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Joyce

Tem certos tipos de família que eu não quero ter jamais, prefiro ser sozinha no mundo. O que a família do Dino tentou fazer com a Leandra foi de uma crueldade sem fim!

Papo de querer pegar as coisas dele tudo, deixar ela e o filho sem nada. Se não fosse pelo Renato que não deixou, mandou os caras da boca daqui intervir ela ficaria sem nada.

Pois por ela, elas levariam tudo! Como ela mesma disse, preferia ficar sem nada, mas que ficasse em paz e eu concordo até certo ponto.

Mãe dele e as irmãs tão escrotas que vieram até aqui na Coreia pra tentar pegar as coisas quando não tinha nem quinze dias do falecimento do meu compadre. Coisa horrível demais, chega a ser triste presenciar o nível que a ganância do ser humano pode chegar!

Final teve que rolar um desenrolo brabo, elas levaram algumas coisas, mas os caras deixaram a Leandra com a maioria, pois ela era a viúva!

Falando no Renato, só foi ligar, dar o ar da graça dias depois do ocorrido com o Dino. Pintei e bordei com ele quando reconheci a voz no telefone, mas quando ele me contou tudo que tinha passado, o quando estava sendo difícil eu desarmei na hora.

Dava pra sentir a dor em suas palavras, o cansaço e notar também que tudo que ele disse era verdade. Meu preto tava fodido!

Leandra: Ainda dói muito, mas sei que aos poucos eu vou me reerguer, sabe? Confio muito em Deus, essa fase passar. Preciso ficar bem, ficar 100% pois o meu filho precisa de mim, ele é o total motivo da minha vida, seguirei por ele e pra ele!

Joyce: Com certeza!

Eu estava sentada no quintal da Leandra com o meu afilhado nos braços quando o Renato chegou no portão do nada!

Quase não reconheci, meu preto tava bem mais magro, super abatido. Desde que começou toda aquela guerra ele ficou por lá e mesmo depois de tudo, continuou, me disse que não poderia sair ainda, pois as coisas não estavam seguras.

Joyce: Olha só quem apareceu! - debochei sem graça.

Renato: E aí, Leandra! - me ignorou totalmente. - Po, sei nem o que te falar nesse momento! Mas todo o papo que eu mandei pra tu por mensagem, continua o mesmo. Pode contar comigo pro que tu precisar, tá ligado? Se não quiser mais ficar aqui, pode voltar pra lá que casa e um dote maneiro você terá.

Leandra: Obrigada! - disse cabisbaixa. - Obrigada, Renato!

Renata: Precisa agradecer não, cara. Bagulho é o mínimo depois de tudo que o amigo fez por nós, fez por mim. Mano era foda, purão, então nós jamais vai deixar tú desemparada, nem tú nem o moleque aí. - disse sério e ela assentiu. - Posso trocar um papo contigo? - só aí se dirigiu a mim. Parei um pouco antes de responder, mas preferi não contestar no momento.

Joyce: Uhum.. - levantei entrando em casa e ele me seguiu.

Renato: O que eu falei pra tu? - nem me deu espaço, já foi falando cheio de ignorância. - Tu não me ouve, cara! Tá maluca, tú? Gosta de guerra atoa demais!

Joyce; Hã? - perguntei sem entender ainda o porque do estresse dele.

Renato: Tu tinha nada que sair daqui pra ir pra pista? Que porra tu foi fazer lá mano? Eu falei contigo, pedi na moral pra tu segurar as pontas por um tempo, ficar por aqui até as coisas se estabilizarem e tu vai e sai. - disse puto e bolado.

Joyce: Renato... eu... - ele me cortou.

Renato: Renato é um caralho, tem porra de Renato não, mano. Teu mal é esse, ouve conselho não, acha que a vida é um morango. Parece que faz as coisas pra afrontar, gosta de contrair pra chamar atenção. - disse seríssimo e eu já fiquei puta da vida.

Joyce: Olha, não sei quem foi que você colocou pra me vigiar, mas deveria ter mandado fazer o serviço completo. Eu não sai pra passear não, fui resolver as coisas, tive que ir na empresa e faculdade trancar minha matrícula esse semestre. Você acha que é assim, que eu tenho que sair abandonando tudo sem dar satisfação né? Eu tenho um emprego, eu estava estudando! Fiquei aqui até quando deu, mas eu tinha que aparecer no meu serviço pra dar uma satisfação e resolver umas pendências. As coisas não são assim não, Renato! Eu tenho minha vida. - disse nervosa.

Porra, cara some, fica por lá por dias e quando volta é assim... já com quatro pedras na mão! Eu não fiz isso pra afrontar ou pra chamar atenção não, me poupe. Minha vida não gira em torno da dele!

FICHA SUJA (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora