"Sempre Juntos"

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Não deixo meu pai dizer mais nada e saio do dormitório. Toda a minha vida pensei que ela estava morta e agora descubro que a minha mãe está viva e que abandonou-me.

Eu quando era pequenas nas festas de final de ano todas as crianças da minha turma tinham os pais sentados no auditório, os pais tinhas as câmaras de filmar e as mães sorriam, algumas até choravam de emoção e no fim iam abraçar seus filhos e dizer que os amavam. Eu só tinha lá meu pai com a sua câmara e a tentar bater palmas ao mesmo tempo que segurava na mesma, no final ele via o meu olhar nas outras crianças com a sua mãe e ficava triste por ver-me ali a invejá-las. Eu estava triste nesses momentos mas sabia que tinha o meu pai lá logo essa tristeza acabava sempre por passar, o que doía mais era ver meu pai triste.

Sim eu neste momento odeio meu pai, mas não era por nunca ter tido uma mãe era por não ter-me dito a verdade, assim eu saberia porque ele sofria tanto até a Gabby aparecer. Eu queria tanto que ele me tivesse contado que tinha sido abandonado pela mulher que amava com sua filha ainda recém nascida. Não paro de pensar que se ele tivesse-me contado eu não teria tido tantas atitudes que tive como culpar-me pela sua morte, sim eu sempre me culpei pela suposta morte dela tal como à pouco disse ao meu pai.

Procuro Severide e Mouch acaba por dizer-me que ele foi com o esquadrão abastecer o camião. Sento-me na sua poltrona à espera dele.

- Filha - ele senta-se ao meu lado.

- Eu odeio-te por me teres escondido a verdade, se tu me tivesses contado nós teríamos ultrapassado isso juntos. - digo triste.

- Eu sei que errei e que fiz com que tu te culpasses da morte dela todos estes anos, mas eu não tive coragem de dizer à minha menina que a mãe a abandonou.

- Pai, por favor deixa-me sozinha eu preciso de pensar. - peço a ele.

O meu pai sai da minha beira e passado um bocado o esquadrão chega, Severide sai do camião e vem ter comigo. Ele sorria bastante para mim mas quando vê que não retribuo fica preocupado.

- Ei, que se passa? - ele pergunta.

- Podemos falar no teu dormitório? - peço pois não queria que o pessoal ouvisse.

- Claro. - ele concorda.

Vamos os dois até ao seu dormitório, eu sento-me na cadeira e ele na cama. Eu concentro meu olhar em minhas mãos enquanto mexo os dedos sem parar.

- Eu fiz algo que não gostaste? - ele pergunta preocupado.

- Não. - digo sem olhar para o mesmo.

- Então?

- Meu pai mentiu-me estes anos todos. - digo muito baixo mas acredito que ele ouviu.

- O quê? De que estás a falar? - ele pergunta sem compreender.

- Minha mãe afinal não morreu. - desta vez olho para ele.

- Espera, como assim?

Conto a Severide tudo que o meu pai contou-me. Ele ouvia tudo atento sem interromper-me uma única vez. Ele está surpreso tal como eu fiquei.

- Porque raio ele só te contou isso agora? - ele diz e tal como eu não entende meu pai.

- Não entendi muito bem mas ele disse que tinha tido notícias dela hoje.

- Será que ela te quer conhecer? - ele diz e eu só penso que espero que não seja isso.

- Espero bem que não pois eu não quero qualquer contato com aquela mulher. - admito a ele.

- Eu entendo-te muito bem mas devias pelo menos falar com ela, caso ela apareça, ela era muito jovem pode ter mudado.

- Não quero saber, ela para mim é como se estivesse mesmo morta.

Severide vem até mim e abraça-me. Neste momento o seu abraço era a única coisa capaz de acalmar-me. Junto dele sentia que os problemas evaporavam. Ele de repente larga-me e olha para fora do dormitório, olho para a mesma direção que o mesmo e meu pai está ali a olhar para nós.

- Fala com ele, tu o adoras e estares assim chateada com ele vai acabar por despedaçar-te esse coração lindo aos poucos. - Severide diz.

Levanto-me e vou em direção ao dormitório do meu pai, ele vem atrás de mim.

- Filha...

- Há mais uma coisa que quero saber. - interrompo-o.

- Diz.

Ouvimos o altifalante mas era só para o esquadrão, Severide sai apressado do seu dormitório.

- Tu disseste que tiveste notícias dela hoje, que quiseste dizer com isso?

- Foi Boden que me falou dela. - olho para ele sem entender porque Boden iria falar dela.

- Como assim Boden? Eu pensava que ela tinha-te contactado a ti.

- Tua mãe é bombeira e ela trabalhava num quartel que foi fechado, ela vem para aqui trabalhar mais precisamente para o nosso camião. - arregalo os olhos ao ouvir aquilo.

Primeiro vou conhecer a minha mãe não por iniciativa da própria mas sim porque vamos trabalhar juntas. Segundo como eu vou encarar uma mulher que me desprezou e abandonou?

- Ela sabe que trabalhamos aqui? - pergunto a ele.

- Não, nem Boden sabe quem ela era quando a aceitou, hoje quando disse-me é que eu contei-lhe.

- Eu não acredito que vou ter de ver aquela mulher todos os dias no trabalho.

- Nem eu filha, nem eu.

Noto que meu pai está bastante em baixo e tinha toda a razão, o passado que ele lutou para esquecer tinha voltado para o assombrar. E além de o assombrar também ia afetar a pessoa que ele mais ama, a sua filha.

Vou até ele que estava em pé a olhar pela janela e abraço-o, ele retribui o abraço, sinto meu ombro molhado, meu pai está a chorar. Ele está a sofrer agora via bem isso. Eu sabia que só disse que o odiava de boca para fora eu nunca o iria odiar ele sempre fez tudo a seu alcance para eu ser feliz mesmo que isso implicasse sacrificar a sua felicidade ou até mesmo seus sonhos.

- Desculpa, desculpa ter sido tão dura contigo pai.- solto-me de seu abraço e limpo suas lágrimas

- Tiveste toda razão filha e eu é que devia estar a pedir desculpas. - ele sorri para mim mas ainda é um sorriso triste.

- Eu amo-te pai.

- Também amo-te meu anjo.

- Vamos passar por isto juntos.

- Sempre juntos.

- Sempre juntos.

Desde que eu era pequena que dizíamos "sempre juntos" um ao outro, era como se fosse nosso lema de pai e filha.

- Quando ela vem? - eu preciso de saber.

- Próximo turno. - ele diz e revira os olhos o que faz-me rir.

- Ok.

- Queres saber o nome dela?

Olho para o meu pai surpreendida. Estou surpreendida pois essa era a pergunta que queria fazer-lhe mas não tinha coragem naquele momento, mesmo quando pensava que ela estava morta ele nunca disse-me seu nome. Mesmo com ela viva só consigo pensar que ele nunca disse porque isso o fazia recordá-la.

- Stella, tu mãe chama-se Stella Kidd.


Olá, olá mais um capítulo.

O que acharam da mãe de Katniss ser a Stella? Quero saber tudinho nos comentários.

Até ao próximo capítulo.

Chicago Fire - A Verdadeira Paixão de SeverideOnde histórias criam vida. Descubra agora