com tudo isso é que eu irei poder encontrar aquele que me criou desde pequeno.

Aquele que eu não consegui nem me despedir, meu pai de criação, Matador!

Me dói ter que deixar Manu, Luz e PK. Mas faço tudo pra salvar eles.

Poderia ser algum deles no meu lugar e por isso eu dou graças a Deus que me pegaram.

PK não queria deixar eu ir sozinho naquele beco e do jeito que ele é sentimental imagino que já chorou demais com o meu sequestro.

Ou eles nem perceberam que me pegaram, já que ninguém se importa mais.

Abri os olhos depois que ouvir o barulho da porta, eles tavam vindo na minha direção.

Chegou minha hora.

X1: Vamo seu lixo - me deu um soco na boca do estômago.

Perdi o ar na hora.

Ele me levantou e foi me rastejando pelo braço.

Minha vista tava tão ruim que eu saí daquele galpão e não consegui enxergar absolutamente nada.

Imagino que já era de madrugada, pois não vejo a claridade do sol no meu rosto.

Ele me levou até outra sala onde o chefe deles estavam lá.

Me jogou no chão e eu caí igual bosta.

X: A minha atração principal chegou - deu risada debochado - Fala logo oque tem pra dizer se não vai morrer do pior jeito.

JH: Eu só saio daqui morto, não tenho nada a perder. - falei com dificuldade.

X: É melhor falar oque você sabe, ou vou ter que mexer com quem você ama.

Aquilo não me abalou, eu sei que a Manu sabe se cuidar muito bem e cuidar da filha.

Fiquei quieto. Já que eu não ia abrir o bico prefiro pelo menos morrer com a minha dignidade e lealdade intacta.

X: Podem bater - vi ele tragar um cigarro e o cheiro de espalhou pela sala.

Os capangas dele veio pra cima de mim, e lá vamos nós pra mais um sessão tortura.

Eles me davam chutes na cabeça, me acertavam socos no rosto, chutavam e socavam minha barriga.

Enfiaram uma faca em cada perna e nem forças pra gritar eu tinha.

Guardei aquela dor pra mim.

X1: Chefe ele não vai abrir essa boca pra dar informações não - um dos capangas disse.

X: apaga ele. - disse por fim.

Ele destravou a arma e apontou na minha cabeça.

Eu orei.

Apenas pedindo perdão a Deus.

A porta foi arrombada e uma sequência de tiros se espalhou pelo local.

Escutei a voz dela, ela veio.

Mas voce veio tarde demais, Manu.

Escutei um barulho de tiro muito perto de mim, em seguida o impacto fez meu corpo pular no chão.

Aquela claridade do sonho que eu tive, veio denovo.

Mas dessa vez a minha filha Luz não tava ali pra me receber, só tinha apenas a claridade...

Acabou pra mim.