Capítulo 4

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Christopher von Uckermann

O trajeto do café até o hotel foi extremamente silencioso, Dulce María estava nitidamente nervosa, não a julgo, eu também estava. Ela mexia no celular o tempo todo, talvez dando notícias ao irmão, que provavelmente estava preocupado e era compreensível, meu pai não era das melhores pessoas e bem... Dizem que o fruto não cai longe da árvore e isso é o que eles vão descobrir se é verdade ou não.

Quando entramos no hotel meu nervosismo só aumentou, eu estava pensando seriamente em desistir, sabia que Cláudio não seria uma pessoa fácil, além de que, esse tipo de aliança é perigoso para ambos os lados. Chegamos à recepção e nos indicaram uma sala de reunião onde apenas eu entraria, já sabia que seria assim, provavelmente a Saviñon caçula nos acompanharia apenas ao final, depois de tudo concluído.
Assim que entrei na sala, senti minha mão suar, respirei fundo e só pedi proteção a seja lá quem rege o mundo, se é que tem alguém.

- Uckermann! O que me faz ter sua ilustre presença? - Cláudio falou de um jeito debochado, esticando sua mão para que o cumprimentasse.

- Saviñon! Acho que sabe o motivo do meu pedido para te encontrar. - Apertei sua mão em um movimento firme e fui correspondido com um pouco de grosseria até.

- Sente-se, aceita algo para beber? Um uísque talvez?

- Na realidade, água, por favor. - Falei me sentando. Se eu tomasse qualquer coisa alcoólica isso com certeza só pioraria meu estado.

- Ótimo!

Cláudio chamou o serviço do hotel, pediu água para mim, uísque para ele, enquanto esperávamos tentei formular as palavras das melhores maneiras possíveis, se já passei por uma Saviñon, não poderia reprovar em outro. Enquanto isso, Cláudio estudava cada movimento meu, era nítido o quanto ele tinha sua guarda bem alta comigo, não o julgo, no lugar dele também teria. Esperto.
Nossas bebidas chegaram e Cláudio bebericou seu uísque.

- Pensei que fosse dos meus Uckermann, água?

- Quando o assunto é prioridade, prefiro não tomar nada além de água, manter o foco e alinhar pensamentos.

- Justo, tem começado agora nesse mundo não é? Faz sentido, mas indo direto ao ponto... O que você quer, porque quer e o que pretende que com isso? - Falou enquanto tomava sua bebida.

- Direto ao ponto, gosto disso. - Cláudio riu pelo nariz enquanto me analisava. - Como eu já disse para sua irmã, quero cortar meus vínculos com meu pai, ele pode ser preso e eu realmente não quero perder o pleito em 2 anos e teve algo que não contei a ela. - Respirei fundo e encarei Cláudio. - Quero ser o próximo prefeito depois de você, sei que se continuar apoiando meu pai e seus roubos, isso recairá em mim e eu perco todas e quaisquer chances na vida política, isso está fora de questão. - tomei um longo gole da minha água e fitei Cláudio que me encarava. - Meu apoio a você é vital para sua candidatura, sabe disso... E se nos apoiarmos, teremos um longo futuro de muitas vitórias, juntos.

- Gosto do seu pensamento, você vê longe, realmente um político, mas acha que vou confiar em você com tanta facilidade? - riu sem vontade. - Você tem o sangue de um Cassillas e foi criado por ele! - aumentou seu tom de voz. - Acha mesmo que não sei que seu pai está por trás disso?

- Sei que é difícil acreditar em mim, não o julgo, também não confiaria. - ri. - Mas estou aqui e Víctor não tem noção desta reunião e de minhas vontades futuras e sei que vou pagar por isso, você sabe realmente como ele age. - Cláudio assentiu. - Estou disposto a te provar que quero estar desse lado, que vou te ajudar e claro, você irá me ajudar, vamos fazer um contrato e você ditará as regras.

- Se eu aceitar, claro que ditarei as regras Uckermann! O que sua irmã pensa disso?

- Anahí ainda não sabe, mas seu noivo me apoia, acha que é o caminho certo para continuar no âmbito político, com certeza ela concordará, terá medo, isso com certeza. Perderá um pouco do luxo e sei que vai doer. - revirei os olhos. - Mas sair das calças de nosso pai nos fará bem.

- Concordo. Vou conversar com meus advogados e acertar alguns termos do contrato, você não terá direito de opinar, por razões óbvias. - Assenti. Era algo que eu realmente já estava esperando. O que eu não estava esperando nem nos meus maiores pesadelos veio a seguir. - Mas preciso de uma prova de confiança enquanto não temos nosso contrato. Você quer se tornar prefeito um dia certo?

- Exato.

- Para isso, você precisa mostrar estabilidade e uma vida pessoal impecável. - Assenti, mas eu não fazia ideia de onde Cláudio queria chegar. - O que passaria mais confiança em nossa aliança do que um relacionamento seu, com Dulce? Minha querida irmãzinha. - Cláudio me fitou enquanto eu travei, não tive reação.

Fiquei em silêncio por quase 1 minuto, eu acho, porque nos meus planos existiam tudo, menos ele me oferecer sua irmã. Eu não quero um relacionamento porque não sei lidar e pelo pouco que conheço de Dulce María, ela nunca teve um. Nunca a vi namorando, só com Alfonso, coisa que durou literalmente um encontro, ela iria surtar, sem dúvida nenhuma.

- Ok, mas acho que sua irmã não aceitaria isso jamais. - tentei parecer indiferente, mas com certeza falhei.

- Aí entra sua prova de confiança, Dulce não vai saber, você vai conquista-la e ela nunca poderá sonhar com esse acordo. Ela nunca teve um namorado, tirando aquele traste da adolescência, mas isso não vem ao caso. E sei que sua ex-namorada não quis aceitar sua nova vida mais afundo na política, Dulce não teria problemas com isso.

Ele estava realmente falando sério, eu teria de me meter de cabeça na vida dos Saviñon e isso era melhor do que o esperado.

- Bom, Dulce María é uma mulher realmente bonita, a junção dos sobrenomes von Uckermann e Saviñon é ideal para uma vitória, mas como disse, ela nunca namorou, como farei isso? - perguntei tranquilamente já sabendo sua resposta.

- Isso já se torna um problema seu Uckermann. - Assenti. - Isso também será uma cláusula do contrato, precisará terminar em casamento, laços eternos. Sei que você tinha uma vida agitada antes, que seu pai apagou, preciso fazer o mesmo com Dulce e você vai me ajudar, ela vai mudar sua rotina e principalmente, sua aparência, mas isso será conversa para outro dia. Vou apenas te ajudar a iniciar a conversa com ela, por ser arredia e fiel a mim, - sorriu presunçoso. - andar, falar ou conviver em público com você não é uma opção, então conversarei com ela. Vamos começar isso hoje, preciso que comecem a serem vistos juntos. Assim que saírem daqui, a missão é toda sua. E é claro, marcaremos ainda muitas reuniões para alinhar nossa aliança. – Assenti.

- Tudo bem, farei meu melhor para que isso aconteça, mas temo um porém e esse porém tem nome e sobrenome, caso ela não se apaixone por mim, como ficará isso? – O questionei com naturalidade, o medo de Dulce María não querer ficar comigo passou a existir, mas não só de forma contratual, como isso? Nem eu posso explicar.

- Essa possibilidade não existe Uckermann, esse problema é seu, você tem dois meses para conquistar Dulce, caso contrario, o contrato será desfeito. – O ar vitorioso de Cláudio tomou a sala.

- Tudo bem, estou dentro e topo todas as clausulas, vou te provar que quero estar desse lado e que quero tornar Uckermann maior que Cassillas. – Cláudio apenas assentiu.

Ele pegou seu celular e telefonou para Dulce, a chamou para vir para a sala de reuniões. Ele iria nos aproximar apenas para que ela pegue confiança em mim o suficiente para sermos vistos juntos.

Eu estava realmente nervoso. Flertei com ela de uma maneira natural para mim, tendo certeza que aquilo não levaria a nada, mas agora... Agora existia a pressão de que precisaria conquista-la e fazer acreditar numa paixão que não está nem próxima de existir e o que me resta é pensar na melhor forma de fazê-la acreditar em mim.



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N/A: Esse é o ultimo de hoje. 

Tentei escrever na visão dele, espero que estejam gostando, comentem e logo volto!

Nada ConvencionalOnde histórias criam vida. Descubra agora