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Katniss Everdeen, Capital/Arena

Peeta queria ir para o seu quarto tomar banho e não permiti. Sei que no momento em que fecharmos essas portas elas só se abrirão amanhã e me nego a passar essa noite sem ele.

- Katniss, eu ainda tenho restos da explosão no meu corpo

- Tem chuveiro no meu quarto para você se limpar - ele observa o meu olhar e cede.

- Ok

Tomo banho primeiro e fico deitada na cama o esperando, revendo tudo que aconteceu mais cedo, nem parece que esses acontecimentos são de hoje. Até agora não entendi o que Haymitch quis dizer sobre eu ser um símbolo para os rebeldes, não compreendo porquê eu seria, sou apenas uma garota que encrencou todos pois escolheu salvar a vida do garoto do pão.
Prim invade meus pensamentos por alguns segundos mas me obrigo a despista-lá, faço o mesmo com Gale. Não os verei mais, preciso me contentar com este fato. Provavelmente casara com uma garota boa do 12, pode ser até Madge, com quem terá filhos e viverá sua vida. Formular esse futuro em minha mente resultou em lágrimas nos meus olhos que resolvi conter ao escutar a água do chuveiro parar de escorrer.

Peeta aparece com os cabelos molhados e de robe. Não trocamos palavras, ele apenas deita ao meu lado e me envolve em seus braços.

- Quero que seja apenas eu e você lá - digo.

- É isso mesmo que você quer? - concordo - tudo bem - seguro sua mão.

Passamos a noite em claro, dormindo e despertando em intervalos de minutos e segundos. Desde o ano passado não me sinto à vontade e nem segura nos braços de ninguém, exceto os da minha família e de Peeta. Sua respiração fica mais calma a medida que estamos apenas nós dois. É impossível dormir em meio às circunstâncias que estamos.

O céu começou a alaranjar e o sol começou a dar indícios de que logo irá raiar.
Três batidas em minha porta foi o suficiente para perceber que só o verei novamente na arena.

- Encontro você mais tarde - concordo com a cabeça e Vênia entra no quarto.

- Até mais tarde - lhe dou um beijo discreto e ele sai do quarto.

A equipe de preparação parece estar em luto. Ajeitam meu cabelo, depilam a maioria dos pelos do meu corpo e me deixam "impecável". Ao finalizarem, derramaram as lágrimas que seguraram todo o tempo.

- Queríamos que você soubesse que foi a melhor tributo que já cuidamos - Octávia limpa as lágrimas e sorrio ao perceber que esse é um elogio vindo deles.

- Foi a primeira a ser nossa...amiga - diz Flavius.

Abraço cada um deles e ainda com os braços em volta de Venia digo.

- Não podem mais apoiar os jogos, eles são cruéis e agora estão sentindo como eles tiram pessoas queridas das nossas vidas

- Não iremos - Venia afirma.

Nos despedimos e aparecem pacificadores para me escoltarem. Encontro Cinna em frente ao aerodeslizador que nos levará até a arena.

- Vamos lá - coloca a mão em meu ombro e entramos

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- Vamos lá - coloca a mão em meu ombro e entramos. Uma mulher enfia uma agulha enorme no meu antebraço direito e o ship de localização penetra meu corpo. Resmungo um pouco, não lembrava que isso doia tanto, me recordava apenas do enorme caroço que se forma sob minha pele.

Liberam a porta da sala onde eu me visto e deveria tomar o café da manhã. Entretanto, só bebo água, provavelmente demorará para eu colocar esse líquido novamente em minha boca. 

- É parecido com o modelo que Willow está usando - digo ao aparecer com o macacão colado preto e cinza.

- De fato é, mas o tecido é diferente - analisa a roupa e toca o tecido- parece resistir à água e o calor

- Vai ajudar, vejo eles suando demais com o calor da arena

- Não vai querer lanchar, certo?

- Não

- Vamos aguardar então - sentamos e ficamos de mãos dadas até a voz robótica indicar que faltam 20 segundos para o lançamento.

Levantamos e ele coloca as luvas e o cinto no meu corpo, acompanhados do meu pin de tordo.

- Lembre-se, ainda aposto em você garota em chamas - o abraço forte, esse é o último abraço que darei nele.

Sou lembrada que falta apenas 10 segundos e subo na plataforma. Meu rosto não demonstra expressões,  tento juntar toda a coragem que possuo para enfrentar o que vira. O tubo se fecha mas não da índices de subida. Toco o vidro e olho para os lados sem entender a demora.
Pacificadores entram e espancam Cinna até ele não conseguir mais se reerguer e manter os olhos abertos. Meus gritos são tão agonizantes e aterrorizados que nem mesmo eu aguento, bato tão forte no vidro na esperança de quebrá-lo e o salvar, mas isso não acontece. A plataforma começa a se erguer e me abaixo para ter os últimos vislumbres de Cinna sendo arrastado para fora.
A imagem dele some e sinto meu corpo ser levado para a superfície, o sol cega meus olhos e minha pele sente o calor.

Olho ao redor e me deparo com uma espécie de piscina gigante, onde cada nadador esta sob um pedestal prestes à pular e nadar até a linha de chegada, mais conhecida como Cornucópia. Olho para os lados a procura de Peeta, sussurro seu nome mas há metros de distância entre as plataformas. Meu cérebro ainda processa a possível morte de Cinna e o meu desejo de salvar Peeta, mas agora minha maior preocupação é onde estou, pois essa não é a mesma arena onde Willow Vench está. Coloco minha franja atrás das orelhas e encaro a Cornucopia com fúria e ódio. Bem a minha frente há um arco e sei que devo nadar até chegar nele.

Me sinto perdida em relação à onde nos colocaram, mas de uma coisa tenho certeza.

Esse não é um lugar para uma garota em chamas.

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