01

333 12 2
                                    

Bom dia, Anna!

BOM DIA, ANNA!!!!!!!!!!!!!!!

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM DIIIIIIIIIIA, ANNNNNNNNAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!

Desligo a droga do despertador que me dá dor de cabeça e, caramba, por que eu deixei o Raphael gravar esse áudio estúpido com essa voz enjoada? Hunff, bela forma de acordar.

Levanto da cama, minhas pantufas fofinhas ninham meus pés desse frio que tá fazendo hoje em Seattle, vou até o chuveiro e encho a banheira de água quentinha e espuma de lavanda, só um banho relaxante pra me fazer sobreviver as 3 coletivas de imprensa, 2 programas de tv e uma rádio que vou ter que enfrentar hoje pro pré lançamento do último filme da série, meu celular está acabado de mensagens dos fãs, vídeos chorando, até mensagens dizendo que se eu não me virar e escrever outro filme eles vão se / me / nos matar, adolescente é foda.

De qualquer forma, me sinto orgulhosa do trabalho incrível que eu e minha equipe fizemos com After, e até fico triste com o final disso tudo, mas, ora bolas, não aguento mais, 7 anos de After e eu não aguento mais ouvir os nomes: Hardin / Tessa / Hessa, é cansativo ser criativa pra caramba além de linda e famosa, ui ui.

Tiro meu pijama e o ar gélido de Seattle quase me mata, aimeudeus, coloco meus pés na banheira quente e aimeudeus eu devo estar no céu, o cheiro de lavanda, o incenso de canela, a espuma branca límpida e essa sensação de estar em casa, mesmo que esteja a quilômetros de New York é tudo de bom, hmmmmm, sinto que posso dormir aqui dentro.

Acordo uns 40 minutos depois com os dedos enrugados terrivelmente e com a voz do Robert Pattinson perguntando o que ele é e a Kristen Stewart respondendo: VAMPIRO, que eu, como uma boa fã, coloquei de toque do celular, droga, a Patricia me ligando e, parabéns, Anna, são 9h45min, eu tenho que estar em um avião pra Wisconsin em 25min, droga.

Atendo o telefone:

- ANNA, CARAMBA, CADÊ VOCÊ? SABE QUE HORAS SÃO? - Patricia berra no telefone

- aimeudeus Paty, me desculpa, já estou a caminho, chama meu uber? - respondo tentando esconder a voz de sono.

- Meu deus Anna, eu vou te matar, tô chamando seu uber, esteja na portaria em 5 minutos, OUVIU? - berra novamente, pra uma ruiva de 1,55, Paty sabe como mandar.

Levanto correndo da banheira, tiro a espuma do modo mais desajeitado do mundo e agradeço aos céus por ter feito o cabelo antes de dormir, coloco um jeans rasgado de cintura alta, camiseta preta xxg que fica no meu joelho com o nome: HESSA, tenho que fazer meu marketing, coloco um cinto pra evidenciar essa cintura linda que deus me deu não é? Enfio umas roupas na mala e todas as minhas maquiagens de qualquer forma e calço um scarpan, uns colares e meus 10 anéis de prata (ok, tenho uma obsessão, me pegou), corro com a mala pelo hotel enquanto Robert Pattison pergunta o que ele é e Kristen Stewart responde: VAMPIRO, todo mundo me olha e dá uma risadinha, coloco meus óculos Prada e já me sinto novamente a executiva linda e poderosa que eu sou.

Entro no uber e confiro meu whatsapp, quase 30 mensagens ameaçadoras de Paty: ''VOU MATAR VOCÊ, ANNA TODD'', ''Você ainda não está na porta?'', ''O UBER TÁ A 4 MINUTOS ESPERANDO SUA LOUCA''. Só consigo gargalhar de todo o desespero de Paty e me sinto meio culpada pela cochilada na banheira, fiquei até as 3am lendo as mensagens dos fãs no instagram e respondendo todos os quais eu consegui, foi um bom trabalho, 2mil mensagens lidas e respondida. A caminho do aeroporto quase me permito outro cochilo, mas ligo pra meus protagonistas, um de cada vez e pergunto como estão, mais uma conferida no twitter e wattpad e pronto, estou lá, a conta foi paga no cartão, Paty, claro, pensa em tudo, desço na correria e sou parada duas na saída do uber, adoro a atenção dos fãs, só não quando tô apertada pra fazer xixi, atrasada e com Paty no meu pé pra eu ter mais atenção... ''Você é uma diretora, Anna.'', ''Você é uma mulher de negócios, Anna'', ''Para de ser tão criança, você tem 27 anos, Anna''. Fico exausta com tanta cobrança e queria estar dormindo.

Entro no jatinho todo preto com o nome: AFTER escrito em branco enorme, me acomodo em uma poltrona luxuosa e agradeço por Paty já estar em Wisconsin e eu finalmente poder descansar, olho as casas e prédios de Seattle ficarem pequenas como formigas e espero que todos os meus problemas sumam como as casas somem conforme o jato percorre seu trajeto. Finalmente durmo.

Quase 4hrs depois, chego finalmente até meu destino, abro a porta do jato luxuoso e vejo uma multidão de fãs, repórteres e pessoas curiosas e cambaleio com tanta luminosidade e ruído dos gritos das pessoas, minha cabeça dói demais e eu fico muito tonta. Paty aparece assim que desço as escadas com certa - muita - dificuldade.

- Surpresa, Anna! - Paty diz com animação.

Eu cambaleio mais uma vez e reviro os olhos, Paty segura meus braços e me mantém de pé.

- Anna, tudo bem?

- Que porra é essa Patricia? - balbuceio

- Marquei uma coletiva de imprensa na saída do voo, tentei avisar, mas você ficou o voo todo sem tocar no celular, An.

- Você sabe que eu estou exausta, caralho, eu quero sair daqui e ir pro hotel. - falo, com raiva.

- Agora, na frente dos teus fãs, não é hora de DR, levanta essa carcaça e vai falar com os repórteres, depois você toma café, bebe coca, faz o que quiser. - Patrícia murmura.

Gostaria de ser mais forte, mas obedeço. Caminho até a chuva de câmeras com enjoo e com Patrícia atrás de mim, e respondo as perguntas... sempre as mesmas perguntas.

''Se não o Hero, que outro ator você escolheria para o Hardin?''

''É verdade que tem mais um filme sendo produzido para After saga?''

Respondo com calma: sim, não, o Hero é nosso Hardin perfeito.

Quando saio, uma enxurrada de fãs vem ao meu encontro e eu me alegro, abraço, tiro fotos e logo caminho para o carro, com Patrícia buzinando no meu ouvido.

- Eu não sei o que você tem na porra da cabeça! Amanhã seu chilique estará em rede nacional, acha que é isso que os Afterfãs querem?

- Eu tô cansada, de você, dos repórteres, de tudo, me deixa em paz.

Com a cabeça explodindo, vou até meu quarto no hotel ignorando a chuva em minha cabeça e o cansaço do meu corpo, subo o elevador sem mesmo fazer check-in, a recepcionista me conhece, enquanto o elevador sobe lentamente com uma música estúpida e seu papel de parede bege eu arranco meu scarpan e sinto as lágrimas quentes em meu rosto, o peso da cobrança sobre meus ombros está me matando.

Quando a porta do elevador se abre e quero correr até o quarto 24, uma figura aparece em minha frente, um homem alto, acho que 1,85, cabelo escuro, ondulado e grande o suficiente para um cacho ou outro bater no nariz enquanto ele levanta a cabeça e passa as mãos no cabelo, para jogá-lo para trás, uma calça moletom preta, camisa bege com o nome: HEY JUDE! em letras garrafais e sapatos escuros entregam que ele está indo até o bar do hotel, ou ao restaurante.

- Oi, tudo bem? - pergunta com preocupação.

Sua voz é linda e grave, eu tento limpar minhas lágrimas e vejo que minhas mãos estão pretas, maldito rímel, devo estar um caco na frente desse monumento.

- Ah, hm, estou. - murmuro

Ele tira uma mecha loura colada pela lágrima de minha bochecha e coloca atrás de minha orelha e sorri. Eu vou pular e beijar esse homem aqui mesmo.

- Como é o seu nome?

- Anna, Anna Todd, e o teu?

- Joe.

Pego meu cartão com meu número e ainda no elevador, deixo cair ''sem querer'' enquanto ele segura a porta com seus braços, meu deus esses braços. Viro e saio andando.

- Até mais, Joe.

Ele sorri e gosto como o nome dele fica na minha boca.

After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora