Três meses.
Se passaram três meses desde que abracei Hardin no bosque gélido e verde e seguimos em seu carro pra meu dormitório.
Nós dormimos juntos quase todos os dias, quando não dormimos no meu dormitório, dormimos na fraternidade, vamos as festas juntos e muitas vezes só nos embebedamos e dormimos abraçados e quentinhos. Meus sentimentos por ele crescem tão rápido que eu tenho medo muitas vezes, ele têm crescido tanto e acompanhar isso me faz tão bem. Ele, ele me faz bem. Nós dançamos juntos, bebemos juntos, lemos os mesmos livros, vemos filmes e ele sempre vê meus filmes românticos preferidos. Muitas vezes ele só fica me observando fazer minhas coisas e sorri, vem, me beija na bochecha e aperta minha coxa, nós temos nossas piadas bobas, como rir das roupas da professora de Economia III e desafiar Drake e Josh pra qualquer jogo bobo de casais. Ele me completa, ele me faz sentir segura e me faz esquecer que nada disso que eu tenho vivido faz sentido.
Se meses atrás eu queria mais do que qualquer coisa voltar pra casa, agora quero que essa seja minha casa.
Hoje é terça-feira, dia 23 de dezembro, amanhã vou pra casa da minha mãe passar o natal com ela. Faz um mês que falei sobre Hardin, ela está tão ansiosa para conhecê-lo, e ele para conhecer ela também. Ele aceitou de bom grado não ceiar com Ken e Karen e ir comigo, tenho certeza que ele até prefere assim. E eu também. Não quero ser uma ''substituta'' falha de Theresa. Essas inseguranças me entristecem mais do que eu gostaria.
Tentamos sem sucesso ir a La Push mais de três vezes, sempre tem uma prova inadiável ou um problema a resolver, disse a Hardin que podemos ir quando voltássemos da casa de minha mãe, ele só sorriu, tentando sem sucesso esconder seu nervosismo.
Hardin Scott é um personagem perfeito. Eu pensei, ao pensá-lo e escrevê-lo. Criei seus detalhes, traumas e manias bobas. Porém, ao conhecê-lo de fato, ele tem muitas mais camadas de complexidade do que eu sequer imaginei.
Ele passa as mãos no cabelo muitas vezes sim, mas, além disso, ele abre a boca devagar quando se concentra e morde o lábio, torcendo o nariz e mordendo as bochechas. Ele sempre passa o polegar em minhas têmporas antes de dormir, quando dorme, me abraça e só solta completamente quando acorda pela manhã, ele come cereal com pouco leite e quando se entristece, uma tristeza sem raiva, ele se senta, encosta a cabeça na parede e pende ela pro lado, respirando fundo e fechando os olhos. Isso é das coisas que eu mais amo sobre Hardin Scott.
É madrugada, ele está deitado ao meu lado dormindo e com os dedos entrelaçados em meu cabelo. Minha cabeça está em seu peito aspirando o ar puro que vem dele e eu sorrio com o canto dos lábios, feliz por ele existir.
Faz meses que não escrevo, bom, eu sou escritora.
Vou procurar escrever na fazenda, na casa de mamãe.
Fecho os olhos novamente e respiro o ar de seu peito quente, fechando os olhos e descansando em sua presença.
Hardin.
Os feixes de luz fracos e frios entram pelas janelas que esquecemos de fechar ontem a noite, as cortinas balançam com o vento da chuva, Anna está aninhada em meu peito, com um dos cantos dos lábios repuxados em um pequeno sorriso e com as mãos se esquentando em mim. A sensação de que eu a faço se sentir segura me faz sorrir. Estou nervoso pra caralho por conhecer a mãe dela amanhã, ela está ansiosa e não fala em nada além da fazenda.
Me levanto com um cuidado microscópico de não acordá-la e caminho descalço até a mesinha no canto do quarto, me sento e pego meu caderno pra escrever, uma carta que um dia vou entregá-la. Pego meu celular e coloco os fones pra ouvir algo enquanto escrevo.

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After Anna
FanficAnna Todd é uma diretora e escritora que vê sua vida virar do avesso quando acorda no mundo de livros que ela mesma escreveu, onde ''conhece'' o bad boy Hardin Scott e convive com o misterioso, mas familiar Joseph. Contada pela perspectiva de inúmer...