Capítulo 2

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Dulce María

Sorri para o celular e logo voltei toda a minha atenção para aqueles olhos castanhos que me encaravam com muita seriedade.

- Pronto, Maite está avisada, inclusive já está pedindo uma saideira luxuosa, na sua conta. - Sorri com um ar de vitória. - Sobre o que quer conversar, Christopher Alexander Luís Cassillas von Uckermann? - disse com um bocejo, pelo tamanho de seu nome.
- Bom Doutora, como sabe, sou deputado estadual, já que me cerca com um certo exagero. - ele disse sorrindo enquanto eu revirava meus olhos. - Mas como também sou advogado entendo plenamente, seu trabalho. - disse enquanto tomava um longo gole da sua cerveja.

Acendi meu cigarro e tomei um gole do meu copo enquanto fitava Christopher.

- Quero mudar o rumo da minha vida e acho que vou precisar da sua ajuda. - disse enquanto tirava um maço de cigarro do bolso.

- Então o menininho do papai passou a fumar depois da vida política? Achei que não era bom pra sua imagem. - disse dando um trago longo no cigarro enquanto ele acendia o dele e me encarava friamente. - Mas sobre mudar o rumo da sua vida, em qual sentido seria? Não é perfeita a vida do deputado estadual mais bem votado da região? - disse ironicamente.

- Não é bem visto, mas as pessoas não precisam saber, Dulce María. - falou entre um trago e outro. - Meu pai está sofrendo uma porrada de processos doutora, sei que você sabe, até porque protocolou alguns, não é mesmo? Quero desvincular a minha imagem totalmente com a de Victor, quero marcar uma reunião com seu irmão e sei que você manterá sigilo da imprensa e me ajudará com isso, até porque, todo apoio é valido e o meu será vital para o Cláudio, o filho do ex prefeito e o candidato à prefeitura da cidade é uma aliança que chama atenção. - disse dando um trago e tomando sua cerveja me fitando da maneira mais seria que eu já o vi.

- Realmente doutor, seria algo de suma importância para nós, mas não é fácil confiar em um Cassillas. - disse apagando meu cigarro e terminando minha cerveja.

- Não é à toa que uso Uckermann como nome comercial, desvincular seria absurdamente mais fácil.

Christopher apagou seu cigarro e me encarou.

- Aceita algo a mais para beber Saviñon? Rum? Tequila? Cerveja? Vodka?

- Bom Uckermann, na realidade eu aceito uma água gelada.

Christopher pegou o telefone e pediu água para mim enquanto ele se direcionou à um barzinho que tinha na sala e se serviu de algo que se assemelhava a uísque.

- Fiquei feliz de encontrá-la hoje, para ser sincero, não esperava te ver por aqui.- sorriu de uma maneira que eu não consegui identificar.
- Não é o tipo de lugar que eu costumo frequentar mas deu vontade de vir tomar a saideira aqui.
- Costumava frequentar. - Assenti respirando fundo. - Bom Dulce María, eu realmente preciso que marque essa reunião com seu irmão o mais rápido possível, na realidade gostaria disso para amanhã mesmo, no primeiro horário.

Puxei meu celular e olhei para o relógio, comecei a rir.

- São 2h40 da manhã, acredita mesmo que eu vou mandar mensagem ou ligar para o meu irmão só por sua causa? Coitado! Posso conversar com ele amanhã e marcar algo para segunda feira no primeiro horário, sei que ele desmarcaria qualquer compromisso para poder falar com você.

Uma campainha tocou e ele sorriu, foi em direção a porta e pegou um copo com gelo e duas garrafas de água, serviu no copo e me entregou.

- Dulce María, acho que não entendeu que preciso dessa reunião urgente, compreendo que o horário não é acessível para seu irmão, já que ele tem três filhas pequenas, mas preciso que marque para amanhã, no máximo para domingo, quero que essa reunião seja particular.

- Você realmente quer desvincular seu nome de Victor mesmo, Uckermann. Porque tanta pressa? Ainda estamos em janeiro.

Christopher colocava outra dose em seu copo enquanto eu me deliciava com a água, tomava como se fosse a coisa mais importante do mundo, minha cabeça já conseguia raciocinar sem pensar em como ele era bonito e estava absurdamente sexy preparando seu uísque. Decidi ir ao banheiro para fugir dos meus pensamentos, antes que eles pudessem me trair... mais.

- Já que não vai me responder doutor, me diga onde é o banheiro. Christopher riu pelo nariz.

- Por ali Dulce María, fique à vontade. - disse com um sorriso falso.

Assim que entrei no banheiro, fiz todo o necessário, quando estava lavando minhas mãos me olhei no espelho e quase não havia mais batom, retoquei e joguei um pouco de água na nuca, a parte alta da bebedeira parecia estar se acalmando, mas minha cabeça fervia.

Christopher queria uma reunião de trégua com meu irmão, para isso, estava conversando comigo no escritório de um bar, que poderia ser dele, eu já estava começando a pensar em como as coisas poderiam estar acontecendo caso não fossemos criados com famílias rivais, será que nos conheceríamos? Será que estaríamos nos beijando? Será que estaríamos transando?

Respirei fundo e me encarei uma última vez no espelho, ajeitei meu cabelo e sai do banheiro.

- Pensei que logo eu teria de arrombar a porta Saviñon, demorou... as cervejas e o rum já estão surtindo efeito? - disse em um tom sério, porém debochado.

- Há há há, engraçado demais Uckermann. - Peguei meu copo de água. - Você ainda não me respondeu Christopher, porque tanta pressa com isso? Acha que seu paizinho vai ser condenado?

- Não Dulce María, só na realidade não quero arriscar. - Respirou fundo e logo deu um longo gole em seu uísque.

- Christopher, vamos fazer assim, são o que? 3h15 da manhã? - ele assentiu com um pouco de dúvida. -Vamos terminar essa água e esse uísque, vai pra sua casa, toma um banho e alinha seus pensamentos, eu farei o mesmo. Podemos nos encontrar umas 15h para tomar um café em algum lugar escondido e você me diz se tem certeza se é isso que quer, caso realmente seja, ligo para o Cláudio na hora e vamos nos encontrar com ele para vocês conversarem, pode ser? - disse enquanto colocava mais água em meu copo, eu realmente estava em uma meta de me manter o mais sóbria possível, uma das garrafas já tinha ido embora.

Christopher colocou uma dose dupla em seu copo.

- Tudo bem Dulce María, não vou mudar de ideia, mas vamos fazer isso, terminamos aqui e eu te levo para casa. - Me esticou sua mão entregando seu celular. - Coloque seu número, amanhã vou precisar te encontrar de algum jeito. - Peguei o celular e assenti.

Enquanto colocava meu número, virei meu copo, devolvi seu celular com um sorriso irônico no rosto, salvei meu contato como "Advogada Gata".

- Não precisa me levar Christopher, vou de uber, não ando de carro com quem extrapolou na dose. - Fui em direção a porta. - Vamos?

Christopher olha para o celular e ri.

- Você tem razão "Advogada Gata", não devo dirigir, vamos dividir o uber?

- Não vai rolar deputado, nos vemos mais tarde! - sorri e pisquei para Christopher, mas porque diabos eu estava flertando com ele?

- Não quero deixa-la sozinha no carro de um desconhecido, por favor Dulce María. - Uckermann falou em um tom sério.

- Eu sei me cuidar Christopher, fique em paz. Se cuide e até mais tarde.

Saí sem nem prestar atenção se ele me seguia, enquanto me dirigia a saída chamei meu uber, assim que fechei a porta do carro, recebi uma mensagem.

Número Desconhecido: Me avise quando chegar em casa advogada gostosa.

Número Desconhecido: Desculpe, gata.

Advogada Gata: Ok deputado sem noção, me avise também.

Advogado Bonitão: Com certeza, se cuida e se precisar, não hesite... me ligue.






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N/A: Amando os comentários!!

Mais tarde volto com mais. 

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