Capítulo 20

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Christopher von Uckermann

A semana passou sem muitas emoções, precisei ir à Brasília logo na terça, mas sexta de manhã já estava de volta. Víctor não entrou em contato e nem Dulce María.

Esse era o problema, ela não deu sinal de vida e nem respondeu a mensagem que enviei ontem a convidando para jantar hoje. Eu não deixei de pensar nela nem um único minuto desde que saí do seu escritório na segunda-feira. 

Aquele beijo. 

Já são 16h da sexta. Eu já não sabia mais o que fazer, eu precisava vê-la, eu precisava dela. E o por quê? Nem eu sei. 

Eu estava em casa, andando de um lado para o outro, quase criando um buraco no chão, já tinha fumado uma quantidade indecente de cigarros e eu continuava sem saber o que fazer. Tinha um único ponto positivo no sumiço dela. Ela estava fugindo de mim. E o ponto negativo? Ela estava fugindo de mim.

O motivo do meu desespero? Nem eu posso responder. No começo, a ideia de entrar no jogo de Cláudio, conquistar Dulce María, entrar em sua família e conseguir o que eu quero e preciso, era só mais um jogo político ao meu favor, mas eu realmente não sei onde eu me perdi. 

Na verdade, talvez eu saiba. O beijo de segunda-feira. Ela correspondeu. Ela queria tanto quanto eu. Eu queria tanto quanto ela. E o brinde foi ela não sair da minha cabeça nem um segundo sequer. Dormir, trabalhar ou até mesmo beber se tornou impossível nesses últimos dias.

Em um ímpeto de coragem eu peguei telefone e liguei para Dulce María. No terceiro toque ela atendeu e minha coragem se esvaiu com aquela voz.

- Oi, Uckermann. - Ela disse em um tom totalmente indiferente e eu busquei a coragem de volta para responder.

- Olá, Dulce María. Como está? -Tentei puxar assunto.

- Estava bem até você ligar, o que você quer? - Agora era raiva, eu tenho certeza.

- Estou bem Dulce, obrigada por perguntar, ruivinha. - Ri de nervoso. - Como você não respondeu minha mensagem, decidi ligar, gostaria de jantar com você.

- Para quê? - Disse confusa.

- Você sabe que precisamos ser vistos juntos e como voltei de Brasília hoje, achei que poderíamos jantar. - Eu espero que ela acredite nisso, porque eu mesmo não estava acreditando.

- Sei, entendo. - Ela fez uma pausa e respirou fundo. - Jantar em um lugar publico, Uckermann? - Soou mais como uma afirmação.

- Claro que sim. Você quem escolhe. - Ela precisava estar no comando.

- Ótimo, me busque as 19h. Não use social, não é porque vamos ser vistos juntos que você vai andar como um mauricinho e o lugar também não é para isso. - Disse em tom de ordem e eu revirei meus olhos. Eu não sou um mauricinho.

- Sim, senhora capitã. Esteja pronta as 19h com um look casual. - Disse debochando e eu a ouvi bufar do outro lado da linha. - Um beijo, Dulce, estou com saudades.

Desliguei antes de ter uma resposta. Eu tinha um pouco menos de 3h para me arrumar, o que me assustou o suficiente. Fui tomar um banho com muita calma, coloquei uma samba-canção de praxe e fui para uma guerra. 

Roupa casual.

Isso nunca foi um problema, sempre me vesti muito bem, a questão ali era que foi um pedido. Um pedido dela. Abri meu guarda roupa e fiquei encarando todas as minhas roupas. Respirei fundo e tirei uma calça jeans escura.

- Ok, temos uma peça. - disse para mim mesmo.

Olhei para as minhas camisas, todas formais demais. 

- Fodeu. - disse sentando na cama e logo me joguei deitado de braços abertos. - Eu não tenho roupa. Que legal!

Fiquei deitado um bom tempo, até que eu tive um estalo. Tinha um lado do meu guarda roupa que era considerado proibido pelo meu pai. Ali ficavam as minhas roupas da época que eu podia sair de casa em paz.

Abri a parte proibida e posso dizer que meus olhos brilharam. Eu amava cada uma daquelas camisas altamente coloridas e estampadas, eu estava com tanta saudade que fiquei admirando por poucos minutos e escolhi uma das minhas favoritas. Ela era preta, com algumas flores em amarelo, laranja e vermelho. Aquilo ia chocar a Dulce María e todos que me vissem na rua. Talvez fosse bom o povo me vendo como eu sou de verdade. Para completar, peguei uma das botas que eu sempre usava. É isso, eu já tinha uma roupa.

***

18h50 e eu estava parado na porta do prédio dela, desci do carro e encostei na porta do passageiro para esperá-la, não sabia se deveria ou não avisar que cheguei, mas acabou nem precisando. 

Dulce apareceu no corredor e eu quase cai duro no chão, quase mesmo. Ela usava um vestido floral que ia até metade de suas belíssimas coxas e um all star branco, mas o que mais chamou atenção foi seu cabelo. Estava solto em leves ondas, mas tinha algo muito diferente nele, estava na cor que posso considerar natural com algumas luzes loiras, aquele novo cabelo dela combinava absurdamente com ela. Sua maquiagem era leve, mas muito bem feita.

Quando ela saiu do prédio, me olhou com uma cara de assustada e eu sorri. Desencostei do carro e dei uma voltinha como se estivesse mostrando minha roupa para ela e ela sorriu, mas seu sorriso não chegou aos olhos, tinha algo de errado.

- Saviñon, você está maravilhosa. - Ela sorriu forçado. - Seu cabelo combinou com você, mas não posso negar que vou sentir falta do vermelhão.

- Obrigada, Uckermann. Mudanças são sempre bem-vindas, não é mesmo? - disse apontando para mim.

- Sempre! Vamos? - Ela assentiu e eu abri a porta do carro.

Estava dando a volta no carro e olhei de relance para seu prédio e seu porteiro tinha aberto a janela da guarita e estava debruçado com um olhar extremamente curioso, dei um aceno de leve com a cabeça e ele entrou e fechou a janela com muita agilidade.

- Viramos uma novela para seu porteiro. - Dei uma risada de leve.

- Pelo jeito sim. - Riu de uma maneira forçada. Ela não estava bem.

- Para onde vamos? - Lá conversaríamos e a faria falar.

- Segue para o centro da cidade, não vou falar onde é, vai descobrir quando chegarmos. - Deu um sorriso um pouco mais sincero.

- Sim senhora, está no comando.

Liguei o carro e fomos para seja lá onde ela queria me levar.


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N/A: Cheguei!

Temos alguém que está rendidinho, não é?

O que aconteceu com a nossa Dulcinha?

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beijinhos :*

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