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Hardin.

É natal, dia 24/12. O clima esfriou muito desde que voltamos da cachoeira, a neve já tomou tudo e está muito frio. Anna está com a mãe na cozinha ajudando a preparar o jantar e eu estou perdido em pensamentos bobos aqui, pensando no que Midge me perguntou, sobre eu ainda amar outra mulher ou não. Não entendo a profundidade da pergunta pra ela, porque, se eu amo outra mulher, aquilo deveria deixá-la furiosa, já que estou com sua filha. Decido por fim, ir a cidade de carro e comprar presentes de natal, Anna me preparou dizendo que algumas pessoas virão pro natal, alguns familiares, e eu não quero ser surpreendido.

Me levanto da cama e coloco três meias e minha bota, visto outro casaco por cima do moletom e pego minha carteira preta. Não sou uma pessoa muito dada a compras, mas vai me manter ocupado até a noite, já que pelo visto, estão preparando um banquete pra essa noite. 

Passo pelo corredor, fecho a porta do quarto e vou até a cozinha dar um beijo em Anna e descobrir quem vem hoje, ela está linda, com o nariz vermelhinho, de calças moletom rosa clarinho, uma camiseta colada do Rick and Morty e com sapatos oxford pretos, está na frente do fogão, preparando uma geleia de frutas vermlhas. Midge está na pia, fazendo uma massa de torta, me aproximo devagar e passo os braços pela cintura de Anna, os fornos estão todos ligados e por isso a cozinha está quente. Sinto que ela está sem sutiã e beijo seu pescoço.

Ela sorri e me dá um beijo na bochecha, feliz por me ver. 

- Vai onde? - ela pergunta com tranquilidade.

- Na cidade, comprar presentes. 

- Não precisa, bobinho. - ela passa a ponta dos dedos quentes em minhas bochechas.

- Fale por você, estou louca por um scarpan preto número 36 que vi na Zara - Midge diz brincando e pisca pra nós dois. 

- Bom, anotado. Quem vem hoje a noite?

- Minha irmã Lucie, minhas sobrinhas Claire e Lucy, e meu sobrinho Alexander, acho que a Claire vai trazer a namorada e o Alex vai vir com a filhinha e o esposo. - Midge falou calmamente. 

- Hm - não consegui esconder o desconforto em minha voz, era muita gente desconhecida, afinal - tudo bem. 

Anna me olhava com os olhos preocupados e caminhou comigo até a porta. 

- É demais pra você? - porque se for, eu invento uma urgência e nós passamos o natal em algum hotel com comida. - ela fala, calmamente. 

- Você faria mesmo isso por mim? - pergunto, incrédulo. 

- Claro. Te tiramos de casa pra não ser obrigado a ir pra casa de seu pai, não quero que estar aqui seja mais um peso pra você - ela coloca as duas mãos no meu rosto - eu não sabia que esse pessoal todo vinha, sempre é só minha mãe e eu. 

Ela faria mesmo isso por mim. E me sinto mais impelido e ser o melhor de mim essa noite, porque, ela está tão fodidamente feliz por estar com a mãe e iria embora só para que eu não me sentisse mal, vou ser o melhor que eu puder ser. 

- Ei, tá tudo bem, obrigada. - fui o mais sincero possível e beijei seus lábios com uma urgência surpreendente até pra mim, mas fiquei feliz até mesmo com isso. 

Ela sorriu e eu passei pela porta, olhando ao redor, a neve tomava tudo, era um mundo branco e frio. E eu gostava muito do inverno, então, tudo bem. 

Entrei no carro e fechei a porta, abro os vidro e inspiro o ar quente que vem de fora, não me importo com ele, gosto do frio. Coloco uma música do Daniel Ceasar e pego a direita pra via que dá na cidade. A estrada é escorregadia e me obriga a dirigir mais devagar do que eu planejava, mas me dá tempo pra pensar. No fim das contas, eu decido que, eu ainda tenho sentimentos pela Theresa, sentimentos que eu deixava o mais afogados possíveis e, sem dúvida, sentimentos que diminuíam a cada dia. Eu amo mesmo Anna e estou feliz com ela, ela me aceita e cuida de mim, não deixa que eu me sinta o merda que sempre me sinto, faz com que eu seja genuinamente impelido a melhorar e não apenas pra não aborrecê-la. 

After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora