A cena diante dos meus olhos me deixa aturdido, paralisado, eu não queria crê que aquilo estivesse mesmo acontecendo, mas não tinha como negar, não tinha como esconder o fato de que Thobias estava com outro homem na nossa cama, aquela mesma cama que muitas vezes nos serviu como ninho de amor, era tão absurdo que ele nem mesmo tentava defender-se, nem o velho clichê de "eu posso te explicar" ele tentava dizer, eu o havia pego no ato, ambos nus estavam ali se embolando sobre o corpo um do outro. E foi assim que um relacionamento de dois anos teve o fim.
Meu irmão Vladmir, Vlad como era conhecido insistia que eu tinha que sair, mas desde o término com Thobias eu não andava animado para fazer nada, estava deprimido, acreditava ser normal agir assim afinal foram dois anos jogados fora, dois anos dedicados e que em um minuto perdeu-se com uma atitude tão mesquinha, tão traiçoeira.
Vlad, todos os finais de semanas insistiam para que eu saísse com ele, e eu recusava sempre o seu convite, até que um dia ele me intimou:
_ Chega... você vai levantar dessa cama imediatamente, não aguento mais ver você assim por alguém que não merece o seu sofrimento, o Thobias sempre foi um babaca, você precisa reagir, e eu não vou mais permitir que se sinta o coitadinho, vamos levante.
_ Levantar... levantar para que, me deixa aqui, Vlad, eu não estou afim de ir a lugar algum.
_ Não... Raulf não irei deixar você aqui não, hoje você vai comigo, já fazem dois meses que você se livrou daquele traste, tá na hora de aprender a curtir o bom da vida.
Não adiantou argumentar, e lá estava eu arrumado pronto para sair com o meu irmão, onde ele iria me levar... não fazia nenhuma ideia até que chegamos ao local, abismado eu o olhei quando ele parou o carro no estacionamento, ele então sorriu:
_ Tenho certeza de que será uma noite memorável para você Raulf, algo jamais vivido.
_ É sério isso Vlad, você me trouxe para um clube de homens pelados, Essência libertina?
_ É um clube de sexo livre meu irmão, aqui nada é proibido, alias há uma coisa que é proibido sim.
_ E o que é?
_ Não pode entrar de roupas, aqui é todo mundo livre, entra como veio ao mundo.
_ Você está maluco se acha que vou ver um bando de homens pelados.
_ Ah, vai para com essa frescura, como se já não tivesse visto um homem pelado na vida, ninguém é obrigado a fazer nada aqui meu irmão, só faz se desejar.
_ O que você está querendo dizer com isso, que alguém faz alguma coisa?
_ Livremente, você vai ver quando entrar.
Mesmo querendo dar meia volta e retornar de onde não deveria sair, eu sabia que meu irmão não iria sossegar até que conseguisse o que queria, então fiz um trato com ele:
_ Se eu entrar nesse lugar uma noite com você, promete que me deixa em paz e não vai mais insistir para que eu volte?
_ Prometo que se você entrar e não curtir a noite eu nunca mais insisto, agora vamos colocar um sorriso no rosto e vamos se divertir que a noite é uma criança.
Passamos pela entrada e eu olhava desconfiado para um casal seminu, logo no rol da portaria, Vlad entregou o ingresso ao rapaz e ele indicou uma direção, eu fiz o mesmo mas a direção que o porteiro me indicou foi a oposta da de Vlad, caminhei por um corredor e no final dele tinha dois homens com uma bandeja na mão:
_ Aqui...
_ Aqui o que?
_ Suas roupas, tem que colocar aqui...
Eles se entreolharam ao notar o meu olhar desconfiado e um deles perguntou:
_ É a primeira vez que vem aqui?
Movi a cabeça freneticamente para afirmá-lo, eles voltaram a se olhar e sorriram:
_ Aqui é proibido entrar vestido, terá que deixar suas roupas aqui nessa bandeja e poderá recuperá-las depois, não se preocupe os frequentadores do clube Essência Libertina respeitam o espaço do outro, aqui nada é proibido mas nada é forçado também.
Meio sem jeito fui retirando peça por peça das minhas roupas e totalmente exposto os dois homens me olharam de cima a baixo e um deles comentou:
_ Vai fazer sucesso aí dentro.
Eles riram quando eu os olhei irritado, fui me encontrar com o meu irmão no final do corredor, quando me aproximei dele dei um tapa no topo de sua cabeça:
_ Desde quando frequenta esses lugares?
_ Desde que fiquei de maior, Raulf por favor puritanismo para cima de mim não tá... vamos nos divertir, se não gostar não volta mais e pronto, mas hoje se libera meu irmão.
Procurei relaxar, mas confesso que não era nada fácil relaxar ao olhar para o lado e ver um casal se pegando e ao se virar do outro, novamente se deparar com uma cena igual.
Meu irmão parecia totalmente familiarizado com aquele ambiente, mas para mim estava sendo desconcertante, foi quando meus olhos focaram sobre um rapaz, ele tinha um lindo sorriso em seus traços faciais, ele caminhava lentamente em minha direção, eu apenas observava-o, a tatuagem de um leão que vinha de seu braço e finalizava em seu tórax era de chamar a atenção sobre aquela massa corporal impecável, eu não conseguia desviar o olhar e ele se aproximava, mas parou no meio do caminho para conversar com um dos rapazes que colocou a mão em seu ombro fazendo uma leve carícia, mas ele moveu sua cabeça como se recusasse e seguiu caminho, a impressão que eu tinha era que ele olhava diretamente em meus olhos, e eu estava ali petrificado apenas a espera do inevitável encontro, o que deveria fazer, como deveria agir, a cada passo ele se aproximava mais e eu fechei os meus olhos por um minuto, um minuto foi o suficiente para que ele passasse reto por mim e fosse falar com o rapaz que se encontrava atrás de mim, que idiota eu era achando que aquele homem estava vindo em minha direção.
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Essência Libertina
RomanceUma noite foi o suficiente para Raulf ser convencido de que precisava de muito mais do que uma simples aventura. Após uma traição e um começo de depressão, Vladmir arrasta Raulf para uma noitada e ele o leva para o clube Essência Libertina onde o pr...