After Anna

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Anna. 

A livraria está lotada. 

Estou apertando cada vez mais forte a mão de Joseph porque minha alegria se mistura ao medo e estou ficando apavorada. 

Pessoas de todas as idades, gêneros e cores aqui juntas, todas sorrindo e ansiosas com meu livro na mão, quando eu chego de mãos dadas com ele, todo mundo sorri e dá gritinhos e batem palmas pra mim, sempre é como se fosse a primeira vez. 

Meu livro, uma história completamente diferente de After, nova, viva e reinventada, toda pra mim, toda escrita por mim, eu me sinto viva e feliz nesse lugar, não é nada como foi no sonho. 

Alguns repórteres tiram fotos e antes de começar a assinar os livros e falar com as pessoas tenho uma pequena entrevista. Uma repórter alta, magra, com pele clara e cabelos lisos ruivos se aproxima de mim com uma câmera e um gravador, ela se vira para o público e pede para que façam silêncio de forma educada e eu só fico mais nervosa, nunca dei uma entrevista em frente ao público dessa forma.

Ainda não consegui largar a mão de Joseph, quando a repórter faz menção a ligar o gravador eu caio em mim que já está na hora, como se tivesse saído de um transe. Ele beija meu ombro e fica logo atrás de mim, arrumando a mesa onde vou sentar para assinar os livros.

Ela se aproxima, sorri, me cumprimenta gentilmente e liga o gravador, enquanto todos me observam, silenciosos. 

- Estamos aqui hoje com a mais nova estrela dos livros juvenis, Anna Todd, com seu romance de estréia chamado Petúnia, ela foi previamente comparada com escritores famosos e talentosíssimos da mesma linha de escrita que ela como John Green e Stephanie Meyer. - ela diz, com uma voz calma e um sotaque inglês.

Eu firmo meu sorriso sem dentes de 'entrevista' e olho pra ela, tentando esconder um pouco da emoção que sinto.

- Bom, Anna, como você está se sentindo com tamanho sucesso no seu romance de estréia? - ela fala, com a voz lenta e pausada.

- Oi todo mundo, bom dia. Eu não poderia estar mais feliz em ver um trabalho reconhecido dessa forma. - digo, também pausadamente e beliscando a perna fora da câmera pra não gaguejar. 

- Que ótimo! E como se sentiu quando o próprio Green publicou em suas redes sociais estar lendo e adorando seu livro?

- Eu me senti tão feliz! John Green é um escritor brilhante que aborda temas dolorosos de forma tão gentil e delicada, fiquei imensamente grata por ele ter sequer mencionado meu nome. - digo sorrindo e vejo que expressei um pouco de nervosismo na frase. 

- Agora como uma promissora escritora reconhecida, quais são os seus planos?

- Escrever, sobre tudo e qualquer coisa, sobre distúrbios, alegrias, doenças, tristezas, assassinatos ou roubos, eu tenho muito mais conteúdo a oferecer. - digo 

Ela abre um sorriso grande e bonito e assente com a cabeça. 

- Bom, todos sabem que você é reservada sobre sua vida pessoal, apenas postando em suas redes sociais projetos profissionais e dicas para escritores. Porém, como uma pessoa pública, fica evidente que os fãs anseiam por saber algo mais sobre você, tem alguma coisa que queira revelar para nós hoje?

Sinto um frio na espinha. Realmente decidi por pouca exposição da minha vida pessoal na internet, já que antes, eu falava demais.

- Haha! - dou uma risadinha nervosa - eu sou uma pessoa bem comum na verdade, tenho quase 19 anos, faço faculdade de literatura com enfoque em escrita na WU, namoro um lindo jogador de futebol - dou uma risada nervosa e o público faz 'uuuuuu' - e, como todo mundo no mundo, tenho meus demônios internos. - termino a frase com tranquilidade, pra não dar peso as palavras.