After Anna

07

Acordo, esfrego os olhos e tento me levantar, mas sinto o peso dos braços de Hardin ao redor de mim e suas pernas em cima das minhas, esqueci de fechar a janela e por isso o sol está forte demais dentro do quarto e ficar mais 15 minutos com esse raio de sol no meu rosto vai me irritar, tento desvincilhar Hardin de mim mas ele acorda, passa as mãos nos olhos e olha pra mim, com um rosto meio incrédulo, como se estivesse acordando de um sonho.

- Bom dia, Scott.

- Hm, bo-bom dia, loira.

Me levanto da cama, visto uma camiseta branca e me enrolo da cintura pra baixo com uma toalha preta e prendo os cabelos num coque, me preparando pra tomar um banho, Hardin me observa de longe com uma expressão confusa mas eu sinceramente, sei o que ele está pensando: ''Dormi com ela e agora ela está apaixonada pensando que somos um casal'', sou mais que uma adolescente, mesmo que, no momento, esteja no corpo de uma.

- Onde você vai? - ele pergunta baixinho.

- Tomar um banho.

Antes que ele possa dizer mais alguma coisa, me poupo do constrangimento e vou até o banheiro, ligo a água gelada, no meio do inverno, porque preciso acordar, no começo é incômodo e preciso dar alguns pulinhos, mas depois me acostumo com a temperatura e as coisas ficam bem mais fáceis. Preciso acordar desse sono, tirar o cheiro de Hardin de mim e processar o que houve noite passada em minha mente, alguns momentos de memória vem na minha mente, ele chamando meu nome, beijando meu corpo, colocando os cabelos pra trás sob a luz azul do painel do carro e me abraçando pra dormir, seu sorriso pretensioso, seu sotaque. Ele é uma pessoa difícil de esquecer, mas eu também não sou nenhuma bobinha, não é o primeiro homem inesquecível que eu durmo, e prometi pra mim mesma curtir isso sem a pressão de me obrigar sentir nada por ele, porque eu sei que no momento não tem espaço pra isso, nem ele merece, nem deu a entender que deseja isso.

Caminho até o quarto com os cabelos molhados e pensando no que dizer em seguida, quando entro, Hardin está vestido, e pelos meus pressentimentos, ele iria embora sem eu chegar no quarto, pelos meus pressentimentos e pela cara de surpreso que ele fez quando me viu entrar no quarto.

Hardin.

Nada do que aconteceu ontem foi um sonho, ela acordou mesmo em cima de mim, vestiu uma camiseta e foi até o banheiro, se eu não estivesse um pouco apavorado teria agarrado ela ainda nua, com o cheiro de ontem, com o cheiro doce que ela mesma tem.

Enquanto ela vai até o banheiro, eu decido ir embora, penso que é covarde e que não é uma atitude condizente com os sentimentos que venho tendo por ela e que vai deixar ela puta, mas bom, no momento eu percebi que não adianta muito lutar contra o medo que eu ainda tenho de gostar de alguém, mesmo que esteja jogando fora uma oportunidade incrível.

E se ela me odiar por sumir? Se ela estiver apaixonada? E se não estiver?

O que eu estou pensando, claro que está, que ficou com ciúmes da recepcionista peituda de ontem e que só está esperando voltar do banho pra me chamar pra tomarmos café juntos...

Droga.

E se me virem com ela? se falarem pra Theresa?

Merda, Hardin, por que você precisa ser tão imbecil?

Me visto rápido e enquanto calço o último sapato ela entra no quarto, droga, tá na cara - na minha cara de merda de culpado - que eu estava saindo de fininho antes que ela chegasse.

E ela tá tão gostosa, enrolada com essa toalha preta, que fica com um vinco em suas coxas grossas, cabelos molhados e mal secos com os pelinhos da nuca escorrendo algumas gotas de água, perfume fresco de laranja e as pantufas roxas que não combinam em nada com ela.