Joe.
Acordei com o som de um copo quebrando na cozinha, levantei assustado pensando que alguém poderia ter se machucado e corri até lá, acabara adormecendo no chão da sala e quando me levantei, minhas costas estavam bem machucadas. Quando cheguei a cozinha, Midge estava limpando a bagunça do chão, uma xícara branca quebrou quando ela tentava tomar café.
Quando me viu, ela levantou os olhos e sorriu tranquila.
- Te acordei, Joseph? - ela perguntou um pouco aflita
- Sim, mas tudo bem, se eu dormisse a noite toda na sala, minhas costas teriam ido pro espaço.
- Então, de nada. - sua voz era brincalhona.
Eu assenti e caminhei para o quarto. Quando passo pela porta dela, respiro fundo e penso como ela dorme agora, com a barriga pra cima, de bruços, abraçada em travesseiros? Ignorei meus pensamentos bobos e marchei pro quarto. Ao deitar na cama macia, minhas costas se aliviaram tanto que eu quis gritar de satisfação. Me prendi na imagem de seu rosto em paz descansando em meu ombro até dormir novamente.
Sons altos, agudos, arranhados, apertei os olhos e pensei que estava sonhando. Mas não estava, eram gritos, quando voltei rapidamente a consciência, ouvi a voz de Anna e seus gritos altos. ''Não, não, por favor, para.''
Me levantei bruscamente da cama. Os pesadelos dos quais Midge me disse. Fui rapidamente ao seu quarto, na porta ao lado da minha e quando abri a porta, a vi se debatendo na cama, deitada de lado, apertando o travesseiro e gritando. Caminhei até ela e coloquei as mãos em seus ombros. ''Acorda Anna, está tudo bem.''
Ela abriu os olhos e sob a luz baixa do abajur do banheiro vi as lágrimas coladas em seu rosto, ela piscava os olhos em desespero a espera de ver alguma coisa e, quando me viu, ela suspirou tão forte que tive medo de que estivesse tonta.
- Eu estou aqui. - sussurrei.
Ela abriu o melhor sorriso que pôde e me abraçou com força, com urgência. Eu que fiquei tonto.
Anna.
Pesadelos. Nesse, Joseph estava morrendo num bosque escuro, procurando o fôlego, enquanto eu tentava socorrer mas não conseguia, as paredes de vidro.
E as lágrimas, os gritos, a dor. Mas ao invés de acordar sozinha, acordei com ele segurando delicadamente meus ombros. Meu peito se preencheu do ar quente que sempre vinha de seu corpo e eu senti que podia, finalmente, respirar com meu próprio nariz, como se ele fosse uma fonte de onde eu puxasse minha energia. Ele me envolveu com os braços e senti seu coração acelerado.
Aos poucos, o abraço se estendeu e nossas respirações ficaram calmas, como se nossos corações batessem no mesmo ritmo.
- Minha mãe desistiu de me socorrer dos pesadelos. - murmurei.
E era mesmo verdade, eu não tinha vergonha de dizer. Porque ela estava certa, eu gritava toda noite e ela estava sempre com olheiras. Um dia ela parou de vir.
- Eu não vou desistir.
Quando o mundo foi criado, para os cristãos, deus soprou o fôlego da vida nas narinas de Adão, o homem de barro.
Quando Joseph puxava o ar, quando murmurava palavras tão despreocupadas sem pensar muito, mas com muita verdade, eu me sentia na mesma situação, com o fôlego da vida em minhas narinas, como se eu pudesse mesmo respirar.
Me enrolei ainda mais em seu abraço e fiquei pensando em tudo que estava acontecendo, eu não tinha forças pra processar nada disso, não agora, então, só aproveitei a sensação de respirar fundo depois de semanas com uma meia respiração.
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After Anna
FanfictionAnna Todd é uma diretora e escritora que vê sua vida virar do avesso quando acorda no mundo de livros que ela mesma escreveu, onde ''conhece'' o bad boy Hardin Scott e convive com o misterioso, mas familiar Joseph. Contada pela perspectiva de inúmer...