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Katniss Everdeen, Capital

Acordo com minha cabeça latejando, sento na cama e logo a porta é aberta.

- Oi - Peeta diz com uma bandeja na mão.

- Oi - ele se aproxima - o que é i... - Começo a tossir forte.

- Seu café da manhã e remédio

- Remédio? Para que? - volto a tossir.

-  Para isso - se refere a tosse - parece que você fez alguma coisa ontem que danificou seu sistema imunológico e acabou te deixando gripada - ele se senta ao meu lado - aqui, pode comer - coloca o prato de sopa em meu colo. Lentamente e com muito esforço levanto minhas mãos, mas elas tremem - Deixa - ele as abaixa e pega a colher. Peeta a enche de caldo e leva até minha boca, não reclamo e só me alimento.

- Os tributos...

- Haymitch está na sala de mentores, vamos descer em breve - termino de comer a sopa e ele me dá o remédio. Faço cara feia e ele ri. O encaro furiosa e o sorriso some - Ok, estarei na sala esperando você ficar pronta para irmos - concordo com a cabeça e ele sai do meu quarto.

O efeito do remédio é tão forte que minhas mãos melhoram. Me levanto, coloco o macacão preto que Cinna deixou separado, sempre muito inteligente demonstrando nosso luto pela nova regra, e faço minha trança. Através do elevador descemos e pegamos um dos carros da Capital para irmos à Cidadela.
Ao chegarmos, somos recebidos pelos cidadãos da Capital, eles gritando nossos nomes eufóricos, devem estar enlouquecidos com essa nova regra do massacre. Woof coloca meu crachá e observa minha pulseira comunicadora para ver se está tudo certo. Ele confirma com a cabeça e entramos na sala. Somos recebidos com vários olhares sanguinários, principalmente vindos dos mentores dos distritos 1 e 2. Ergo a cabeça, cerro meu olhar e sigo reto até o meu lugar. Agora mais do que nunca todos eles são meus inimigos.

Willow Vench, Arena

O dia está calmo, dormi bastante esta noite pois Kassi ficou com a maioria dos turnos. Nos últimos dias, quem tem ficado mais acordada sou eu, então foi bom dormir para me reerguer.

- Ainda quer acha-lo?

- Sim - digo convicta.

- Você é... - ela começa a enrolar e já me enjoo só pelo o que está por vir - apaixonada por ele ou coisa do tipo? - suspiro.

- Sou apaixonada pela vida, Kassi - a encaro - e Phoenix também é, tanto quanto eu - ela fica quieta - e é por isso que quero encontrá-lo - sigo andando mas não ouço os passos dela - Kassi? - me viro e ela está observando o enxame de borboletas lindas que se aproxima de nós - isso são... - um sorriso brota em meu rosto mas quando uma delas pousa na cabeça de Kassi, ela grita. Grita de dor

- Corre ! - com dificuldade ela tenta sair de perto e começamos a correr. Os zumbidos parecem estar dentro da nossa cabeça e quase fico louca com esse som. Ela começa a ofegar e demonstrar fraqueza - KASSI VAMOS!

- não consigo...eu... - ela cai. A levanto e sigo correndo puxando seu braço. Ela cambaleia mas segue dando o seu máximo para correr.

Os bestantes são muito rápidos e estão quase nos atingindo. Sinto uma dor horrorosa em meu braço, uma ardência enorme surge e sinto ficar mais fraca, mas não desisto. Meus olhos começam a se fechar e abrir rapidamente e de relance encontro um lago.

- Kassi...vamos...aqui - sigo a puxando e jogo ela no lago.

O enxame se afasta e as borboletas seguem voando.

- Você está bem? - pergunto vendo tudo borrado e ela não responde - Kassi? - encaro o lago e não a encontro - KASSI! - mergulho onde creio que ela esteja e nada, subo para recuperar a respiração e até a luz do sol começa a me incomodar. Não, o canhão não soou, ela está viva ainda, continue Willow. Sigo mergulhando até que encontro seu cabelo castanho e rapidamente chego em seu rosto. Ela vem comigo até a superfície e respira forte. Minha visão oscila mas consigo ver que sua cabeça está ficando maior, inchada. Passo a mão por cima do crânio dela e sinto as veias pulsarem, sem pensar a puxo de volta para a terra.

- Seu braço - ela passa a mão por cima da minha pele inchada e penso que está se referindo ao ship de rastreio. Encaro e vejo que não, é uma picada, um ponto preto que a partir dele minhas veias começam a ficar escuras. Meu cérebro gira e olho em volta, me esforço para lembrar de tudo que sei sobre plantas medicinais e lembro do dia em que estava com Phoenix no treinamento.

Dou uma risada- É sério Willow, preste atenção agora - Phoenix volta à sua postura séria - Essa planta é muito importante, serve para curar o veneno de vários bestantes - ela tem o formato oval e é de um verde escuro - você a mistura com um pouco de água e bebe o caldo, ele vai ajudar a resgatar o seu organismo de qualquer modificação

Me arrasto pela mata e fico cada vez mais enfraquecia. Estou perdendo a visão, isso é possível? Será que é isso que essa besta faz?
Meus olhos estão se fechando mas há alguns centímetros enxergo a planta. Formato oval...verde escuro...é ela! Com o braço não picado vou me agarrando pela terra, sinto pedrinhas entrando pelas minhas unhas mas ignoro,  sigo meu caminho até chegar nela. A arranco e volto a me arrastar até onde está Kassi.

- Kassi, a mochila - grito - a minha mochila

- Não enxergo Willow, não estou enxergando nada, acho que perdi minha visão - me arrasto mais um pouco e chego até a mochila. Pego a garrafa d' água, coloco a planta lá dentro, encho com a água do lago e misturo tudo. Bebo até a metade e levo o resto até a boca de Kassi.

- Isso vai ajudar, vai nos deixar bem - me apoio nela e ficamos deitadas, atiradas no chão.

Podemos ser pegas por qualquer tributo a qualquer momento, mas não há o que fazer, é pior se sairmos daqui andando por aí com a visão danificada, sem força e vulneráveis. O sol vai se pondo e tenho meus últimos vislumbres do fim do dia, depois disso meus olhos se fecham e não dão sinal de se irão se abrir tão cedo.

Jogos Vorazes: Os mentores  Onde histórias criam vida. Descubra agora