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Anna. 

Hoje é o lançamento do meu livro. 

É impressionante que quando você nasceu pra alguma coisa, aquilo simplesmente acontece, não importa o momento... ou  a vida. 

Acordo às 5 da manhã, fico andando de um lado pro outro até o nervosismo vencer e eu achar um cigarro velho no fundo da bolsa e acender, fumando na janela. 

A fumaça entorpecente entra em mim e me acalma um pouco, sinto as mãos quentes de Joseph em minha cintura e seu hálito em meu pescoço, ele beija minha bochecha e sinto sua bochecha se contrair em um sorrisinho. 

- Bom dia. - murmuro, jogando o cigarro já pela metade da janela e me virando pra caber em seu abraço.

- Bom dia, fumante. - ele sussurra com a voz de sono se torcendo num tom brincalhão. 

Eu reviro os olhos e ele sorri mais forte, com seus dentes lindos todos perfeitamente enfileirados e alinhados, eu perco um pouco do fôlego. 

- Será que vai ser sempre assim? 

- Hm - ele torce o nariz - assim como? 

- Eu sempre vou perder um pouco do fôlego toda vez que você sorrir? 

Ele sorri mais sinceramente ainda. 

- Espero que sim. 

Ele me surpreende com um beijo nos lábios, profundo e delicioso, mesmo odiando o gosto do cigarro, ele me beija e não para, segura minha cintura forte e me faz, literalmente perder o fôlego. Quando ele me solta, estou ofegante e ele sorridente. Ele joga o corpo devagar em cima do meu, como um gatinho que precisa e procura por carinho, eu não resisto - como nunca consigo - e me rendo também a seu carinho.

- Vamos pra cama, amor. - ele murmura.

Ele me coloca nas costas como um macaquinho e me leva até a cama andando devagar, me deito em seu peito ainda sorrindo do jeito desengonçado que ele me jogou na cama, ele sorri comigo e me abraça, fazendo carinho nos meus cabelos até que eu esteja totalmente relaxada. 

- Eu amo você, An. - ouço o som leve de sua voz, sem distinguir se é real ou parte de um sonho, já que estou totalmente entregue a ele.

Tenho um pesadelo, sonho que estou sozinha no lançamento do meu livro, ninguém foi, nem mesmo Joseph e minha mãe estão lá, estou sentada atrás de uma mesa de sei que ninguém vai aparecer, olho furtivamente pra baixo e vejo que minhas pernas estão... criando raízes no chão.

Raízes grossas e dolorosas penetram minha pele até que estejam da altura da minha cintura, grito alto esperando por alguém.

Mas ninguém vem. 

Meu pai, Edgar. Ele entra pela porta enquanto me debato batendo com os braços na mesa, ele está exatamente como estava numa foto antiga que achei dele quando criança, cabelos encaracolados e loiros como os meus, olhos claros, ele entra, com um cigarro na mão, me olha, enquanto me debato.

''Você é patética, e vai morrer assim, se eu não te amei, quem vai te amar?''

Eu choro, mas não mais pela dor física e sim por suas palavras. 

Então Hardin entra na livraria, suas botas velhas fazendo barulho no piso com um copo de whisky na mão.

''Até Molly Samuels é melhor que você.''

E joga o whisky em meu rosto enquanto me debato pela dor do álcool nos olhos.

E assim... uma sucessão de homens que me feriram entram e saem, dizendo coisas dolorosas e me deixando lá, cada vez mais presa. 

After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora