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Narrações Intercaladas:

Renato

Peguei o Benjamim e o Emerson e guiei pra minha base. Joyce já tava lá com o Henry, filho do meu mano Dino e Leandra.

Porra, papo retão mesmo... maior saudades! Judaria do caralho que fizeram com ele, não pode nem se defender. Mano perdeu a vida tão cedo, nem pode ver o filho crescer, cara. Fico bolado com essas maldades!

Joyce: Henry tem o jeito todinho do meu compadre né? Já da pra notar! - assenti.

Renato: Tava pensando nele agora mesmo, mano. As vezes fico pensando que o mano foi tão cedo, tiraram a vida dele em uma covardia e nem tá podendo ver o filho crescer! Menó tá aí grandão já, cara dele e o jeito todinho. - encarei ele.

Papo reto, essas paradas que me escaldou e ainda escalda. Só tive mais contato com meus filhos depois de muito aperto de mente da Joyce.

Minha preta é foda, apesar das minhas falhas de ter feito coisas que eu sei que magoaram ela no passado, ela é sem bobagem, pica mesmo. Trata meus filhos de maneira igual, tem maior carinho e eu valorizo isso demais.

As vezes bate a neurose e eu nem pego eles, dou total assistência mas deixo por lá. Maluquice minha como ela diz, talvez seja isso sim, mas é que é foda... eu penso demais!

Qual exemplo que eu darei pra eles? O que de bom eu posso passar estando nessa vida? Vida que eu vivo é errada e sou bandido, cara. Meus menó vendo eu nessa vida, vão achar o que?

Ainda mais que o meu caminho é incerto! Amanhã ou depois rola alguma parada comigo, o que ficarão pra eles? Raiva, desejo de vingança e justiça?

Porque querendo ou não o que fortalece o crime é o ódio, revolta, injustiça e vingança. Tem muito mano que entra nada pra vingar a vida dos seus, tentar fazer justiça com as próprias mãos e por aqui ficam.

Tenho inimigos, amanhã ou depois sou morto e o que deixarei pra eles? Esses sentimentos? Quero isso não! Não quis pra mim, nem quero pra eles.

Não queria entrar na estatística, ser mais um preto no crime e não é o que eu quero que eles sejam. Dou tudo do bom e do melhor, as vezes tento manter longe porque quero que eles tenham o futuro que eu não tive!

Quero que se formem, estudem e tenham uma vida normal, fora dessa merda que o sistema faz com a gente, tá ligado????

Joyce

Leandra já tinha levado o Henry e estava só eu e os meninos aqui em casa, já que o Renato tinha saído. Tinha nada pra comer, nem tava afim de inventar, então ajeitei as crianças, peguei a chave do carro e fui com elas na praça comprar um lanche.

Assim que cheguei já vi a mãe do Émerson que tava lá bebendo com umas colegas, só vive assim. Falo mais nada ao Renato não, tento não ficar mexendo nas merdas do passado... mas olha o tipo de pessoa que ele foi se envolver?

Mulher completamente vulgar, barraqueira e escrota. Vida dele é essa, dia e noite tá bebendo por aí, rodando atrás de bandido ou envolvida em brigas não redes sociais. Coisa ridícula!

Sentei com eles e ela lá do bar que tava com as amigas e vários viados começou a berrar chamando o filho. Émerson não queria ir, tava ignorando ela real.

Joyce: Tua mãe tá te chamando ali ô, vai lá falar com ela rapidinho, amor! - alertei ele.

Émerson: Não quero ir não, Tia! Deixa eu aqui.

Joyce: Não, tudo bem, amor!

Se ele não quis, eu que não obrigaria né? Apesar dos apesares ela é mãe, por isso alertei ele pra ver o que ela queria, mas se a própria criança não quer, não vou obrigar não.

De cansada de chamar e ele ignora-la, ela veio de lá contudo e já chegou puxando ele da cadeira na maior ignorância, chega derrubou as coisas que estavam na mesa. Já me emputeci só pela cena!

Juro por Deus, não disse nada pra não criar confusão já que ela estava visivelmente alterada. Pprt, me controle ao máximo mas quando ela quis levar o menino e ele se negou, eu tive que intervir, não deu...

Joyce: Ele não quer ir não, colega! Deixa ele aqui, cara. Além do mais eu já pedi um lanche pra gente, já tá vindo po, deixa ele aqui.

Iara: Eu te perguntei alguma coisa? - eu arquei a sobrancelha a encarando. - O filho é meu, se eu quiser eu levo! - disse super grossa, maior rompante e eu me estressei.

Joyce: O filho realmente é seu, mas ele está na casa do pai e quem trouxe ele pra cá foi eu! Se você quiser levar ele, vai buscar com o pai dele, fala lá com ele, pois eu trouxe e eu irei levar ele de volta sim!!!!

FICHA SUJA (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora