FICHA SUJA (DEGUSTAÇÃO)

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Joyce

Deus sabe de todas as coisas e tudo tem um porquê... Juro, eu sempre tentativa mentalizar e compreender essas frases pra de alguma forma aceitar tudo isso, tentar amenizar a minha dor.

Mas era difícil, triste demais. Hora ou outra batia a revolta e eu não aceitava estar passando por isso novamente, não conseguia entender o porque de tudo isso estar acontecendo mais uma vez com o Renato, o porque de tanto sofrimento pra gente.

Ele sempre foi um bom homem, nunca fez nada a ninguém. Bom filho, bom namorado, bom esposo e tudo de positivo que se possa imaginar! Cheio de sonhos, planos, expectativas de vida... A gente queria tanto, sonhava tanta coisa e agora vivemos esse pesadelo que nunca parece ter fim!

Puxar cadeia novamente era o fim, ainda mais sem não ter feito nada mais uma vez. Que azar é esse? Que karma é esse que ele tem, pra tá pagando sem nada ter feito??? Misericórdia, senhor!

Amanhã eu iria visitar ele novamente, pois já tinha quinze dias da primeira visita que eu fui até lá e ele me pediu pra parar de pagar advogado, surtou e me disse todas aquelas coisas.

No momento.... no momento eu não briguei, nem insisti, respeitei o momento dele mas eu vou continuar pagando sim, queira ele ou não. Só paro se ele abrir mão por lá, assinar alguma coisa, mas eu Joyce, não vou deixar de tentar aqui fora!

Arrumei tudo nas sacolas direitinho e fui dormir, na verdade tentar. Já era 00:00, as 3:00 da manhã eu acordaria, mas quem disse que eu conseguia dormir?

Era assim antes e continuava a ser assim agora. Não conseguia dormir um dia antes da visita, eu ficava ansiosa demais!

Queria vê-lo logo, senti-lo, toca-lo... Visualizar com meus próprios olhos que ele estava bem, que não tinha nada de errado com o meu amor.

Me virei de tudo que é lado, consegui tirar um cochilo e antes mesmo do celular despertar eu acordei. Tomei banho, me arrumei, terminei de ajeitar as coisas e sai de casa!

Ainda estava tudo escuro, demoraria muito tempo pra amanhecer. Peguei a primeira condução, depois um ônibus e de novo uma condução.

Cheguei na porta do presídio já tinha uma fila enorme, peguei a minha ficha e fui aguardar. Visita só foi começar as 9:00, sol já tava dando moca! Rio de Janeiro é perto do inferno mesmo, parece que é duas luas pra cada pessoa.

Na minha vez eu falei meu nome, nome dele, dei minha carteira de identidade e carteira de visita. Ele procurou o nome dele naquela prancheta e quando encontrou, olhou pra minha cara e negou. Não entendi nada!

Joyce: O que? Não o que? - questionei sem entender.

Agente: Tu não vai poder visitar não.

Joyce: Que? Por que?

Agente: O detento Renato Atanásio Pereira Silva assinou um termo de dispensas de visita, você não vai poder entrar.

Joyce: Que? Como assim? - perguntei perplexica, não tava entendendo nada. - Ele é o meu marido como assim? Tem alguma coisa errada aí!

Agente: Isso mesmo que tu viu, teu marido quer te ver não, então não tem como você visita-lo. Agora sai da fila, faz favor, você tá atrapalhando. - disse eu já comecei chorar.

Eu permaneci inerte ali no mesmo lugar, não conseguia acreditar que o Renato tinha feito isso comigo, cara!

Agente: Sai da fila minha senhora, você tá atrapalhando, tem gente querendo entrar... - disse rude e depois voltou a falar. - Olha... E não chora não, leva como livramento. Você é uma moça tão bonita. Tem necessidade de querer tá passando por isso não! - disse e só aí que eu sai.

Me encostei do lado e arriei as sacolas do chão, ainda tava incrédula, me recusava a acreditar. Nessa altura já chorava horrores... Por que Renato fez isso comigo???????