Capítulo 7 - Ezequiel - Parte 7

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Ezequiel

Os dois botes tocam as areias da praia quando o céu já está escuro e pontilhado de estrelas. As focas que dão nome à baía voltam lentamente às águas do mar, após um longo dia de sol.

- Quero que vocês se espalhem – Ezequiel diz aos seus homens. – Bebam, joguem, façam o que quiserem, mas mantenham-se atentos. Quero ouvidos e olhos bem abertos. Nós vamos nos encontrar aqui, amanhã de manhã. – Ele olha para Hugo. – Você vem comigo.

Ezequiel escolhe dois outros homens de sua tripulação para acompanhá-los. Um deles, Miguel, é alto e ostenta uma comprida barba, torso largo e braços fortes. O outro, Teles, é mais velho e um pouco mais fraco, mas é rápido com a espada.

Enquanto caminha pelo vilarejo com os seus três companheiros, Ezequiel mantém-se atento. O lugar é humilde e mal iluminado, com ruas de terra batida que fazem curvas inesperadas e casas de madeira espalhadas de forma desorganizada. Aqui e ali, algumas pousadas, bares e bordéis emitem sons de festas, brigas e sexo. Algumas pessoas vagam pelas ruas estreitas e escuras do vilarejo com rostos pouco amigáveis, mas não parecem oferecer nenhum perigo.

- Onde nós estamos indo exatamente? – Hugo pergunta.

- A Pousada do Fundo – Ezequiel responde. – É lá que os principais corsários vão para beber.

- Tem certeza?

- Eu tenho vindo aqui desde quando este lugar era apenas uma selva. Eu conheço todo mundo e todos os lugares. Confie em mim.

Os quatro cruzam o vilarejo inteiro, seguindo as curvas do emaranhado de ruas, até chegarem em uma pousada construída junto à mata. Uma pálida fumaça sai de sua chaminé e é possível ver a luz do seu interior pelas frestas das cortinas velhas e manchadas que cobrem as janelas. O som da música e das vozes pode ser ouvido do lado de fora.

Ezequiel abre a porta sem bater e é recebido por um golpe de ar quente e um cheiro desagradável. A porta principal dá acesso a um salão amplo e longo.

O salão está repleto de pessoas, sentadas nas mesas e em pé, com canecas de bebida nas mãos e espadas nas cinturas. Muitos não notam a chegada de Ezequiel e seus homens, mas aqueles que o veem ficam em silêncio e adquirem semblante sério.

- A julgar pelas expressões, você é conhecido por aqui – Hugo diz, olhando em volta.

Ezequiel responde com um resmungo. Ele caminha em direção aos fundos, sem se preocupar em desviar das diversas pessoas em seu caminho.

Das Cinzas da Era PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora