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Duas semanas depois. 

Joe. 

São três da manhã, meu quarto parece agora pequeno demais e escuro demais pra mim. Troco a música dos fones e continuo olhando para o teto branco, iluminado pela luz azul da minha tela de descanso do computador. 

Eu estou na casa da minha mãe. Eu e Anna estamos... dando espaço um para o outro. 

Nós tentamos conversar, mas não foi exatamente bom, estou sobrecarregado e ela cheia demais, isso é... necessário. Desisto de dormir e levanto da cama, indo no banheiro tomar uma ducha gelada, a água está congelando, de uma forma que sinto meus braços e pernas adormecendo, mas relaxo a cabeça na corrente gelada e deixo meus músculos se enrijecerem e depois relaxarem automaticamente. É complexo, tudo, complexo demais. 

Eu sinto muito sua falta, parece que falta uma parte de mim que ficou com ela. Não nos falamos diariamente, eu nem toco no celular se não for pra mudar a música ou desligar um alarme. É... solitário. Não necessariamente ruim, mas solitário. Faz muito tempo que não estou tão conectado comigo mesmo como agora.... é uma sensação nova, interessante, boa. 

Desligo a água e volto pro quarto, coloco uma calça moletom e uma camiseta preta de mangas curtas, os fones e a carteira e chaves no bolso, saio pela porta e me viro para trancá-la, passo o dedo por uma das chaves, a chave do apartamento. Então jogo no bolso e começo a correr, as ruas passam como vultos, meu corpo recebe toda a rajada de ar frio nos peitos, eu respiro fundo, deixando que meu corpo se canse, se desgaste e desista de ficar tão acordado, estou cansado de pensar e pensar, então só fecho os olhos e corro, ruas, quarteirões passam por mim, por alguns momentos, parece que aquilo não é nada. É bom. A sensação de liberdade. Incrível. 

Hardin. 

Por que eu não consigo mais dormir? 

A casa está completamente vazia sem Tessa, assim como eu estou. Quando cheguei, ela já não estava aqui, suas roupas estão todas dobradas milimetricamente no meu armário, no entanto, fazem duas semanas que não a vejo. Ela está com Landon, pediu um tempo, eu soube por ele. 

O que me restou foi respeitar, porque eu nunca fiz isso por ela, e talvez seja a primeira vez que eu esteja fazendo algo decente na porra da minha vida. Nem que me custe muito, porque com certeza me custa. 

Ouço um som vindo da porta, batidas. Eu corro, esperando por qualquer coisa, sem saber o que esperar às 3 da manhã. Quando abro, Anna está parada, com calças jeans pretas rasgadas nos joelhos e uma camisa roxa enorme para seu corpo, ela tem algumas olheiras nos olhos e os cabelos estão presos. 

Surpreendente. De forma que eu dou um passo pra trás, sua expressão parece nervosa e confusa, eu apenas dou dois passos a mais pra trás e ela entra, fecho a porta e me sento ao seu lado, com a xícara de café de volta nas mãos. 

Anna. 

Ele parece cansado. 

Uma camiseta branca surrada, olheiras, boca seca. 

Sintomas da dor, o corpo sente e aguenta o baque como pode. 

Mas eu sei porque eu vim aqui, sei porque peguei meu carro e percorri alguns quilômetros até seu apartamento - que seria nosso - e porque agora estou sentada, observando-o beber café. A energia que emana de Hardin é fria, escura. Isso não é necessariamente ruim, ele sempre foi asssim, ainda nos momentos felizes, é sua essência. Da mesma forma que Joseph McCurty parece o sol em pessoa, quente, atrativo e claro, exposto com um livro aberto. 

- Hardin. - eu digo seu nome sentindo meu corpo reagir ao meu nervosismo. 

- Oi, Anna - ele diz, dando uma golada em seu café - eu estou intrigado com o motivo de sua presença depois que eu... soquei seu namorado. - ele termina a frase, parecendo constrangido. 

After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora