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Katniss Everdeen, distrito 13

Plutarch me guiou até uma sala e abriu a porta lentamente. Está posicionado um manequim com uma roupa preta sendo iluminado por uma simples luz no teto e há uma mesa de canto com um caderno preto sob ela.

- Você vai querer ver este caderno - diz Plutarch.

Passo pelo manequim e vou direto à mesa. Abro o caderno e meu coração parece contrair.

- Cinna - sussurro junto de um pequeno choro

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- Cinna - sussurro junto de um pequeno choro.

- Ele me fez prometer que mostraria isso à você apenas quando decidisse se tornar o tordo - tenta tocar meu ombro mas me afasto assustada - vou deixá-la ver o caderno e se familiarizar com o uniforme.

Plutarch sai da sala e fico admirando os esboços e escritas do meu antigo estilista. Folho as páginas e posso sentir seus dedos rabiscando e decorando esse caderno com seus desenhos impecáveis. Observo cada detalhe, cada sombra e pedaço de tecido, sua presença é tão forte. Chegando na última página vejo um último desenho com pequenas escritas ao lado.

"Querida Katniss, se está lendo isso é porque a essa altura a previsão que fiz realmente aconteceu

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"Querida Katniss, se está lendo isso é porque a essa altura a previsão que fiz realmente aconteceu. Desejo que saiba que estou orgulhoso por escolher liderar a rebelião e se tornar o símbolo dela, não vejo outra pessoa fazendo isso além da garota em chamas. Foi um prazer imenso te-la como modelo e principalmente amiga, queria que minha primeira vez sendo estilista nos jogos fosse marcante, porém você a tornou inesquecível. Não desista, não é do seu feitio. Então não se esqueça, você é forte, é Katniss Everdeen, e eu ainda aposto em você."

Choro por vários motivos. Sinto falta das nossas conversas, dos conselhos e palavras confortantes que apenas ele sabia dizer. Sinto falta de ver seus olhos dourados brilharem ao me ver usando seus modelos, que eram exclusivos para mim. Sinto falta dele, do meu amigo.
Levanto da cadeira e passo a analisar o traje. É um tordo, como o que me transformei na entrevista de Caesar, porém mais sombrio. A porta é aberta e Boggs me observa.

- Está na hora de ir.

Concordo com a cabeça e aperto o caderno contra meu peito.

Deixo o livro em meu compartimento e me dirijo à garagem ainda abalada com a carta de Cinna. Chegando no local, me deparo com Plutarch, Gale, umas pessoas que não conheço e Haymitch, que está mais acabado do que da última vez que o vi. Todos vestindo roupas idênticas às que usamos na costura.

- Katniss - chama por meu nome.

Estou furiosa com ele, de verdade.

- Ora, não me ignore garotinha!

- O que você quer? - cerro os dentes.

- Não vai falar comigo? - provoca.

- Eu não quero mais nada de você.

- Ah é? E por que?

- Você me prometeu que iria salvar o Peeta!  - grito com ele, minha boca treme - e deixou ele morrer.

- Você fala como se fosse a única a ter perdido uma pessoa! - começa a se irritar - eu também perdi! - coça os olhos na esperança de se acalmar e redimir do grito que deu - Olha, pode me culpar, mas você também esqueceu dele após quase ter se afogado para salvá-lo, entrando naquele aerodeslizador sem o garoto.

Imagens percorrem por minha memória e sinto a água fria batendo contra meu corpo, me levando para o fundo e ameaçando levar Peeta junto.

- Parece que todos cometemos erros, não é lindinha? - suspiro forte e vou em direção aos outros.

Não estou preparada para falar com ele sobre Effie, e pelo jeito que disse e ficou chateado, acredito que ele também não. Guardaremos essas mágoas e dores para nós por enquanto.

- Katniss, vou te apresentar a equipe de filmagem que irá nos acompanhar daqui em diante- Boggs se refere ao grupo de pessoas que não conheço.

- Esta é Cressida, a diretora - uma loira com metade do cabelo raspado e uma tatuagem sorri e acena.

- Este é Castor - um homem com cabelo curto e barba carregando uma coisa que parece ser um casco de besouro nas costas assente com a cabeça - Messala - um homem com pele negra e uma câmera nas mãos acena.

- E este é Pollux - um homem baixo com cabelo e barba compridos sorri apenas com os lábios e usa o mesmo casco que Castor.

Gale, Haymitch e Plutarch sobem no aerodeslizador e apertamos os cintos.

- Vocês são de algum distrito? - Pergunto confusa.

- Não, fugimos da Capital por esta revolução - sorri - por você.

Um terror preenche o meu corpo, as pessoas estão confiando demais em mim, o que vou fazer? Posso falhar a qualquer momento como falhei com Peeta e Effie.

- O roteiro é o seguinte - Plutarch consegue a atenção de todos - Vocês não estão com essas roupas à toa, utilizarão para se camuflar entre os moradores e os capuzes são para se esconderem de pacificadores. Pretendemos ficar longe do centro da cidade, iremos à padaria dos Mellark, o prego, a casa de Katniss e a vila dos vitoriosos.

Não estou preparada para lidar com a família de Peeta. Para falar a verdade, não queria vê-los, mas Coin só vai me deixar ver minha mãe e minha irmã e Willow se eu colaborar. Levanto do meu lugar para pegar um pouco de água e sinto alguém me seguindo.

- Me desculpe.

Viro o rosto e vejo Gale. Ignoro seu pedido de desculpas.

- Não deveria ter falado com você daquela maneira, está de luto e...

Respiro fundo ao ouvir a palavra luto.

- Falei com o dr. Aurelius, ele disse que é normal você ter alucinações.

- Eu não estou louca Gale! - ele se cala - meus pesadelos e sonhos são muito reais, as vezes fica difícil diferenciar o que é realidade e o que não é.

Ele fica sem o que dizer e apenas suspira. Não acredito que ele até procurou um médico para contar sobre meu estado, sei que ele é catatônico mas não consigo reagir de outra forma, parece impossível. Estar aqui já é um esforço, minhas únicas motivações são minha família, Peeta, Cinna, Effie e Willow.

Espero que ela esteja bem, em qualquer lugar onde Coin tenha a enviado.

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