Joe.
Visto calças jeans escuras e uma camiseta azul, saio rápido pela porta sem avisar a ninguém, estou ansioso, nervoso, talvez com um pouco de medo.
O carro corre rápido pelo asfalto escuro, e quando eu finalmente chego até a praia, a vejo sentada na areia, com jeans, uma touca e de mochilas, brincando com alguns pássaros.
Ela está linda. Preciso respirar fundo para tomar a coragem necessária para ir até ela.
É uma coisa interessante descobrir como uma pessoa se torna o amor da sua vida. Pra mim, foi gradual e divertido, eu a conheci, me encantei com os olhos, os lábios, as mãos, o sorriso, tudo o que veio depois apenas contribuiu para o que eu já sentia. Depois de tantas idas e vindas, de tanto sofrimento, ela está sentada, esperando por mim.
Eu caminho até ela, que se coloca de pé quando me vê, os olhos grandes e claros cheios de lágrimas, os lábios contraídos em um sorrisinho calmo e discreto, meu coração está cheio, cheio de tantas coisas que eu sequer poderia explicar, como os sentimentos correm e escorrem por mim.
Mas tudo que consigo fazer é estender a mão e tocar seu rosto lindo, ela repousa a bochecha em minha palma, dá um sorriso desajeitado e me olha com os olhos mais lindos do mundo.
- Eu sinto muito. - murmuro com nervosismo.
Ela dá mais um sorriso, um daqueles que diz que está tudo bem, então eu me aproximo e abraço seu corpo quente e vulnerável, sinto o cheiro de seus cabelos, lavanda, como sempre. Ela é essa sensação de casa que me fazia falta, nada está completo sem ela. Ela faz o dia mais bonito, as noites mais tranquilas, as tardes mais alegres. Não existem formas de viver sem ela, sem sua empatia, sem sua energia, sem sua força e fibra.
Ela continua com os braços em volta de mim, enquanto eu inspiro seu cheiro gostoso e doce, seus olhos estão fechados, eu não peço a ela que abra, passo preciosos minutos aproveitando e me deleitando de sua presença, da saudade que nunca para, do amor que nunca se esgota, porque amá-la nunca foi um peso, sempre foi parte de mim como respirar ou caminhar, como jogar futebol, como dirigir.
Anna.
Ele está lindo, cheiroso, particularmente cheiroso, os grandes olhos castanhos puxados como olhos de gato, os dentes grandes, redondos e brancos enfileirados no sorriso que eu mais sentia falta no mundo.
Duas semanas difíceis, infernais.
Joe e eu fomos para casa. Eu nunca tirei as coisas dele ou tomei seu espaço nas gavetas, uma parte, uma grande parte de mim sabia que ele voltaria, porque nós nos devemos isso. Depois de tantas traições, dele, minhas, depois de tanto cansaço, depois de tanta dor e depois de tanto julgamento. Ali estávamos nós, sentados na nossa cama, a janela aberta deixando entrar a luz de fim de tarde que ele mais amava.
Eu o contei sobre minhas semanas. Sobre minha mãe, ela que sempre esteve ali, que sempre fora meu porto seguro, minha paz e a luz de minha vida, contei a ele do meu cansaço, contei a ele sobre meu pai. Edgar.
Nos vimos faz dois dias. Eu aceitei seu pedido para um café, foi complicado, um tanto estranho, mas no fim das contas eu consegui tirar alguma diversão daquilo tudo. E talvez... talvez eu sinta alguma saída, alguma forma de que tudo... se resolva? Eu não sei. Mas eu quero, eu quero apaziguar minha vida, eu quero encontrar a paz que preciso, encontrar a paz dos traumas, das mágoas e dos medos que tenho dentro de mim.
Perdoar Hardin, perdoar Edgar, meu pai. Perdoar Joseph, por tudo, por Molly, por tudo.
Porque eu finalmente me sinto em casa. Com ele. Isso é tão bom.
É tão frustrante e cansativo se sentir como alguém adormecido dentro de si próprio, do seu próprio cansaço, da sua própria dor. O perdão, você se liberta quando liberta o outro, e ali, deitada e banhada sob o sol do fim de tarde, com a cabeça repousando no peito aberto e quente de Joseph, eu finalmente me senti em casa, como não me sentia a muito tempo.
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After Anna
FanfictionAnna Todd é uma diretora e escritora que vê sua vida virar do avesso quando acorda no mundo de livros que ela mesma escreveu, onde ''conhece'' o bad boy Hardin Scott e convive com o misterioso, mas familiar Joseph. Contada pela perspectiva de inúmer...