Capítulo 54

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Dulce María

- Pri o que? - Anahí quase gritou. - Tá ficando maluca? - Eu estava boquiaberta e completamente pálida.

- Prisão, cadeia, xadrez, xilindró, onde o sol nasce quadrado! - Maite debochou.

- Eu não vou para cadeia ver ninguém, sinto muito. - Anahí disse em negação.

- Maite, pega o número do processo dele, por favor. - Eu disse séria e ela assentiu.

- Dulce, corre em esfera penal, segredo de justiça...

- Nome do advogado? - A interrompi.

- Pera aí. - Maite voltou o foco para o computador. - Henrique Sindoni, ele é d...

- Daqui de São Paulo. - Completei e Maite me olhou confusa.

- Eu conheço esse sobrenome. - Anahí olhava assustada.

- Sim, é o sobrenome de um dos advogados de Víctor. - Respirei fundo. - O buraco é mais embaixo do que pensei. Só um minuto, vou fazer uma ligação, é rápido. Só abre o processo, vou precisar de todos os dados possíveis.

Maite correu com o que pedi enquanto eu discava o número de Guilherme, o novo advogado do escritório, ele tinha muitos contatos Brasil afora e principalmente dentro do Supremo. Seria importante para mim agora. Peguei o notebook e fui para cozinha, logo ele atendeu.

- Doutor? Preciso de um favor, me desculpe tratar isso assim, pedir de supetão, mas é algo urgente! Isso não pode chegar aos ouvidos de Cláudio, ok? Por favor! - Quase vomitei as palavras para ele.

Guilherme foi solicito e não fez nenhuma pergunta, apenas anotou todos os dados e disse que faria tudo que fosse possível o mais rápido que pudesse e sabia que ele jamais abriria a boca para Cláudio, até porquê eu ainda era chefe dele.

Eu estava incomodada, algo ali não estava certo, as coisas só caminhariam ladeira abaixo e eu já estava arrependida de ter mexido nisso, mas quem está na chuva precisa se molhar.

- Meninas, continuem as pesquisas, por favor, estou esperando uma ligação e não vou conseguir focar até que ela aconteça, estou com um mau pressentimento. - Falei enquanto acendia um cigarro.

- Ok Dul, quer que eu volte para Christopher? - Assenti dando um longo trago no cigarro.

***

Esperei por respostas por pelo menos dois dias e ja tinha certeza que Guilherme estava passando tudo para Cláudio até que na quinta-feira de manhã ele me ligou um tanto quanto nervoso.

- Dulce, eu consegui as informações sobre o tal Velasco e bem, é um caso penal, o que você quer com isso? Sei que não é do meu interesse mas isso é bem estranho...

- Guilherme, só me passa as informações, por favor. Logo eu explico a você. - Pedi.

Desliguei o telefone com todas as informações anotadas e com o estômago embrulhado, o que eu tinha escutado foi demais para mim. Respirei fundo algumas vezes, aquilo seria muito difícil de contar para as meninas, mas seria necessário.

Anahí e Maite estavam na cozinha, cheguei lá realmente afetada.

- Dul? Está tudo bem? - Maite questionou nervosa.

- Não. - Respondi sem graça.

- O que meu irmão aprontou? - Anahí estava curiosa.

- Nada, Christopher não tem nada a ver com isso. - Respirei fundo. - Bom, vou direto ao ponto. - Traguei a saliva. - Esse tal Francisco está preso por estupro de vulnerável, o advogado dele é pai de um dos advogados de Víctor... - Fiz uma pausa. - A menina tinha 16 anos na época e ele já está preso há quatro anos, Guilherme não entendeu muito bem o porquê o caso ainda não foi julgado e não conseguiu achar o paradeiro do tal Henrique Sindoni, tudo isso aconteceu em Ponta Porã, lá no Mato Grosso do Sul, mas o julgamento dele vai ser aqui em São Paulo, coisa que não deveria acontecer. - Anahí e Maite estavam boquiabertas. - Vamos precisar conversar com Henrique.

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