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Vanessa

Vanessa: Socorro! Alguém me ajuda, por favor. - disse chorando abeça.

Eu sai correndo pela rua que nem doida, sério mesmo. Rosto todo ensanguentado, mega desesperada, mas cadê que ninguém saiu pra me ajudar? Os vizinhos nenhum botou a cara!

Povo viu os tiros, sabe que a casa era do cunhado do Renato e provavelmente já acha que é polícia ou bandido. Sei lá, mas ninguém apareceu...

Minha sorte foi que encontrei um menino do movimento e sai gritando ele pra chamar os caras, ir acudir. Eu tremia, não sabia nem explicar direito, só pedia ajuda e socorro logo!

Tinha medo do que poderia ter acontecido por lá e temia pela vida do Thales. Isaac é maluco, eu sempre soube... mas por burrice, consideração não fiz o que deveria ser feito.

Hoje mais do que nunca eu me arrependo! Olha o que a minha inconsequência me levou? Eu poderia estar morta, não estou... mas e o Thales la? Não me perdoaria jamais se algo acontecesse com ele!

Vanessa: Bora lá, por favor colega! - disse desesperada.

Xxx: Calma aê po! - me deu uma trava enquanto falava pelo rádio.

Ele desceu comigo e eu tremendo, chorando abeça desesperada. Quando a gente entrou em casa e chegou da sala eu já vi o sangue na entrada da cozinha e já comecei a gritar.

Vanessa: Aí meu Deus! - disse gritando. - Thales! - corri pra cozinha.

Casa tava um silêncio, só dava pra ouvir a respiração ofegante de alguém. De longe eu já vi uma poça de sangue enorme e o Thales que tava lá no chão todo ensanguentado com uma faca do lado.

Eu fiquei maluca, me joguei no chão pegando ele que tava de olhos abertos ainda. O menino que tava comigo saiu procurando o Isaac pela casa, mas ele não tava lá mais.

Fugiu pelos fundos da casa com certeza, pois se fosse pela frente eu irá ver! Thales tava lá nele com um furo do lado direito do peito e cortes nos braços.

Xxx: Coé, menor! Brota aqui... - passou a localização - maluco esfaqueou o moleque po e meteu o pé, o cunhado do Matemático. Da o papo pro mano! - disse no rádio.

Renato

Renato: Favela é lugar de paz! Aí po... playboy sobe e desce tranquilo aí pra consumir e não tem perigo nenhum. - disse serinho. - Não é porque vivemos aqui que tem que ser lugar de guerra, geral tem que temer... - ele assentiu.

Mdez: Pelo certo, mano... tá fluindo! Tu é pica. Visão do caralho!

Tava levando um papo com o mano sobre os últimos acontecimentos quando meu rádio começou a bipar, atendi a chamada que era pra mim e quando ouvi o papo coloquei na frequência pra geral ouvir.

Renato: Caça esse filha da puta aí na favela! Quem deixar o Isaac fugir ainda vai ser cobrado. Arrocha o quadrado, deixa ele sair não. E eu quero ele vivo!!! - disse serinho.

Coé rapaz, surpreso eu não estava... esperava dessas parada aí pra pior, pois falta de aviso não foi. Povo brinca demais, acha que a vida é um morango.

Só que é foda, tá maluco? Tanto Thales e Vanessa deram mancada, mas ele mais ainda. Cara quer formar aqui e não quer ser exemplo? Vai fazer  merda?

O cara com essas atitudes aí fode todo mundo, perde a postura, faz merda e qual exemplo que da pra morador? Não é porque nós é bandido que pode fazer qualquer parada não, que vai sair ileso.

Nós é cobrado igual, independente po. Quem cobra vacilo não pode vacilar não, não pode mesmo. Eu fiquei puto, minha paz foi de falo!

Fiquei sem saber se contava pra Joyce ou não, na dúvida optei por não contar, é melhor. Brotei de moto lá pra averiguar a situação, bagulho tava sinistro! Thales é maluco, cara. Daqui a pouco perde a vida por bobeira.

Moleque que trabalha como taxista chegou pra dar socorro, Vanessa lá naquela gritaria enquanto tirava ele de dentro de casa e foi nessa hora mesmo que Joyce brotou doida.

Tem nem pra onde correr, mano. Não quis contar, mas as coisas aqui fluem na maior velocidade. Língua do povo é maior que o corpo, sempre tem que bater tudo!

Joyce: Meu Irmão... Meu Deus!!! Thales.... - foi pra cima, mas eu segurei. Os caras carregando ele pra dar socorro e ela querendo ir pra junto.

Renato: Calma, cara! - tava maluca, me ouvia não, só gritava desesperada que o irmão iria morrer.

Pensa que não caiu dura, se eu não tivesse segurando era cara no chão certeza. Socorro ao invés de ser pra dois, foi pra três ... pois ela não acordou não, maluco.

Renato: Aí caralho!!! - disse nervosa. - Se liga aí, Vanesa. - Se liga aí, a Joyce! - falei serinho. - Vou mandar alguém ir lá levar os documentos! - disse depois que coloquei ela no carro também.

Só pica nas minhas costas, papo reto... essa família da Joyce ainda vai me matar, mané. Mandei um menó ir lá chamar a Tia da Joyce pra buscar os documentos dela e do Thales, dava pra eu ficar procurando nada não.

Os caras já tinha me dado o papo que tinham encontrado o Isaac nessa altura, tava tentando fugir da favela, mas lá na saída mesmo os caras pegou.

Burro! Bandido burro tem que morrer mesmo, coé? Até pra fugir faz merda, opta pelo óbvio, maior vacilão esse filha da puta. Brotei lá na boca e ele já tava apanhando sem leme, só madeirada e era no corpo todo. Tava fraco já!

Isaac: Por favor... não me mata não! - disse já chorando.

Xxx: Agora esse vacilão chora! Filha da puta. - disse um menó enquanto batia nele. - Na hora de querer matar o menó e a mina tu não chorou po!

Ele tentava se explicar, mas era pior. Se fosse em outra situação, se ele não tivesse feito merda até seria ouvido, só que vacilou já era... mesmo crime que te abraça, te passa.

Renato: Infelizmente tu escreveu teu próprio destino, cara! - disse e mandei um menó passar ele. - Ô, passa lá na casa da mãe dele pra avisar e pega tudo que tiver lá nosso, traz todas as peças e deixa nada não, tá ligado? - falei pros caras.

Porra, menor maluco! Perdeu a vida por bobeira, maluquice, doença. Mas é aquilo né... mulher tem o poder de levantar um cara ou levar pra vala. Se tu não tiver cabeça, se fode mesmo!

FICHA SUJA (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora