Capítulo 5

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Pv.Brunna

"Eu não matei a Sofia". Aquela frase estava rondando na minha cabeça o dia inteiro enquanto eu organizava os papéis.

Depois que Ludmilla gritou aquilo, e seu copo espatifou na parede, eu me levantei devagar encarando-à, e saí da sala fechando a porta.

Agora estou aqui, separando a pilha de papéis no balcão, enquanto ouvia ela gritar e mais coisas eram quebradas em sua sala.

Agora ela estava calma, e eu não me importava se ela havia se matado.

O elevador abriu roubando minha atenção, então uma senhora gordinha saiu dele com um carrinho de limpeza e sorriu terna para mim que retribui.

Ela abriu a porta da sala de Ludmilla e entrou fechando logo em seguida, eu sabia que ela estava ali para limpar a bagunça de Ludmilla.

Estava terminando a pilha de papéis, quando a porta se abriu e uma Ludmilla furiosa saiu de dentro.

Achei que ela iria passar por mim me xingando ou sei lá, mas ela passou direto para o elevador, sem dizer absolutamente nada.

Suspirei e olhei para o relógio, nove e dez. Deitei a cabeça no balcão e respirei fundo, eu não posso pirar.

Flashback On

-- Ok, mas só toma cuidado ok?Você sabe como Sofia é.-- Falei ajeitando a jaqueta em seu corpo.

-- Eu sei Bu, não seja chata.-- Ludmilla disse com um biquinho e eu sorri.

-- Vai, Sofi, coloque o cinto.-- Falei me agachando perto dela.-- Eu te amo, divirta-se.-- Beijei sua testa.

-- Eu te amo também.-- Disse sorrindo.

-- Eu também quero um beijo.-- Ludmilla disse e Sofi riu.

Me ergui e fui até ela, abracei seu pescoço e ela imediatamente levou as mãos até minha cintura puxando-me para perto dela.

Nossos narizes estavam próximos, e eu podia ver em seus olhos o quanto ela queria um beijo meu, mas eu não conseguia fazer aquilo.

Ludmilla fechou os olhos e eu ladeei a cabeça e beijei sua bochecha de um jeito lento e molhado.

Quando me afastei, Ludmilla suspirou e negou, sorri e tirei suas mãos da minha cintura.

-- Cuidado ok?Cuida da minha irmã.-- Falei segurando seu rosto entre minhas mãos.

-- Fala como se eu nunca cuidasse.-- Disse e foi até o carro.

Ela entrou no seu devido lugar e Sofia balançava as pernas nervosa para irem ao parque.

O carro foi se afastando e eu suspirei ajeitando o casaco no meu corpo e entrando de volta para casa.

Algumas horas se passaram, e o meu celular tocou, corri até a cômoda e peguei o mesmo, vendo o visor com o nome de Ludmilla.

-- Já sentiu minha falta?-- Falei ao atender.

-- Bru...--Ouvi sua voz de choro junto com sirenes de ambulância e carros de polícia.

-- Que barulho é esse?Onde vocês estão?-- Perguntei preocupada.

-- Eu preciso que vá para o hospital, aquele perto do parque, eu...Desculpa.-- Disse e desligou antes que eu pudesse falar algo.

Olhei o visor que tinha nossa foto e meu coração se apertou, algo de errado havia acontecido.

(...)

-- Ludmilla, o que aconteceu?-- Me aproximei dela vendo a lateral do seu rosto sangrar e alguns machucados à mais nas suas mãos e sua jaqueta rasgada.

-- Foi um cruzamento, o sinal estava fechado, não para mim, para o outro lado, e quando estávamos atravessando, o carro...Bru...-- Disse sem me olhar e eu senti meus olhos encherem de lágrimas.

-- Ludmilla, onde está Sofia?-- Perguntei desesperada.

-- Na sala...De cirurgia.-- Disse agora me olhando.

Uma raiva súbita subiu dos meus pés até minha cabeça, e segundos depois eu estava sacudindo-à.

-- O que você fez?Você é uma inútil, eu disse pra você cuidar dela.-- Gritava enquanto balançava-à com raiva.

-- A culpa não foi minha, Brunna, para.-- Pedia mais baixo que minha voz.

Eu estava cega pelo ódio, completamente cega, estapeava ela enquanto chorava desesperadamente.

Depois que fui dopada para me acalmar, quando acordei, ela estava no meu quarto, chorando baixinho, e eu sabia que a minha irmã não havia resistido, então comecei a chorar.

Depois desse dia, eu me mudei, e apaguei da minha vida todas as lembranças de Ludmilla, deixando na sua casa uma carta, dizendo o tamanho do ódio que eu sentia, eu talvez não pudesse sentir, mas eu sentia.

Flashback Off

-- Lindo, cochilar no trabalho faz parte agora?-- Ouvi sua voz e ergui minha cabeça.

-- Eu só estava pensando, dei uma pequena pausa.-- Falei ajeitando meus cabelos.

-- Aqui está o seu almoço, não quero que saía da empresa até o horário que estiver dispensada, espero que goste de comida tailandesa.-- Entendeu uma sacola para mim.

Eu iria agradecer, ou xinga-lá, mas ela saiu sem dizer nada e entrou na sala, me deixando ali sozinha.

Eu entrei em uma depressão sem fim depois da morte de Sofia, minha mãe não queria de forma alguma me olhar, e alguns meses depois, eu recebi a notícia de que ela havia se suicidado.

Perdi minha irmã e a minha mãe em um mesmo ano, o ano em que eu estava prestes a me formar.

Eu fazia de tudo para não ver Ludmilla na uni, mudei de turma e de horário, eu comecei a estudar à noite, mas ela pareceu arranjar um trabalho e mudou de horário também, então ficou difícil não esbarrar com ela.

Mas eu tentava, então me esbarrei com ela duas vezes depois que troquei de horários, ela vinha sempre na minha direção, e eu desviava o caminho, ela não me seguia, mas eu sabia que ela seguia de outra forma.

Meu pai adoeceu, e acabou falecendo também, então eu estava sozinha no mundo, se não fosse por Ohanna e Larissa, eu teria me matado também.

Cinco anos, cinco anos se passaram e a droga da depressão ainda corre nas minhas veias, eu não consigo sorrir com facilidade, mas eu tento.

Ohanna sempre me ajuda, por ser psicóloga, mas quanto mais íntima você for da sua psicóloga, pior para você se abrir, pelo menos era assim para me.

Larissa está trabalhando em uma galeria de artes na saída de Londres, é o lugar mais incrível que já visitei, me sinto feliz por ela e...

-- Esses são contratos, você só precisa cortar a parte pontilhada.-- Ouvi a voz de Ludmilla e uma pilha de contratos estava em cima do meu balcão.

Olhei para ela com uma certa indignação e ela saiu andando, me dando mais raiva ainda, eu queria bater nela, na verdade eu queria socar a cara dela até desfigurar seu rosto.

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Desculpa não ter postado ontem!

Portrait (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora