79.

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Manu.

Vê ele caído no chão morto ou quase morto, abalou totalmente o meu psicológico.

Eu não sabia oque fazer, tava perdida no meio dos meus pensamentos.

Todos daquela sala já estavam mortos, principalmente o cara que eu deduzi ser o chefe de uma facção que nem existe.

Eram apenas uns arrombados tentando ser bandidos pra roubar informações da minha favela

Todo mundo que veio comigo saiu sem um arranhão.

Foi difícil chegar até aqui, uma casa totalmente escondida atrás da praia.

Caminhei até o JH com o coração na mão, o medo de me deparar com ele morto naquele chão falou maior que tudo.

Manu: Ele morreu? - perguntei ao PK que tava agachado no chão ao lado do seu amigo vendo os batimentos cardíacos.

PK: Tá com batimentos ainda, da tempo de irmos até o posto do morro - limpou rapidamente a lágrima que caiu do seu olho.

Manu: QUERO TODO MUNDO DANDO UMA ATENÇÃO AQUI - gritei - Levem ele pra van rápido.

⏰⏰⏰⏰

Graças a Deus o posto do meu morro tem tudo oque um hospital fornece.

Meu pai e eu lutamos muito pra conseguir deixar isso nos conformes.

Agora estávamos todos sentados naquela cadeira esperando a médica, já fazia 5 horas.

Luz tava aqui comigo, não parava de falar do JH. Falava toda animada contando as coisas engraçadas que eles faziam juntos.

Dr: Parentes do Joao Henrique? - gritou e todo mundo levantou rapidamente.

Fui na frente pra escutar oque ela tinha pra falar.

Manu: Somos nós Dr.

Dr: Perdão, a senhora é oque do paciente? - perguntou com uma certa dúvida na cara.

Manu: Mulher... - tossi rapidamente - Quer dizer, ex mulher.

Dr: A sim entendi. Só pode duas pessoas me acompanhar até a minha sala.

Manu: Doutora, esse morro é meu então vai entrar todo mundo naquela sala, parceira. - falei impaciente.

Dr: A claro, desculpa. Venham. - andou na frente e fomos seguindo até chegar na sala. - Olha o estado dele é um pouco delicado, como vocês viram o tiro catou na cabeça do lado direito.

Concordei rapidamente.

PK: E isso quer dizer oque doutora? - perguntou roendo as unhas de nervoso.

Dr: Continuando, graças a Deus não afetou em nada. O incrível foi que um tiro na cabeça normalmente é morte certeira. Mas com ele foi diferente, a cirurgia não teve complicações, ele tá estável. O único problema é que por um tempo o lado direito dele ficará parado até se acostumar e voltar o normal por conta da cirurgia. Teve também as lesões que eu deduzi ser uma surra, roxos por todo o corpo, boca cortada por dentro, e vários pontos na barriga e nas pernas. Fora isso está tudo bem com ele.

Suspirei aliviada e olhei pra minha mãe que tava quase chorando de preocupação.

Manu: Ele já pode receber visitas? - perguntei esperançosa.

Dr: Sim, mas só pode uma pessoa.

Manu: Eu vou. - levantei rapidamente. - Ele tá dormindo?

Dr: Cirurgia terminou a três horas atrás, nesse horário ele já deve estar acordado. - andou na frente e todo mundo saiu da sala indo pra de espera - Me acompanhe, por favor.

Ela me deixou em frente o quarto dele e saiu.

Entrei e lá estava ele acordado.

Manu: Oi - falei sorrindo fechando a porta.

JH: Oi Manu - falou com dificuldade e agora sim entendi oque a doutora quis explicar.

Ele tá conseguindo mexer só um lado do rosto, ou seja, na hora falar a boca abre só de um lado e o outro fechado.

Bem estranho, porém não vou falar isso pra ele.

Manu: Como você tá? - cheguei perto dele.

JH: Devo tá feio pra caralho - não me aguentei e dei risada. - Queria te agradecer por ter ido me salvar mesmo depois de tudo que te fiz.

Manu: Eu nunca deixo um soldado pra trás, lembra truta? - dei um sorriso e fiz carinho em seu rosto.

JH:  Teve uma hora que eu jurava que eu tava morto, papo 10 memo.

Manu: Eu também achei - ele riu com dificuldade. - A Luz tá aí fora, quer vê ela?

JH: Lógico parcera, pega ela lá - ficou todo animado e eu sorri com o gesto.

Concordei e saí da sala indo em direção a minha filha.

PK: E aí como ele tá? - ele foi o único que restou sentado ali com a Luz.

Manu: Ta tranquilo - peguei a luz no colo - Já que só tá você aqui, vamo entrar lá.

Luz: Vou ver o papai, mamãe? - falou enquanto andávamos.

Manu: Vai sim filha, você tá pesada demais mulher. Vai pro colo do padrinho - PK pegou ela no colo e entramos no quarto do JH.

Luz: PAPAIIIIIIIII - desceu do colo do tio e foi correndo pro colo do pai.

Manu: Luz, cuidado. Papai tá com dodói no corpo todo - dei bronca.

JH: Vem devagar pro colo do pai - pegou ela - Que saudade eu tava do meu bebezão - cheirou e beijou a cabeça dela.

Luz: Voxê tava viajando papai? - perguntou enquanto fazia carinho no rosto dele.

JH: Tava sim amor, tava trabalhando demais.

PK: Eai meu parceiro, quer me matar do coração depois desse susto? - ele riu.

Manu: Se fosse só você, tava bom né - ri junto.

JH: Seloco, eu vi minha morte apertar a campainha meu truta - bateu na mão do PK fazendo um toque - Aposto que você chorou pra caraio né menô - negou com a cabeça gargalhando.

PK: E homem chora desde quando rapaz, tá tirando filho da puta - ficou nervoso.

Manu: Sem caô em PK, assume que chorou abeça. - sentei na poltrona que tinha ali.

Luz: Papai ele xolou muito, eu vi ele xolando - falou toda inocente.

PK: Vão ficar me gastando mesmo porra? - perguntou rindo.

Aquele baile funk Onde histórias criam vida. Descubra agora