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Joseph segurou minhas mãos com a delicadeza de quem sabia que eu poderia quebrar a qualquer momento.

- Eu não vou te pressionar a nada. Eu estou aqui, eu vou estar ao seu lado. - ele murmurou me olhando nos olhos. 

 

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Meu coração de repente ficou quentinho eu tentei tirar toda a culpa das costas antes de pensar demais e estragar a beleza do momento. Eu sabia que deveria só deixar acontecer, me deixar ser sugada e abduzida por sua beleza estonteante, seu sorriso lindo, seus grandes olhos castanhos, o tom escuro de sua pele. E enquanto estivesse ao seu lado, tudo estaria bem.

- Bom, nós vamos ao rio? - ele me questionou animado. 

- Vamos amanhã? Eu estou sinceramente exausta, nem sei como vou aguentar a caminhada até o carro. 

Meu corpo estava formigando, eu estava exausta mesmo e só queria deitar esparramada nas almofadas da sala e procurar uma boa série para vermos. 

Juntamos nossas coisas, na verdade, Joe juntou tudo sozinho. Eu estava a tanto tempo presa em casa que sair e caminhar tanto, embora tenha me feito bem, me deixou exausta, quando organizamos as coisas e saímos para caminhar, eu me sentia melhor, por ter sentado e relaxado por alguns minutos. Queria montar um roteiro de trilhas.

Clareira, rio, cachoeira, penhasco. Queria ir a todos esses lugares e beber café neles, conversando com Joseph, sentindo seu calor. 

Estar com ele era um privilégio, ele era uma luz forte, sua pele era sempre quente, ele tinha um cheiro fresco, nada nele parecia pesado, complicado, chato. Ele era claro e direto: quero você, estou com você. 

Eu quem era a problemática da história, sempre repleta de medos, inseguranças, vontades malucas. Eu sabia que gostava dele, eu sempre soube, mas agora, quando ele veio e conseguiu me tirar do buraco que eu estava inserida, aí eu soube mais do que nunca que eu o amava. E eu o amo, eu sinto vontade de beija-lo, de provar seus lábios carnudos, morder sua pele morena, de cheirar seu pescoço, de abraçar, segurar sua mão. 

Mas... eu sou a problemática. E se eu não puder lidar com isso? Eu sequer comprei um celular. Eu não sei da certeza do meu futuro, e se eu magoá-lo mais do que eu consigo admitir que posso? Gostaria que ele não tivesse me dado esse poder, que nada em mim pudesse ferir e tirar seu sorriso. Eu sou uma bagunça, de incertezas, escolhas erradas. Eu não estava pronta pra ele, eu não estava pronta pra tanta luz em minha vida.

Então tive certeza que eu precisava mesmo era de descanso, que eu precisava aceitar a luz que vinha dele aos poucos para então recebê-la dentro de mim totalmente, iluminar essa casa escura aos poucos, uma vela aqui, outra ali, para finalmente estar pronta pra ele. Eu queria estar pronta pra ele. Queria, sobretudo, me sentir pronta pra viver minha vida. Eu me sentia como um fantasma que vaga por aí sem rumo, que não tem lar.

E quando ele veio, eu me sentia finalmente em casa depois de um dia complicado na rua. 

Enquanto caminhávamos e Joseph me falava sobre a temporada recente do seu time de futebol, enquanto via seus lábios se mexendo pra falar, e então, seus olhos grandes e puxados se repuxando mais pra abrir espaço em seu rosto para um sorriso tão luminoso, me lembrei de The Scientist, do Coldplay.

Quando ele abaixava os olhos, mostrando que estava triste por algo - vim aqui pra te ver, dizer que sinto muito.

Quando ele ficava tímido por alguma bobagem e escondia o rosto com a palma da mão - você não sabe como é adorável.

Gostaria de entregar a ele mais do que eu podia, o que ele merecia. 

Quando chegamos finalmente até o carro, eu já estava mesmo exausta, logo me vi adormecendo no banco do carro, enquanto ele dirigia. Não sei se em sonho ou acordada, mas meu corpo agiu por  vontade própria e eu sentei mais próximo a ele, deixando apenas o espaço para a marcha e abracei seu braço, repousando minha cabeça em seu ombro.

Joe. 

Ela está descansando, a luz do sol fraca batendo em seu rosto, o sol se escondendo aos poucos, sua mão segurando forte minhas costas, seu cheiro próximo demais do meu rosto.

Ela me quer. Não é difícil de enxergar isso. Está claro, como eu sei que a quero, como eu sei que a amo, como sei que sinto sua falta, sei que ela me quer. Ela tem medo, ela acha que vai me ferir.

Quero gritar que quero ser ferido. 

Quero gritar que a amo demais, muito. Vejo que ela pressiona seu corpo ao meu enquanto dorme, em busca do meu calor, isso me deixa feliz, e eu me sinto em tempos que eu poderia acordá-la com beijos quentinhos em seus lábios. 

Eu não tenho certeza de que um dia ela vai superar esse medo e me dar uma chance de estar ao seu lado, de provar que eu a amo, que eu não vou machucá-la. Já fiz isso antes, sei como dói quando vejo ela chorar e mais ainda quando sei que fui eu quem fiz isso. 

Quero que ela seja feliz, contente, quero ver seu sorriso largo estampando seu rosto, quero ficar marcado em sua pele como tatuagem e não como cicatriz. As duas são marcas eternas, mas uma, é pela vontade e desejo de quem tem e a outra é um percalço da vida, e eu quero que ela sinta como eu posso fazê-la feliz, quero que sinta que eu a quero. 

Posso esperar. Sou um cara paciente. Vou esperar até que esteja pronta, vou tocar nela como se fosse a primeira vez, eu não vou me apressar, não vou forçar nada, vou me manter a distância o suficiente para que ela possa pegar impulso e pular em meus braços. Não posso negar que me sinto sim medroso e inseguro, mas está tudo bem. 

Vai ficar tudo bem.

Dirijo devagar pelas estradas molhadas para aproveitar cada segundo de seu cheiro em meu pescoço, está quase totalmente escuro quando os faróis iluminam a casa de Midge. Ela aparece na porta com um sorrisinho no rosto. Quando desligo o carro, Anna abre os olhos devagar e sorri ao ver que está ao meu lado. Ela me quer. Ela se afasta devagar e se encosta no bando, fechando os olhos. Ela me quer. Deixo as mochilas no carro e abro a porta que ela está, puxo delicadamente seu corpo até próximo de mim e passo um braço por suas pernas. Ela me quer. O outro braço por suas costas e ela deliberadamente encosta a cabeça em meu peito. Ela me quer. Beijo sua testa, ela faz um bico. Ela me quer. 

Caminhamos até dentro de casa, e sinto sua respiração pesada mesmo, sei que agora dormiu. Midge nos olha com um pequeno sorriso no rosto. Levo ela até o quarto e deito seu corpo na cama. Quando a coloco, ela abre os olhos e torce o nariz.

''O que foi?'' ''Você.'' ''O que eu fiz?'' ''Longe, longe demais.'' E em alguns segundos estou deitado ao seu lado, fazendo carinho em seu cabelo enquanto ela me abraça, adormecendo. Seu cheiro me inebria e estou tão perto dela que quero puxar seu corpo mais perto, tirar essas roupas todas e sentir quem ela é. Coloco minha boca em seus cabelos para que possa puxar com o nariz o cheiro deles e durmo rápido demais com a interação de seu corpo no meu, com toda essa proximidade que senti tanta falta. 

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After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora