Dias depois...
Renato
Deixar as grades, ver o sol novamente e respirar um ar puro foi sem duvidas uma das melhores sensações da minha vida, se não há melhor, tá ligado? Porra, tá maluco! Bagulho surreal...
Chorei abeça menó, mesmo não querendo, mesmo tentando me manter forte chorei feito criança quando meu alvará cantou e quando encontrei meu pai.
Foi um choro de sofrimento, angústia, dor, noites mal dormidas, alívio... mas também de um recomeço, de alegria... Liberdade!!!
Renato: Caralho... Esperei tanto por esse dia! - falei limpando o rosto.
Gilson:Eu também... Finalmente! - deu dois tapinhas nas minhas costas e me abraçou também.
Meu pai sempre foi de poucas palavras, ruim pra esboçar sentimentos... Mas nesse momento ele nem precisava falar ou demonstrar pois eu já sabia que ele tava tão feliz quanto eu.
Fui a viagem toda vidrado na janela observando tudo bem atento... Muita coisa mudou, mané... Sensação era como se eu tivesse ficado fora por anos. E na real eu fiquei né, que mancada.
Renato: Porra... Aqui não tinha esse quebra-molas não, me lembro po... Nem era asfaltado!
Gilson: É... prefeitura colocou asfalto em tudo, até na outra rua.
Renato: Tu pegou essa obra? - gastei.
Gilson: Que nada!
Observava tudo pela janela do carro, puta que pariu... que parada estranha! Doideira demais... Foi aqui que cresci, foi nessas praias que tanto tomei caixote e agora to aqui como se nem conhecesse nada, fosse um estranho, fosse tudo estranho.
Gilson; Tá rindo de quê? Ficou maluco?
Renato: Porra... To marolando aqui po, maior sensação doida, parece que isso tudo é novo pra mim, mas não é... Tu bem sabe que eu vivia aqui, tu nem gostava! - falei e ele balançou a cabeça em negativa.
Na entrada da favela o carro deixou a gente, coroa queria pegar um mototáxi pra nós subir mas eu preferi ir a pé admirando tudo... Vendo aquela vista maneira que só a minha comunidade tinha!
A cada rua que eu passava na minha cabeça eu me atentava as diferenças... aos olhares curiosos das novas pessoas e aos assustados das que já me conheciam.
Cheguei em casa e tava tudo diferente também, os móveis, o interior... Tudo mesmo! Na porta de casa já encontrei com a nova mulher do meu pai e minha meia irmã.
Gilson: Fala com o teu irmão, Heloísa! - tava mega acanhada. - Fala po... Teu irmão aí! - ela veio na minha reta toda sem jeito.
Renato: Vem cá po, mordo não! - carreguei ela e dei um abraço. - Tudo tranquilo? - ela assentiu e eu brinquei com ela.
(...)
Tomei um banho digno finalmente, fiz a barba, cabelo tava raspado... Feio que só, mas era só crescer que eu cortaria da minha maneira. Me arrumei todo, me trajei com o que eu tinha e já ia saindo quando meu pai me barrou...
Gilson:Vai pra onde?
Renato: Ver a Joyce. - olhei pro relógio. - Daqui a pouco ela tá saindo do serviço! - sorri. - Vou fazer uma surpresa!
Gilson:Cuidado, hein? Cuidado, ninguém te conhece mais aqui, Renato! Se liga po, não dá espaço... Vacila não!
Renato:To ligado po... Fica tranquilo!
Daqui pra onde a Joyce morava era bagulho de alguns minutos maneiro, de moto seria rapidão, mas eu fui na canela mermo... Queria aproveitar... Até andar pra mim tava sendo maneiro.
Ao passar pelos caras da boca de cima aqui do fui travado. Eu, não sabia quem era o cara, mas já fazia ideia... Com certeza já tava ligado quem era ele, assim como ele também já sabia quem eu era!
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Ficção Geral+18 | 1/2 | Eles querem um preto com arma pra cima! ✊🏿 +18 | LIVRO COMPLETO DISPONÍVEL PARA ASSINATURA.