After Anna

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Hardin. 

Hoje é o lançamento do livro dela. Vance está animadíssimo e não posta sobre outra coisa em suas redes sociais. 

Depois de ver ela e Joseph fortes como nunca minha ficha finalmente caiu completamente, compreendi que eu jamais poderia fazê-la feliz como ele faz ou dar tudo de mim como ela doa, ele é perfeito pra ela e ponto final. 

Eu e Tessa... nós estamos tentando. Ela é boa pra mim, certamente melhor do que eu jamais mereci dela, ela me compreende e me ajuda e com o tempo, coloca a mão dentro de mim e puxa do fundo do meu peito o amor que eu sentia por ela e transforma em algo real, acho que agora eu vejo com mais clareza que as coisas... as coisas tem que ser assim pra ser boas, pra serem certas. 

Ela está deitada na cama com os olhos fechados curtindo a brisa leve que entra pela janela e os raios curtos de sol que iluminam sua pele. Eu me aproximo dela e beijo sua testa. Ela dá um sorriso tranquilo e não muda sua posição, pego o exemplar do livro de Anna e a chave do carro e saio. 

Eu disse a ela ontem que iria ao lançamento, mas que se isso a fizesse sofrer eu desistiria sem pensar duas vezes. Ela me disse que tudo bem, que não poderia apagar quem Anna foi e é pra mim e que viveria bem com isso. Então eu a amei ainda mais pela compreensão e pela bondade comigo. Como ela ainda pode ser tão boa comigo? Eu bem sei que mereço algo diferente disso da parte dela, mas ela continua tentando, continua me amando. Essa é a melhor e maior recompensa possível. 

Entro no carro e dirijo sem pressa até a livraria, que está completamente lotada, a fila dobra a rua, ela é muito talentosa e seu trabalho está começando agora a ter o reconhecimento que merece! Pego o celular e vejo sua entrevista, a forma feliz que ela fala dele, como parece plena e completa agora. 

Isso, de alguma forma, me alegra também. As horas passam lentamente até que a fila acabe, pego o livro com as mãos trêmulas e entro na fila, Midge está lá, ela lança um sorriso leve pra mim, enquanto sua família que conheci no natal me olha um pouco assustada, como se eu estivesse indo até lá para machucá-la, quando tudo o que quero é que ela veja que estou feliz por ela, que podemos.... ser... amigos?

Joseph, como um cão de guarda, está encostado na parede a menos de 5 metros dela, mexendo no celular e roendo uma unha, ele não me vê. 

Ela está linda, parece um pouco cansada, mas quando levanta os olhos e me vê, me entrega um sorriso sincero. Isso me amedronta. 

Tento controlar o tremer das mãos, mas como um idiota, coloco o livro na mesa, com medo de que ela perceba meu tremor, passo as mãos continuamente pelos cabelos. 

- Oi, Hardin. - ela diz. 

Dou um sorriso fraco e meio nervoso pra ela e continuo passando a mão pelos cabelos com nervosismo até perceber que está ridículo e parar. 

- Oi, escritora promissora de sucesso. - digo.

Ela fica totalmente vermelha e coloca a mão no rosto. 

- Você viu aquela entrevista?

- Você foi ótima. - digo, ainda um pouco inseguro. 

Ela sorri e assente com a cabeça quando começa a escrever no livro e vejo que não é só mais uma dedicatória e sim que ela está escrevendo um pequeno texto pra mim, isso me deixa mais nervoso. Observo, tentando ler alguma coisa, mas ela não deixa. 

Ela coloca o livro em minhas mãos e eu sorrio. 

- Parabéns pelo livro. - digo, pra acabar com isso. 

- Obrigada. Não só pelo elogio como pela oportunidade. 

Ela diz com tamanha tranquilidade, carinho e gratidão que meu peito se enche e eu não consigo não arregalar os olhos. 

No carro, tentando me sentir menos perplexo, deito a cabeça no banco e respiro fundo, com medo de ler o que ela me escreveu. Alguns minutos de ansiedade depois, eu me arrumo no banco e abro o livro, que está com a contracapa toda marcada por sua letra. 

''Hardin Scott. 

Esse dia não seria possível se não tivesse acreditado em mim desde o começo e me indicado pra um trabalho que nem eu mesma acreditava que conseguiria. Obrigada pela confiança e por tudo, tudo mesmo. 

O que passou ficou onde deve estar, no passado. Não sinta culpa, eu te livro totalmente dela. Não sei se funcionamos mais como amigos, mas você pode contar comigo. 

Com muito amor e gratidão, de Anna Renee Todd, para Scott.''

Não consigo impedir que as lágrimas saltem de meus olhos desesperadamente e aperto o livro contra o peito, deixando que o ódio, a culpa e o rancor saiam junto com ela. 

''Me perdoa, me perdoa, me perdoa.'', eu sussurro, não só pra ela, mas pra Tessa, Natalie e tantas outras garotas que magoei por puro ego e por ser mais um merda dissimulado. 

Eu posso ser melhor. Ela me perdoa. Eu posso ser feliz com Tess, posso escrever, posso viajar, posso viver. 

Porque eu vivi minha vida por muito tempo preso a uma culpa que me prendia como uma corrente que amarra ao pé da cama e eu ficava lá por tempo demais. 

Agora, depois de tanto tempo, me sinto uma pessoa livre novamente, não totalmente boa, não quero ser hipócrita, mas me sinto mais feliz e mais... vivo. O perdão me deu a vida de volta.

Porra, Hardin. Você é livre. 

Disparo com o carro até uma loja no shopping e entro, com a cabeça finalmente erguida, entro numa loja linda de jóias, toda de vidro com vitrines bonitas cheias de colares e anéis. 

A atendente me dispara um olhar sexy, mas eu não sinto nada, embora ela seja bem gostosa, eu estou muito focado no que vim fazer aqui. 

Pego um par de alianças prata com o símbolo do infinito talhado por dentro e um anel com uma pedrinha azul. 

Passo no mc donald's e compro comida e vou pra casa.

Tessa está deitada com a bunda pra cima escrevendo em seu laptop, beijo sua bunda e ela se vira pra mim e sorri, se senta em meu colo e me beija.

- Casa comigo. - murmuro. 

Seus olhos se arregalam e ela coloca a mão na boca. 

- Isso é uma pegadinha? - ela sussurra, perplexa. 

- Não, Tessa, quero que se case comigo. - digo, falando cada palavra devagar e explícita, pra que ela perceba. 

- Ah, Hardin. Meu deus. - ela diz, com os olhos derramando lágrimas.

Ela está linda, e eu sei, mais do que tudo, que é quem eu quero pra mim. 

- Então? - pergunto, ansioso e impaciente.

- Claro que sim, Scott. - ela sussurra, com a voz embargada e com um sorriso no rosto.