Hardin.
Raios fracos de sol penetram as cortinas que se movem freneticamente pela ventania que se forma do lado de fora da janela. Abro os olhos e vejo Anna dormindo linda ao meu lado, a boca vermelha e os olhos tranquilos. Suas mãos em volta de mim e sua cabeça em meu peito. Me esforço ao máximo para não acordá-la enquanto me levanto lentamente da cama.
Olho o relógio, 15h.
Ontem foi um dia cansativo e todos nós precisávamos mesmo dormir. Caminho até a janela e vejo a neve forte e alta cobrindo o gramado. Me deparo com meu casaco em cima da mesa, puxo ele para que não congele e a caixinha preta com o anel de compromisso de Anna cai no chão. Pego ela e encaro por alguns minutos. Vou fazer isso hoje, de forma que seja romântico pra ela. Num jantar, algo assim.
A ideia me deixa nervoso. Visto uma calça pesada e uma camisa preta e calço os sapatos, limpo o rosto no banheiro rapidamente e vou até a cozinhar procurar algo para comer, minha barriga está completamente vazia.
Midge está lá, completamente agasalhada, preparando café quente, sinto o cheiro e já me sinto mais disposto.
- Olá. - minha voz está seca e rouca e sinto minha garganta doendo.
- Oi, Hardin. A voz está péssima, não é?
- Pois é, está mesmo muito frio.
Ela sorri e pega dois comprimidos numa caixinha de madeira dentro do armário. Me dá e enche um copo d'água.
- Bebe isso, é quase um veneno - ela sorri - quero dizer, funciona, sabe?
Eu sorrio, sem querer falar nada e tomo o remédio. Midge ri e se vira pra pia, preparando alguma coisa com ovos e farinha. Panquecas, eu suponho.
Depois de tomar o remédio, coloco uma caneca de café e me sento num banco alto na bancada grande da cozinha e bebo lentamente o café, passando a ponta dos dedos pela borda da cabeça. Com os pensamentos fluindo pela mente.
- Hardin... - a voz de Midge é leve, mas eu sinto nela o mesmo tom de quando ela falou sobre Theresa.
- Sim, Midge? - levanto os olhos, dando mais um gole no café.
- Sobre o que falamos antes. Seu outro amor. - sua voz era calma.
Eu não queria entrar nesse assunto, mas parecia inevitável. Era como se Midge fosse a predestinada pra tirar isso de mim. Arrancar confissões e que eu pudesse me abrir, como a porra de um terapeuta.
- Não existe outro amor. - digo calmamente, passando os dedos pela caneca.
E não existe mesmo. Não vejo Theresa como meu amor. Vejo ela como um passado que ainda machuca no fundo do peito.
- Existe... Hardin. Talvez não outro amor - ela para a frase para provar a massa com a ponta do dedo - mas outra pessoa que mexe com você.
- E você é o quê, vidente ou algo assim? - minha frase não saiu áspera como eu queria, saiu mais como uma real e boba curiosidade.
- Não exatamente. Eu sou uma observadora das pessoas, por fora e por dentro delas. - Midge abandona a massa e se vira pra mim.
- O único amor dentro de mim nesse momento é o que pulsa pela sua filha, Midge.
Ela sorri e se vira de volta pra massa, colocando mais mel.
- Eu acredito. Mas, e essa outra pessoa, o que ela te fez, Hardin? - ela perguntou, e mesmo de costas eu poderia saber sua expressão.
- Ela chegou, me mudou e foi embora. E eu voltei pra mesma merda que eu estava. - as palavras saíram como o vento e eu não controlava bem o que dizia. Meus olhos se embargaram.
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After Anna
FanfictionAnna Todd é uma diretora e escritora que vê sua vida virar do avesso quando acorda no mundo de livros que ela mesma escreveu, onde ''conhece'' o bad boy Hardin Scott e convive com o misterioso, mas familiar Joseph. Contada pela perspectiva de inúmer...