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Parecia, por alguns momentos, que o som das coisas era tirado de mim e devolvido aos poucos, até ser tirado de novo. Os sons se confundiam em um emaranhado de coisas eu não sabia mais o que ouvia e o que via, e se ambos eram iguais.

Hardin Scott conseguiu dilacerar meu coração. 

Na maioria do tempo, eu evitava pensar nele, evitava lembrar de seu nome ou de sua voz, porque, quando eu lembrava, lembrava de Molly em cima dele. 

Eu não me importava com o toque físico. Ele me traiu. Não quando a tocou, mas quando quebrou as promessas que me fez. E eu acreditei mesmo nele, quem é mais estúpido, afinal? eu, ou ele? Eu não sei. 

Faz um mês desde que ele me deixou. Eu penso sempre que ele me deixou, porque foi assim, não é? Quando ele decidiu procurar aquelas pessoas, quando beijou Molly, quando aceitou as drogas que tomou. Ele silenciosamente decidiu me deixar. 

Eu só soube o quanto de mim estava com ele quando ele me deixou. 

Não imaginei que doeria tanto. No primeiro dia, eu chorei tanto que não conseguia enxergar. Mas agora, eu acho que são só as dores em meu peito, dilacerado e esburacado como uma rocha que se fura com uma furadeira qualquer. Estou totalmente ferida e machucada. 

Joguei meu celular fora. Mudei meu e-mail. Saí do alojamento. 

Por que? Eu não queria, não quero, suas explicações. Ele usou MD, confundiu Molly comigo e deixou que ela o chupasse. E isso redime ele por algum momento pra mim? Eu não acho que redima. Estou totalmente magoada. E nem sei se sinto mais nada. Os momentos de apatia, da ausência de dor, esses são os melhores momentos. Onde não me lembro de seu rosto, de seu nome. 

Aqui, na casa de minha mãe, onde vivemos lindos momentos. Nem consegui entrar em meu quarto. Durmo no de hóspedes. Na cachoeira, onde ele me prometeu tanto. E eu hesitei tantas vezes, mas, no fim das contas, caí em sua história como uma idiota. O anel em meu dedo, o colar em meu pescoço. Passaram a queimar em meu toque. Mas não consegui joga-los fora, estão... hm, não lembro mais onde os coloquei. 

Minha mãe... me ouviu chorar, me acalentou, me protegeu. Mas eu já estava ferida demais. 

Agora entendo quando Bella Swan se perguntava: ''De quantas formas um coração pode ser destroçado e continuar batendo?''

Eu tenho tido pesadelos. Sempre, quase todos os dias. Pesadelos onde esqueço meu nome, onde procuro por Hardin, onde grito seu nome, onde vejo ele sendo morto. Pesadelos e pesadelos. Sempre acordo gritando. Minha mãe está magoada, preocupada, vejo em seu olhar. Por isso, nas ultimas duas semanas, quando tenho pesadelos, eu me concentro ao máximo em meu inconsciente e mordo meus lábios, que já estão bem feridos. 

Hoje faz exatamente um mês. Zed me levou até o alojamento e me explicou o que aconteceu. Uma mistura de trama de Steph com crueldade de Hardin.

Claro que ele achou que eu fosse perdoá-lo por uma bebedeira ou um engano na cama e nós fôssemos morar juntos em um apartamento cheio de samambaias. 

Eu lhe disse uma vez: ''Se não temos confiança, não temos nada.''

E foi exatamente isso que ele destruiu, eu soube, no momento em que entrei naquele apartamento, ou melhor, no momento em que ele disse: ''Vai dormir, Anna.'', que nós não tínhamos mais nada. Eu só fui ao apartamento de Jace, porque, como uma pessoa a beira da morte, tentava me agarrar a tudo de bom que vivemos e quis acreditar que tudo iria se encaixaria. Mas não se encaixou, nem vai.

Tenho escrito muito, revisado durante o dia todo e mandado páginas para Vance todos os dias. Ele dá feedbacks em pessoa, me ligando ou mandando e-mails. Vance não disse nada sobre ele. Eu fiquei feliz. Melhor assim. 

After AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora